Greve geral reforça o coro contra as reformas
Manifestações ocorreram em várias cidades de Minas Gerais. Capital reuniu mais de 50 mil.
Publicado: 03 Julho, 2017 - 18h32 | Última modificação: 04 Julho, 2017 - 11h04
Escrito por: Sind-UTE/MG
A greve geral, que levou para as ruas de Belo Horizonte, neste dia 30 de junho, reuniu mais de 50 mil pessoas, segundo avaliações da organização do evento. A greve convocada pela Central Única dos Trabalhadores (CUT/MG) juntamente com as outras centrais sindicais e com apoio dos movimentos sociais, populares e estudantis reforçou o "Fora Temer" e "Diretas Já".
A mobilização contou com apoio de representantes do Movimento Nacional dos Catadores, que participam de atividade em Belo Horizonte, e dos trabalhadores sem-terra do Pará, vítimas de chacina cometida pela Polícia Militar em maio, em Pau D’Arco. A mobilização contra as reformas da Previdência e trabalhista, a terceirização, as pautas golpistas e por “Fora, Temer” e “Diretas, já” teve trancaços nas rodovias do Estado, manifestações e atos na capital e em 34 cidades do interior.
Apesar da estrutura montada no local para a festa junina Arraiá de Belô, a concentração em Belo Horizonte começou na Praça da Estação, na Região Central, com as entidades CUTistas, seguida de marcha até a Praça Sete, onde as demais centrais realizavam manifestações. Após ato conjunto, trabalhadoras e trabalhadores de todos os setores seguiram para a Assembleia Legislativa (ALMG), onde foi realizada uma Audiência Pública para denunciar os ataques da reforma trabalhista. No percurso até a ALMG, os manifestantes dialogaram com a população sobre os efeitos das reformas, especialmente, a trabalhista, que deve ir ao plenário do Senado na próxima semana, depois de passar pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ).
“Nosso balanço é, novamente, positivo. Estão aqui aqueles que estiveram na luta no dia 28 de abril. Trabalhadoras e trabalhadores dos bancos estatais e privados, dos Correios, da Petrobras, do Metrô, da agricultura familiar, assalariados e assalariadas rurais, metalúrgicos, servidores públicos municipais, servidores estaduais da saúde, da educação, da Cemig, da Copasa, da Justiça, servidores públicos federais, técnico administrativos da UFMG, do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia (IFMG), Centro Federal de Ensino Tecnológico (Cefet-MG) e da Universidade Federal dos Vales de Jequitinhonha e Mucuri (IFVJM). A diferença é que hoje não ficaremos encharcados, como no dia 28 de abril, quando enfrentamos chuva o dia inteiro e, mesmo assim, fizemos valer a nossa força”, declarou a presidenta da CUT/MG, Beatriz Cerqueira.
“Hoje é dia de Greve Geral, é dia de não trabalhar. O que importa para nós é o número de trabalhadoras e trabalhadores que paralisaram as atividades e não quantos vêm ao ato. Os metroviários pararam totalmente e, mais outra vez, a Justiça foi rápida em multar o Sindimetro em mais R$ 250 mil. Não adianta multar. A multa não vai arrefecer a nossa luta. Nós faremos quantas greves gerais forem necessárias para barrar estas reformas e não sairemos das ruas enquanto não forem convocadas eleições diretas”, continuou a presidenta da CUT/MG.
Durante a concentração na Praça da Estação e no ato na Praça Sete, foi lançada uma campanha contra os senadores por Minas Gerais. “Nossa campanha é de questionamento dos senadores. Se eles votarem a favor da reforma trabalhista serão os assassinos da classe trabalhadora e da população brasileira”, disse Cerqueira.
“Não podemos sair das ruas. As reformas, que na verdade são desmanche da Previdência e o fim dos direitos trabalhistas, não serão os únicos ataques que sofreremos. O João Dória, prefeito de São Paulo, falou em entrevista a um jornal, que não é preciso existir a Caixa e o Banco do Brasil. Basta ter um só. Privatização : este é o recado que eles estão dando. De repente, para eles, o preé-sal não vale nada mesmo. Passamos os dias dialogando com os bancários para que entendam o que a reforma significa. Não vai ter mais concurso, a CLT vai ser rasgada, que nossa alternativa é lutar contra os golpistas”, disse Eliana Brasil, presidenta do Sindicato dos Bancários de Belo Horizonte e Região.
Robson Gomes da Silva, presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Empresas de Correios, Telégrafos e Similares de Minas Gerais (Sintect-MG), elogiou a adesão de sua categoria e também fez críticas à privatização que vem sendo imposta à empresa. “Temos que defender os Correios, assim como lutamos contra as reformas da Previdência e trabalhista. A categoria entendeu a importância da união de todos nestas lutas. A nossa força está na unidade. O movimento se ampliar ainda mais a cada ataque à classe trabalhadora.”
Jairo Nogueira Filho, secretário-geral da CUT/MG, elogiou a adesão à Greve Geral das trabalhadoras e dos trabalhadores da rádio Inconfidência. “Hoje, quem sintonizar a emissora vai escutar apenas música. Eles aderiram porque compreenderam a importância de participar desta luta, que é de classe, é de todos.”
Truculência da PM em Uberlândia
A presidenta da CUT/MG denunciou mais um ato de truculência da Polícia Militar de Minas Gerais contra o movimento sindical. “Hoje, o presidente da CUT do Triângulo Mineiro, Luiz Sérgio dos Santos, o Luizão, foi preso durante uma manifestação contra a presença, em Uberlândia, do ministro da Saúde golpista, Ricardo Barros. Um ovo atingiu o deputado federal, Tenente Lúcio, que votou contra nós a favor da reforma trabalhista, e os militares reprimiram os manifestantes. É incrível como a PM é seletiva. Não procurou saber até hoje quem é responsável por um helicóptero com 500 quilos de cocaína, mas criminaliza os movimentos sociais. É um absurdo que um governador que se comprometeu a não mais criminalizar as lutas dos movimentos sindical e sociais no Estado permite que isso continue a acontecer.”
MST libera pedágio em Itatiaiuçu
Na manhã desta sexta-feira (30), o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra aderiu às manifestações da Greve Geral abrindo as cancelas do pedágio na BR 381, na altura do município de Itatiaiuçu.
São 600 trabalhadores e trabalhadoras que exigem o fim da retirada de direitos pelo governo golpista, se somam ao anseio da sociedade pelo "Fora Temer" e pela restauração da democracia através eleições diretas.
Os manifestantes são contra a reforma trabalhista e a reforma da previdência. "Os projetos de lei e as antirreformas golpistas tem um único objetivo: aumentar a riqueza de quem já possui demais, esmagando os direitos dos trabalhadores e entregando as riquezas do país nas mãos do capital imperialista", explica a Dirigente do MST Nacional Ester Hoffmann.
Ela alerta também que MP 759 é mais uma ameaça à soberania do país. "Essa lei absurda quer estimular a venda de lotes em assentamentos, somos totalmente contra essa prática, acreditamos na concessão de uso da terra. Ao mesmo tempo autoriza as empresas transnacionais a adquirirem imensas áreas produtivas para especulação e a monocultura. Ou seja, estão vendendo o Brasil", denuncia Hoffmann.