Greve Geral dos Policiais Civis
Publicado: 12 Julho, 2007 - 12h44
Escrito por: Movimento recebe apoio de cutistas
A Polícia Civil iniciou greve de 24 horas nesta quinta-feira (12), a partir das 08h00. Descontentes com o aumento anunciado pelo governo do estado de São Paulo na semana passada, considerado pelas lideranças do movimento como “migalhas”, os policiais reivindicam aumento de 48% do salário-padrão, mudanças na licença-prêmio, incorporação das gratificações ao salário e aposentadoria especial.
As lideranças classistas se reuniram na sede do SIPESP - Sindicato dos Investigadores de Polícia do Estado de São Paulo, na quarta-feira (11) às 16h00 para ultimarem os preparativos que prevêem paralisações em Delegacias, Departamentos da Polícia Civil e Batalhões e Companhias da Polícia Militar.
Para o presidente do SIPESP, João Batista Rebouças, que lidera a comissão de greve, o movimento se fortaleceu após a adesão de um número significativo de delegados de polícia, especialmente do Interior. Além disso, reforça Rebouças, na reunião do dia 11, o movimento passou a contar com o importante apoio do Sindicato dos Trabalhadores em Entidades de Assistência e Educação à Criança, ao Adolescente e à Família do Estado de São Paulo – SITRAEMFA, sindicato filiado à CUT – Central Unica dos Trabalhadores, que congrega funcionários que cuidam de menores carentes e infratores da Febem. Para o presidente do SIPESP, o SITRAEMFA é um importante aliado para a luta dos policiais, considerando que seus servidores também sofrem os mesmos reveses por parte do Governo.
Segundo as lideranças do SIPESP - e do SINDPESP – Sindicato dos Delegados de Polícia do Estado de São Paulo, a greve se faz necessária como último recurso, em razão da permanente indiferença e descaso do Governo do Estado ao longo dos últimos anos com a questão salarial da Polícia Civil de São Paulo, onde algumas carreiras recebem os piores salários do Brasil em relação aos demais estados da Federação. Os delegados de polícia do Estado de São Paulo, por exemplo, ocupam o 27º na colocação.
Os sindicalistas afirmam que o aumento concedido pelo governador José Serra foi dado nas gratificações, o que faz com que o salário padrão continue sem reajuste. “Quando nos aposentamos, perdemos as gratificações”, disse José Leal, presidente do Sindicato dos Delegados.
A categoria informou que durante a paralisação manterá30% dos policiais em serviço. Declara também que prisões em flagrante e atendimento a casos de homicídio serão mantidos.
Leia abaixo nota pública emitida pelo SIPESP:
AVISO A POPULACO DE SAO PAULO
A REPRESENTACO COLETIVA DA POLÍCIA PAULISTA, coletividade que reúne praticamente todas as entidades de classe da Polícia Civil de São Paulo, sente-se no dever de vir a público informar à valorosa população de São Paulo o que segue:
1 - A Polícia Civil estará em greve no período de 24 hs., entre as 08:00 hs do dia 12 de julho e as 08:00 hs. do dia 13 de julho;
2 - Conforme determina a legislação brasileira, 30 % (trinta por cento) das atividades serão mantidas em funcionamento normal, visando minimizar o prejuízo à população; às pessoas que eventualmente se dirigirem às Delegacias de Polícia e não puderem ser atendidas, pedimos que retornem após o período de paralisação;
3 - A paralisação dos trabalhos na forma citada se faz necessária, como último recurso, em razão da permanente indiferença e descaso do Governo do Estado, ao longo dos últimos anos, com a questão salarial da Polícia Civil de São Paulo, onde ALGUMAS CARREIRAS RECEBEM O PIOR SALÁRIO DENTRE TODOS OS ESTADOS BRASILEIROS;
4 - Apenas para se ter uma idéia da gravidade da situação, cite-se o exemplo de que um Delegado de Polícia em São Paulo, em início de carreira, ganha menos do que um policial rodoviário federal na mesma condição, e quase o mesmo que um soldado da Polícia Militar do Distrito Federal; um agente da Polícia Federal recebe cerca de quatro vezes mais do que o cargo equivalente na Polícia Civil de São Paulo (investigador de Polícia);
5 - Essa decisão extrema, que não é do agrado dos policiais paulistas, teve que ser adotada porque todos sabemos que com uma situação salarial caótica como esta a população contará com uma atuação policial de qualidade inferior àquela a que faria jus;
6 - Desejamos preservar a Instituição para que ela possa ser forte e prestar os serviços de alta qualidade que a população de São Paulo merece.
7 - Contamos com a compreensão do povo de São Paulo, em especial com a ampla divulgação destes fatos a todos seus amigos e familiares. Esta é uma causa de todo o povo de São Paulo.
Fonte: Comando de Greve da Representação Coletiva da Polícia Paulista