Escrito por: Rosely Rocha
As 24 horas de greve dos trabalhadores da Sabesp, Metrô e Trens, com apoio dos professores, foi vitoriosa, segundo sindicalistas, por ter aberto o debate para a população sobre as privatizações
A greve unificada de 24 horas dos trabalhadores e das trabalhadoras do Metrô, Trens Metropolitanos (CPTM) e da Sabesp nessa terça-feira (28), foi vitoriosa tanto pela adesão quanto pela abertura do debate junto à população sobre as nefastas privatizações que o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), quer realizar.
Embora haja muita luta pela frente diante da intransigência do governador e das ações na Justiça contrárias ao direito de greve, a conscientização da população e dos próprios trabalhadores das empresas públicas sobre como as privatizações prejudicam a vida de todos pode ser considerada uma vitória, segundo os sindicalistas.
Marcos Freire, - ex-diretor do sindicato dos Metroviários de São Paulo, e que hoje faz parte do Grupo Integração, oposição metroviária CUTista, diz que a greve foi um canal de denúncia dos desmandos do governo paulista, abrindo inclusive a “caixa preta” do dinheiro arrecadado com o Bilhete Único, em favor das empresas privadas.
O sindicalista se refere a reportagem do Portal UOL, que denunciou que as linhas privadas ganham 400% a mais, mas transportam menos que Metrô e CPTM. Somente as empresas privadas ViaMobilidade, (empresa do grupo CCR, operadora das linhas de trem 8-Diamante e 9-Esmeralda e a linha do metrô 5) e a ViaQuatro (operadora da linha 4 – Amarela) receberam juntas R$ 2 bilhões de repasses em 2022. Isso para transportar cerca de 500 milhões de passageiros.
Já Metrô e CPTM carregaram mais que o dobro (1,23 bilhão de passageiros transportados), mas ficaram só com R$ 460 milhões no mesmo período.
“É um processo de sucateamento deliberado para induzir a população a acreditar que privatizar é melhor. Já terceirizaram as bilheterias do metrô e agora querem terceirizar os que ficam nas catracas ajudando os passageiros”, conta Marcos.
Sobre a adesão dos metroviários, o dirigente diz que foi de 90% e, somente nas linhas privadas não houve paralisação.
“O metrô ainda funcionou porque a direção tem um plano de contingenciamento em que chefes e até pessoal administrativo são chamados para operar os trens. Para isso eles paralisam o monotrilho para que esses trabalhadores venham operar as outras linhas”, diz.
Em comunicado, o sindicato da Central do Brasil afirmou que os trabalhadores das linhas 11, 12 e 13 da CPTM decidiram, por ampla maioria, retornar à unificação com os trabalhadores das linhas 7 e 10, com os trabalhadores do Metrô e da Sabesp. O que, segundo o sindicato, significou uma unidade que era reivindicada há muitos anos por toda a categoria metro-ferroviária, possibilitando ampliar o debate sobre as privatizações do transporte e da água.
“Deixamos claro para o governador [Tarcísio de Freitas] que o avanço da senha privatista será combatido pelos ferroviários, exigindo um debate amplo com a população, que também demonstrou total apoio às nossas greves e aos motivos das nossas lutas”.
“Realizamos um movimento histórico que mostrou à sociedade, à opinião pública e aos governantes a importância de se manter uma CTPM, como sempre foi. Nossa batalha ainda não terminou. Ao contrário, ela entra em nova fase, com maior repercussão, mais diálogo com a população e com um novo canal aberto, pois desde o início desta luta vimos buscando conversar com o governo. Precisamos seguir construindo a unidade e o diálogo com a população, diz trecho do comunicado.
Para José Faggian, presidente do Sintaema, entidade que representa os trabalhadores dos setores de saneamento e meio ambiente, tanto público quanto privado: Sabesp, Cetesb, Fundação Florestal e empresas privadas, a privatização da Sabesp é um crime” contra a população.
No site da entidade, Faggian explicou que: “a terceira maior empresa de saneamento do mundo é lucrativa, presta um serviço de excelência e é eficiente. A Sabesp pratica tarifas justas e tem um papel social e com impacto no desenvolvimento de inúmeros municípios onde opera”.
Na opinião do dirigente, o governador Tarcísio de Freitas tenta implementar um modelo de estado mínimo em São Paulo. “Vivemos uma luta contra um projeto de estado mínimo que retira direitos básicos do povo, que pretende privatizar os transportes coletivos e acabar com a educação pública retirando recursos e privatizando escolas”.
Para Faggian, o pacote de maldades enviado por Tarcísio à Alesp é emblemático e representa esse projeto de estado mínimo. “O primeiro tira 10 bilhões da educação, o segundo propõe uma reforma administrativa que acaba com a carreira dos trabalhadores do estado e o terceiro privatiza a terceira maior empresa de saneamento do mundo”.
Roberto ParizottiDe acordo com o sindicato, as categorias, que deflagraram a greve receberam o apoio dos deputados da oposição, que apresentaram emenda para impedir que Tarcísio acelere a votação do PL 1.501, que autoriza a privatização da Sabesp. O projeto voltou para as comissões.
Segundo o presidente do Sintaema “o povo não quer a privatização da Sabesp. O resultado do plebiscito popular, em que 99% são contra as privatizações, confirmou pesquisa do primeiro semestre quando 53% dos paulistas rechaçaram a privatização da Sabesp”.
Manifestação dos professores
O corte de verbas da Educação de 30% para 25%, que representa R$ 10 bilhões a menos levou os professores do estado a aderir ao movimento de greve. Eles participaram do ato que ocorreu na terça-feira, em frente a Assembleia Legislativa do Estado.
Com informações do Sintaema