Escrito por: Redação CUT / Rosely Rocha

Guedes promete trazer de fora empresas de setores que ajudou a destruir no Brasil

Ministro disse que quer trazer ao país fábricas de semicondutores. Esqueceu que governo fechou a única fábrica de chips que o Brasil tinha. Também falou em fortalecer o setor automotivo, mas montadoras demitem

Fabio Rodrigues Pozzebon / Agência Brasil

 

Em reunião com empresários em São Paulo, o ministro da Economia, Paulo Guedes, fez promessas de fortalecer a economia do país investindo no setor automotivo e na abertura de empresas de semicondutores.

Em seu discurso no evento Automative Business Experience (ABX), ele ressaltou que o setor automotivo brasileiro será importante na reconfiguração das cadeias produtivas globais e para isso prometeu zerar o Imposto Sobre Produtos Industrializados (IPI). Isto porque, as grandes empresas transnacionais passaram a deslocar sua produção para países de menor custo.

Essa é a mesma ladainha que empresários defendem, de que o custo Brasil é alto, incluindo os direitos trabalhistas. Em artigo, o sociólogo e professor da USP, Emir Sader, criticou a defesa do chamado “custo Brasil". Segundo ele, “aqui, qualquer tema econômico em discussão, ocupa a mídia, os comentaristas dos canais ou técnicos do mercado financeiro, diagnosticar de que a Ford vai embora ou a economia não cresce, é devido ao custo Brasil. O que querem dizer com isso? Que ainda não foram aprovados todos projetos propostos por eles, na linha do Estado mínimo, do ajuste fiscal, das desregulamentações”.

Sader prossegue afirmando que “no entanto, as reformas da Previdência e laboral foram aprovadas. Elas deveriam ir justamente na direção do barateamento dos cursos dos investimentos. A maior parte dos trabalhadores já não tem carteira de trabalho, está relegado à situação de precariedade. O custo da força de trabalho diminuiu drasticamente, às custas da perda de poder aquisitivo dos trabalhadores, incluída a perda de tudo o que está incluído no contrato de trabalho: férias, licença remunerada por gestão ou por acidentes, aposentadoria”.

Nem um pio sobre demissões no setor automobilístico

Guedes continuou seu discurso ufanista, mas sem citar uma palavra sequer sobre as demissões anunciadas, na última terça-feira (6) pela Mercedes-Benz, em São Bernardo do Campo, São Paulo.

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O ministro também não citou a saída da Ford do país, que deixou na região do ABC Paulista milhares de pessoas desempregadas e afetou a economia local. Para cada demitido em uma montadora cinco trabalhadores são impactados dentro da cadeia automotiva, com corte em diversas prestadoras de serviços às montadoras, mostra estudo do Departamento intersindical de Estudos Socioeconômicos (Dieese).

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Guedes disse ainda que quer trazer para o Brasil fábricas de semicondutores, produto que está em falta no mundo, mas ele também sequer citou o fechamento do Centro Nacional de Tecnologia Eletrônica Avançada (Ceitec), única fábrica de chips  da América Latina, instalada em Porto Alegre (RS), inaugurada durante o governo Lula.

Exemplos de problemas na produção por causa da falta de chips semicondutores não faltam: no Brasil, só a montadora Volks, no ABC Paulista, já deu férias coletivas e parou a sua produção de automóveis por falta de semicondutores cinco vezes. 

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Outra promessa que fez, mas que, na verdade, ajudou a destruir é a capacidade do Brasil de produzir energia renovável barata a partir de etanol, usinas eólicas e hidrogênio verde. Basta lembrar que a Petrobras, cuja gestão é do governo federal, em 2021 anunciou que venderia por R$ 32,97 milhões 51% das suas ações (participação majoritária) no parque eólico Mangue Seco 2, no Rio Grande do Norte, ao fundo de investimento em participações FIP Pirineus, que já era sócio da estatal no projeto com 49% de participação.

O Mangue Seco 2 era o último dos quatro parques eólicos que a Petrobras tinha participação. Com a venda, a estatal se retira totalmente de investimentos em energia limpa. A companhia já havia encerrado sua participação em biodiesel.

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Em resumo, Paulo Guedes, continua sua sanha privatista e promete entregar ao mercado financeiro nossas riquezas, retirando impostos que vão para o governo federal, e prometendo um futuro promissor que a sua política econômica destruiu.