Gripe causada pelo vírus Influenza já fez mais vítimas este ano do que em 2017
Vacinação contra a gripe causada pelos vírus H1NI e H3N2 ainda está disponível para pessoas que têm mais propensão a desenvolver complicações como pneumonia. Ao sentir os primeiros sintomas, consulte um médico
Publicado: 06 Julho, 2018 - 09h06 | Última modificação: 06 Julho, 2018 - 10h18
Escrito por: Andre Accarini
O Brasil registrou até junho deste ano mais que o dobro de casos de gripe provocada pelo vírus influenza do que no mesmo período do ano passado. Só em 2018 já são 3.558 casos, sendo 608 com morte. Em 2017, foram 1.459 casos, com 237 mortes, segundo o boletim epidemiológico do Ministério da Saúde.
O aumento no número de casos é previsto pelos órgãos de saúde nessa época do ano – o inverno brasileiro. Por isso, a campanha de vacinação contra a gripe causada pelo influenza é feita em um período que antecede a estação.
A médica e diretora de imunização da Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo, Helena Sato, diz que a gripe pode atingir qualquer um e quem apresentar a “síndrome gripal” deve procurar imediatamente um médico, posto de saúde ou hospital. Os sintomas da síndrome, segundo ela, são febre súbita, tosse, dor de garganta, dor de cabeça ou no corpo e nas articulações.
“Esses são os primeiros sinais de que a pessoa pode estar infectada com o vírus. Se houver falta de ar, o caso pode ser grave”.
Segundo a dra. Helena, procurar um médico é um cuidado que todos devem tomar para proteger a saúde. “As pessoas costumam deixar para depois, tomar um antitérmico, mas a febre não passa, portanto é necessário procurar o médico o mais rápido”. A vacina ainda é o melhor meio de prevenção, diz Helena Sato.
No trabalho
A gripe é uma doença que “nos acompanha historicamente, e ao longo do tempo a mudança no tipo do vírus gerou mais doenças na população”, lembra a médica e diretora executiva da CUT, Juliana Sales, que alerta sobre a importância da imunização de toda a população economicamente ativa.
Segundo ela, a gripe causada pelo Influenza é um limitador do cotidiano dos trabalhadores e das trabalhadoras, que têm suas capacidades laborais reduzidas por conta dos sintomas, portanto, é essencial se proteger contra o vírus.
“A imunização é fundamental, em especial para algumas categorias de trabalhadores que fazem parte dos grupos de risco, como os professores, que lidam com crianças pequenas e profissionais de saúde, e estão mais expostos à contaminação”, diz Juliana.
Grupos de risco
A dra. Helena Sato concorda com a dirigente. Ela destaca que a maneira mais correta de enfrentar a gripe causada pelo Influenza é tomar a vacina. Em 2018, a campanha de vacinação contra os vírus H1N1, H3N2 e do tipo B completa 20 anos. E neste ano, a meta de 90% de imunização ainda não foi atingida. A campanha terminou no dia 22 de junho, mas ainda há disponibilidade de vacinas para os grupos prioritários, formados principalmente por idosos, grávidas, mães com recém-nascidos, crianças entre 6 meses e 5 anos de idade e pessoas com doenças crônicas como asma e diabetes – que têm mais chance de evoluir e ter complicações, como pneumonia, e até precisar ser internados.
A médica faz um chamado especial para quem faz parte dos grupos de risco, já que a meta não foi atingida. Segundo ela, apenas 57,6% das crianças entre seis meses e cinco anos foram vacinadas. No grupo das mulheres grávidas, somente 58,9% procuraram a vacina.
Falta informação
Na avaliação da Secretaria Estadual de Saúde de São Paulo, a baixa procura de vacina por grávidas e para crianças se dá, principalmente, por uma ideia equivocada de que a vacina não funciona.
A diretora de imunização do órgão, Helena Sato, relata que as pessoas acabam generalizando sintomas e assim acreditam que não adianta levar o filho ou a própria pessoa tomar a vacina. “Levo meu filho e ele fica resfriado, então não adianta nada”, diz Helena sobre o que as mães geralmente comentam. Por isso, a importância em diferenciar as patologias. “Muitas vezes os sintomas de uma outra virose são confundidos com gripe, o que faz as pessoas acreditarem que a vacina não funciona”.
Ela ressalta que é importante diferenciar as infecções. “Um resfriado é uma virose, provocada por um rinovírus, com sintomas como coriza. O Influenza é outro vírus e a vacina é específica para esse grupo. Uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa”, brinca Helena.
Há quem também que não toma a vacina por medo de reações, mas ainda segundo a médica, as únicas reações que pode surgir é febre no mesmo dia. “Isso acontece em cerca 10% das pessoas e não significa nenhuma complicação”.
Enquanto durarem os estoques
As unidades de saúde continuam a vacinar as pessoas desses grupos, enquanto os estoques durarem. Segundo a coordenadora, nos municípios onde ainda há vacina, a oferta foi ampliada para pessoas com idades entre 50 e 59 anos, e crianças de cinco a nove anos.