Escrito por: Érica Aragão

Greve Geral ficará para história, mas reformas ainda ameaçam

CUT mantém mobilização, prevê outra Greve Geral mais forte e uma grande marcha à Brasília

Roberto Parizotti
Manifestação no Largo de Pinheiros durante a Greve Geral de 28/04

Depois de 100 anos da primeira Greve Geral no Brasil que determinou conquistas fundamentais para a classe trabalhadora, como a jornada de 8 horas e a proibição do trabalho infantil, a Greve Geral de abril de 2017, que aconteceu na última sexta (28), apesar de ter sido considerada histórica pelos dirigentes CUT nacional, não foi suficiente para barrar as Reformas Trabalhista e Previdenciária que tramitam no Congresso Nacional.

Segundo o DIAP (Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar) a Reforma da Previdência pode ser votada em primeiro turno em 16 de maio na Câmara e a Reforma Trabalhista, que já foi aprovada pelos deputados e agora tramita no Senado Federal pode ser votada até o final de maio. O DIAP alerta que para ambas as reformas o governo pode utilizar instrumentos para acelerar a votação, como o regime de urgência no caso da Trabalhista e de Previdência quebrar o prazo regimental de votação.

A direção executiva da CUT, que esteve reunida na sede da entidade em São Paulo nesta quarta (3), fez uma análise de balanço da Greve Geral e das manifestações no 1º de Maio e debateram os próximos passos para impedir esse governo ilegítimo de Michel Temer, seus aliados e a mídia de continuar governando contra a classe trabalhadora. Uma nova Greve Geral e a realização de uma grande manifestação em Brasília estão no radar dos sindicalistas CUTistas.

A pauta da CUT, das centrais sindicais, dos movimentos sociais e populares que pararam o Brasil no dia 28 de abril foi clara: a favor da aposentadoria, da Consolidação das Leis Trabalhos (CLT) e consequentemente contra a Reforma da Previdência, que acaba com o direito a aposentadoria, e contra a Reforma Trabalhista, que acabam com a carteira do trabalho.

“Não foi uma greve sindical, foi uma greve da classe trabalhadora. Os ônibus não saíram das rodoviárias em vários municípios desse país, mas os trabalhadores e as trabalhadoras não estavam lá nos terminais esperando o ônibus. Ficaram em casa! Ruas, rodovias, estações estavam vazias”, disse a vice-presidenta da CUT, Carmen Foro.

Segundo a Secretária de Políticas Sociais e Direitos Humanos, Jandyra Uehara, a repercussão da mídia tradicional brasileira foi pífia. “A cobertura internacional foi ótima. Um grande jornal Frances deu na manchete principal “o grande salto para trás no Brasil” se referindo ao governo ilegítimo de Michel Temer”, completou Jandyra.

Foi debatida também a questão do aumento da repressão nas manifestações das trabalhadoras e dos trabalhadores que lutam por seus direitos. O Secretário Adjunto de Meio Ambiente da CUT, Milton Rezende frisou que a violência é uma opção de enfrentamento da policia e não da classe trabalhadora. “A tentativa de assassinato que aconteceu em Goiânia com o caso do jovem Matheus não é uma luta que nós vamos fazer. Nós escolhemos lutar com o povo. Escolhemos parar o Brasil, fazer a Greve Geral  e mostrar nossa força nas ruas”, completou.

Outras repressões foram citadas, como o caso do ataque policial aos indígenas e a violência no campo, que tem aumentado no último período.

Dirigentes também lembraram que os deputados que votaram ou vão votar contra a classe trabalhadora terão seus rostos e nomes estampados nas ruas e nas redes para não se elegerem na próxima eleição.

O diretor executivo Júlio Turra comentou sobre a pesquisa Datafolha que diz que 78% dos brasileiros são contrários à Reforma da Previdência, 58% acham que terão menos direitos com a Reforma Trabalhista e 85% defendem Diretas Já, portanto Fora Temer. “Nós ganhamos o debate da opinião pública e agora é manter a mobilização e não aceitar nenhum acordo com essas propostas. Nossa luta é e sempre será por nenhum direito a menos”, completou.