Escrito por: Redação CUT
A paralisação é contra a política neoliberal de Macri que recorreu ao FMI e adotou políticas de ajustes que contribuíram para aumentar o desemprego e a inflação. Vai parar tudo, metrô, voos e ônibus
A Frente Sindical para o Modelo Nacional, a Corrente Federal, as várias correntes do CTA e cerca de 80 regionais da CGT, além dos grupos do chamado sindicalismo combativo, lideram a greve que paralisa a Argentina nesta terça-feira (30) em protesto contra a política econômica neoliberal adotada pelo governo de Mauricio Macri.
Esta é a terceira greve geral em dois anos da gestão de Macri e ocorre cinco dias após o primeiro desembolso dos US$ 50 bilhões que o Fundo Monetário Internacional (FMI) colocou à disposição do governo argentino em troca de arrochos salariais e previdenciários. Com os ajustes exigidos, quem paga a conta é a população que sofre com o desemprego (a taxa de desocupação foi de mais de 9% em março) e a inflação alta (em março o índice acumulou 54,7% em 12 meses). Alguns não têm dinheiro nem para pagar o transporte público.
"A greve será a mais importante nos últimos anos, as pessoas estão esgotadas", disse o motorista do caminhão líder Pablo Moyano, em resposta às tentativas do governo para enfraquecer a paralisação e mobilização que estão sendo realizadas nesta terça-feira (30) na Plaza de Mayo, na Argentina.
O governo de Mauricio Macri está tentando pressionar, com apoio das câmeras de reconciliações empresarias, diversos setores, particularmente nos transportes, com ameaças de multas pesadas aos sindicatos que aderirem à greve. Mas os líderes sindicais avançaram na noite desta segunda-feira (29) e rejeitaram a proposta que consideraram "inapropriada".
A greve e a mobilização desta terça terão um grande impacto em inúmeras atividades, apesar das ameaças do governo e dos acordos com os setores empresariais.
Sem vôos, metrôs ou coleta de lixo, a Argentina está paralisada. Os professores dos três níveis de ensino - primário, secundário e universitário - aderiram à greve, tanto no setor público quanto no privado. Os funcionários dos bancos vão paralisar a atividade, embora os bancos privados tenham prometido ao governo "garantir" o atendimento. Os diferentes ramos de caminhoneiros, uma das categorias que impulsionam a greve contra a política econômica do governo, não vão coletar lixo nem fornecer transporte de carga de combustível, água, correio, água e refrigerantes, entre outros itens.
Os sindicatos de transporte agrupados no CATT não aderiram à paralisação, mas convocaram greve para esta quarta-feira, 1º de maio, Dia Internacional dos Trabalhadores.
Pressões
O governo acelerou as negociações salariais pendentes em áreas essenciais como transporte, funcionalismo e comunicações, a fim de reduzir o impacto da greve.
Reivindicações
Os diferentes sindicatos têm pauta comum: reajuste de salários para combater a elevação do custo de vida e garantias para evitar demissões.
Por sua vez, o governo anunciou que vai reduzir o tamanho do Estado e o programa de obras públicas – que esperava usar para reativar a economia e gerar empregos. O ministro da Fazenda, Nicolas Dujovne, disse que o crescimento econômico será menor e a inflação será maior do que o esperado. Segundo ele, o acordo com o FMI impediu o agravamento da crise.
Desde dezembro, o peso argentino perdeu metade de seu valor. Segundo o presidente do Banco Central argentino, Luis Caputo, a desvalorização terá um custo no curto prazo. “Foi o melhor que pode ter acontecido”, resumiu Caputo, informando que a medida obrigou a Argentina a buscar o apoio do FMI e estabilizar a economia.
A mobilização
A mobilização central desta terça-feira (30) será a marcha em direção à Plaza de Mayo, embora também estejam marcadas marchas em diferentes cidades do país. A maioria dos sindicatos que aderiram à paralisação vai se concentrar em diferentes partes da capital a partir de meio-dia para começar a marcha às 13h.
Com apoio do Página 12