Escrito por: Redação CUT
Paralisação é contra ameaças de demissão e privatização da PBio, criada durante o governo Lula, o presidente que mais investiu na Petrobras, gerando mais empregos e aquecendo a economia do país
A intransigência da direção da Petrobras em negociar com os sindicatos dos petroleiros efetivos mínimos e cotas de produção está ampliando a adesão à greve dos trabalhadores e trabalhadoras da Petrobras Biocombustível (PBio).
Nesta sexta-feira (21), no segundo dia de greve, foram paralisadas todas as unidades de processo de biocombustível das usinas de Montes Claros, em Minas Gerais, e Candeias, na Bahia.
A greve segue por tempo indeterminado e conta com 100% de adesão nas áreas operacionais, incluindo todos os supervisores das usinas. No escritório da subsidiária, no Rio de Janeiro, mais de 80% dos trabalhadores sem funções gerenciais também participam da paralisação, de acordo com o site da Federação Única dos Petroleiros (FUP).
Os trabalhadores da PBio, mesmo sendo concursados, estão com seus empregos ameaçados, diante do processo avançado de privatização da subsidiária. A gestão da Petrobras alega “impossibilidade jurídica” para atender a reivindicação da FUP e dos sindicatos de transferência dos trabalhadores para outras unidades do Sistema, caso a venda das usinas se concretize.
“Por conta da intransigência da direção da empresa, que se nega a negociar efetivos e cotas de produção nas usinas, tivemos a parada de produção das plantas, com adesão de todos os trabalhadores e trabalhadoras”, afirma o coordenador da FUP, Deyvid Bacelar, que está acompanhando em Montes Claros a greve na Usina Darcy Ribeiro.
“Seguimos firmes e fortes na greve, aguardando que a empresa abra negociação para discutir a pauta de reivindicações dos trabalhadores de incorporação a uma das unidades do Sistema Petrobrás”, completa Deyvid.
O RH se recusa a negociar a transferência, empurrando centenas de pais e mães de família para a demissão sumária. Nós não vamos aceitar isso. - Deyvid BacelarLua investiu, Bolsonaro vende a troco de banana
Além da luta pela preservação dos empregos, a greve denuncia os prejuízos da privatização da PBio, que foi criada em 2008 com a meta de produzir 5,6 bilhões de litros de biocombustível por ano.
A empresa foi criada pelo governo do ex-presidente Lula, o presidente que mais investiu na petroleira brasileira, com resultados econômicos e sociais que beneficiaram o Brasil e os brasileiros.
Entre 2003, primeiro ano do primeiro mandato de Lula, e 2014, o valor de mercado da Petrobras cresceu quase seis vezes de US% 15,5 bilhões para US$ 104,8 bilhões.
A valorização da petroleira foi resultado da mudança na gestão da estatal, com incentivo aos servidores e aumentos maciços de investimentos no setor ao longo dos governos do ex-presidente Lula e da presidenta Dilma Rousseff. Dos US$ 6,4 bilhões investidos na empresa em 2002, a previsão de aporte de recursos saltaram para US$ 220,6 bilhões entre 2014 a 2018.
Só os investimentos na Petrobras Biocombustíveis geraram milhares de empregos, movimentando a agricultura familiar, com participação em 10 usinas de etanol, produzindo 1,5 bilhão de litros por ano e 517 GWh de energia elétrica a partir de bagaço de cana.
Em 2016, sob o governo do golpista Michel Temer (MDB-SP), a gestão da Petrobras anunciou a saída do setor de energia renováveis, colocando em hibernação a Usina de Quixadá, no Ceará, e vendendo a participação em diversas outras usinas.
A privatização da PBio foi anunciada em julho de 2020 e atualmente encontra-se em fase final de venda das três usinas que são 100% controladas pela Petrobrás (Montes Claros, Candeias e Quixadá), que, juntas, têm capacidade de produzir mais de 570 mil metros cúbicos de biodiesel por ano.
"O Brasil é o terceiro maior mercado de biodiesel do mundo, mas a despeito de sua importância, a PBio está sendo desmontada desde o golpe de 2016”, afirma Deyvid Bacelar .
O sindicalista alerta que “abandonar o setor de biocombustível, além de impactar a agricultura familiar, desempregando mais brasileiros e brasileiras em plena pandemia, é condenar o futuro da Petrobras, que vem sendo apequenada pelas últimas gestões, caminhando para se tornar uma empresa suja, sem compromisso com o meio ambiente, na contramão das grandes empresas de energia”.