MENU

Há 14 dias petroleiros fazem greves regionais em unidades de 4 estados

Categoria denuncia impactos das privatizações do Sistema Petrobras, como a precarização das condições de trabalho, e os riscos de acidentes e o avanço da Covid-19 nas instalações da estatal

Publicado: 18 Março, 2021 - 12h24 | Última modificação: 18 Março, 2021 - 12h35

Escrito por: Redação CUT

FUP
notice

Os petroleiros das unidades da Petrobras da Bahia, Espírito Santo, Amazonas e São Paulo, filiados a sindicatos da base da Federação Única dos Petroleiros (FUP), estão em greve há 14 dias denunciando os impactos das privatizações do Sistema Petrobras para a empresa, para a economia do país, para os trabalhadores e para toda a sociedade. Privatização é sinônimo de precarização das condições de trabalho e de riscos de acidentes, alertam os petroleiros que estão lutando também contra o avanço da Covid-19 nas instalações da empresa. 

Os petroleiros da Refinaria Gabriel Passos (Regap), em Minas Gerais, onde foram registrados quase 80 casos de Covid-19 em uma semana, também aprovaram a greve.

Na Bahia

Na Bahia, a paralisação começou no dia 5 de março, quando os petroleiros da Refinaria Landhulfo Alves (Rlam) retomaram a greve na unidade, e a adesão avançou com a participação dos petroleiros dos campos terrestres e do Terminal Madre de Deus, que também sofrem os impactos das privatizações. 

Nesta quinta-feira (18), cerca de 400 trabalhadores próprios e terceirizados do Campo de Bálsamo, área de produção terrestre da Petrobras no interior da Bahia, também atenderam ao chamado do sindicato e retornaram para casa, aderindo à greve.

O Sindicatos dos Petroleiros da Bahia (Sindipetro-BA) vem realizando na parte da  manhã “ações de lockdown da classe trabalhadora" na Rlam com o objetivo de convencer os cerca de 1.500 trabalhadores próprios e terceirizados a retornarem para casa.

A refinaria, assim como outras unidades operacionais da Petrobras, está registrando surtos seguidos de Covid-19. Só entre os trabalhadores próprios da Rlam, o sindicato já contabilizou cerca de 90 contaminados e duas mortes nas últimas semanas em decorrência da doença.

"Apesar deste cenário tenebroso, o gerente geral da Rlam continua agindo de forma irresponsável, sem tomar as devidas medidas de segurança que nós estamos cobrando desde o ano passado”, critica o coordenador da FUP e também funcionário da Rlam, Deyvid Bacelar. 

“Além disso”, prossegue Deyvid, a empresa “omite dados de Covid relacionados aos trabalhadores terceirizados, que são os que mais se contaminam nas unidades operacionais. Esse é, inclusive, um dos pontos de pauta da categoria que a gestão se nega a atender", completa.

Minas Gerais

Na Refinaria Gabriel Passos (Regap), em Minas Gerais, onde a greve também foi aprovada, o Sindipetro-MG exige a suspensão imediata das paradas de manutenção, em função do aumento de trabalhadores infectados pela Covid. Segundo o sindicato, foram confirmados nesta última semana mais de 78 casos de contaminação por coronavírus a Regap, entre trabalhadores efetivos e terceirizados. Somente em março, mais de 200 trabalhadores testaram positivo para Covid-19 na refinaria e mais de 10 trabalhadores, entre próprios e terceirizados, estão internados.

Espírito Santo

No Espírito Santo, onde os trabalhadores da UTG-C, dos campos terrestres e das plataformas, vêm participando das mobilizações, a greve foi ampliada para a UTG-SUL. Para protestar contra as péssimas condições de trabalho, os petroleiros iniciaram na terça-feira (16) uma "greve de alimentação", com boicote produtos fornecidos pela Petrobrás.

"Essa situação extrapolou o limite do aceitável após o novo contrato de alimentação da unidade, onde as cozinheiras precisam fazer mágica com os produtos de péssima qualidade oferecidos pela empresa”, criticou o coordenador do Sindipetro-ES, Valnisio Hoffmann.

“Estamos pagando a alimentação desses trabalhadores, incluindo o lanche da tarde", disse o dirigente, informando que o sindicato já enviou diversos ofícios para a empresa, com relatos dos trabalhadores reclamando da alimentação, mas a gerência continua omissa.

Amazonas

Na Refinaria de Manaus (Reman) a greve contou com o reforço dos trabalhadores da Liga, empresa terceirizada que presta serviços de manutenção para a Petrobrás. Cerca de 70 trabalhadores cruzaram os braços em protesto pelo não pagamento dos salários.

A Reman está em processo acelerado de privatização e sucateamento. Por conta disso, a gestão mantém a unidade em carga mínima, com apenas uma das três unidades de processamento em atividade.

Paraná

Na Usina de Xisto (SIX) a greve pode ser deflagrada a qualquer instante, pois a gestão da unidade se negar a negociar com o Sindipetro e não respondeu à pauta de reivindicações aprovada pelos trabalhadores. A categoria iniciou nesta quinta-feira, 18, assembleias para decidir sobre o início da greve.

Mobilizações em outros estados

A greve também movimenta também as bases operacionais representadas pelo Sindipetro Unificado de São Paulo, onde estão sendo feitas mobilizações a cada dia em unidades diferentes.  

Em Pernambuco, os trabalhadores da Refinaria Abreu e Lima também aprovaram a greve e têm participado de mobilizações preparatórias para o movimento. 

Combustíveis a preços justos

Os sindicatos da FUP continuam intensificando as ações solidárias de descontos para a população na compra de combustíveis, mobilização iniciada em 2019 para debater com a sociedade a importância da Petrobras enquanto empresa estatal e a urgência de uma política de Estado para o setor de óleo e gás, que garanta o abastecimento nacional de derivados de petróleo, com preços justos para os consumidores. 

No Espírito Santo, os petroleiros distribuíram nesta quarta mais 200 cupons de desconto de R$ 2 para motoristas de carros e motocicletas que abasteceram os veículos com gasolina em um posto de Vitória. Ao todo, foram subsidiados 3 mil litros do combustível.

Na Bahia, as ações estão ocorrendo ao longo da semana com venda subsidiada de 12.300 litros de gasolina em quatro municípios do interior e na capital do estado. O litro da gasolina está saindo por R$ 3,50, quase metade do preço praticado no mercado, em função da política preço da Petrobrás que tem por base a paridade de importação (PPI). 

Essa política foi implementada em outubro de 2016, durante o governo de Michel Temer e mantida pelo governo de Jair Bolsonaro, impondo sérios prejuízos aos consumidores brasileiros, pois vincula os preços dos derivados nas refinarias às variações do dólar e do barril de petróleo no mercado internacional. Por conta disso, a cada 15 dias, em média, a Petrobras anuncia um novo aumento nos preços. Só este ano, a gasolina subiu seis vezes, acumulando um aumento de 54,3%.

Com informações da FUP