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Grupo norueguês reconhece que contaminou rio no Pará

Depois de várias notificações, autos de infração e multas, mineradora norueguesa Hydro AluNorte, finalmente, reconheceu o crime ambiental que praticou e pediu desculpas à população

Publicado: 19 Março, 2018 - 12h46

Escrito por: Redação CUT

Igor Brandão/Agência Pará
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Depois de ser novamente atuada pela Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade do Pará por lançamento de resíduos tóxicos no Rio Pará, a mineradora norueguesa Hydro AluNorte reconheceu, nesta segunda-feira (19), o crime ambiental e pediu desculpas à população de Barcarena (PA).  

“Descartamos água de chuva e da superfície da refinaria não tratadas no Rio Pará. Isso é completamente inaceitável e contraria o que a Hydro acredita. Em nome da companhia, peço desculpas às comunidades, às autoridades e à sociedade”, disse o presidente da empresa, Svein Richard Brandtzæg, em nota. 

A empresa disse que vai ampliar a reavaliação dos sistemas de tratamento de água e de gerenciamento de efluentes para toda a área da refinaria que funciona na cidade da região metropolitana de Belém.

As autoridades brasileiras suspeitam que a empresa tenha contaminado a água do município de Barcarena com resíduos de bauxita que teriam transbordado do depósito da fábrica após as fortes chuvas de 16 e 17 de fevereiro.

Na fiscalização realizada na última quinta-feira (15), fiscais da secretaria estadual descobriram que parte da água pluvial acumulada no interior do terreno da refinaria da Hydro AluNorte era lançada ao exterior por meio de uma ligação clandestina sem antes passar pelo sistema de tratamento de efluentes industriais, conforme estabelece a licença de operação concedida à empresa. E mesmo que o material despejado não seja resíduos diretos da produção, precisa ser tratado, pois pode estar contaminado, afirmaram os fiscais.

Entre notificações e autos de infração, a autuação da última quinta-feira é a oitava sanção aplicada pela secretaria estadual à empresa. Entre elas está a determinação para a companhia reduzir suas operações e reduzir o nível de água nos depósitos de rejeitos. Até o último fim de semana, a secretaria ainda calculava o valor total das multas. Após ser notificada, a empresa terá prazo para apresentar sua defesa.

No começo de fevereiro, a mineradora contratou a empresa de consultoria brasileira SGW Serviços para avaliar o modelo de tratamento de água e verificar se o sistema de gerenciamento de efluentes da refinaria foi operado adequadamente. Posteriormente, com o surgimento de denúncias quanto à existência de pontos de despejo d´água irregulares, a empresa decidiu expandir a auditoria a fim de incluir todas as possíveis ligações entre a mineradora e as áreas ao redor.

A Hydro Alunorte é a maior refinaria de alumina do mundo. Emprega cerca de 2 mil pessoas e tem uma capacidade nominal de 6,3 milhões de toneladas por ano.

O vazamento dos dejetos tóxicos foi denunciado por moradores de Barcarena, que, entre os dias 16 e 18 de fevereiro, notaram a alteração na cor da água de igarapés e de um rio.

Dias depois, o Instituto Evandro Chagas, do Ministério da Saúde, divulgou um laudo preliminar apontando que houve transbordamento dos depósitos de resíduos tóxicos, colocando em risco a saúde de moradores de ao menos três comunidades próximas. As primeiras análises de amostras do material colhido no local apontaram a presença de níveis elevados de chumbo, alumínio, sódio e outras substâncias prejudiciais à saúde humana e animal. A "lama vermelha" registrada após as chuvas pode representar riscos para pescadores e outras comunidades próximas à fábrica, com níveis elevados de alumínio e metais tóxicos na água.