‘Há pessoas ainda inseguras sobre o que Bolsonaro representa’, diz professor
Professor da Unicamp avalia que escolha pelo candidato do PSL, além de responder ao antipetismo, também se dá pela ausência em debates televisivos e por conta da desinformação do eleitorado
Publicado: 23 Outubro, 2018 - 11h32 | Última modificação: 23 Outubro, 2018 - 11h51
Escrito por: RBA
Para o cientista político e professor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) Wagner Romão, a pesquisa do Instituto Datafolha divulgada nesta quinta-feira (19), revelando que, para 67% do eleitorado brasileiro, os debates presidenciais são muito importantes, mostra a necessidade da população por mais informações em relação ao candidato da extrema direta Jair Bolsonaro (PSL), que se recusa a participar dos debates contra seu adversário Fernando Haddad (PT).
"A impressão que dá é que as pessoas estão muito mais optando por um candidato que não seja um candidato do PT, mas ainda estão muito inseguras sobre, afinal de contas, o que realmente representa o Bolsonaro", avalia Romão em entrevista à repórter Beatriz Drague Ramos, da Rádio Brasil Atual, sobre os dados do Datafolha apontando que 73% dos questionados acham importante a presença de Bolsonaro nos debates televisivos. Segundo a sondagem, isso poderia interferir na escolha de 23% do eleitorado de acordo com o comportamento dos candidatos num confronto.
Com a decisão de Bolsonaro, que alega ser secundário o debate e sofrer de desconforto devido ao estado de saúde, apesar de já ter sido liberado pelos médicos, esta será a primeira vez que não haverá embate televisivo, no segundo turno, desde a redemocratização. Para Romão, essa atitude mereceria repúdio dos veículos de comunicação à postura do candidato do PSL e abertura de espaço à fala de Haddad.
O professor da Unicamp critica ainda a atuação do Judiciário e do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em especial, segundo ele, agindo como "cúmplices de atentados contra à democracia", principalmente nos casos de violência por apoiadores de Bolsonaro. "O TSE está se omitindo, na verdade, o Judiciário, de uma maneira geral, perdeu o controle do processo eleitoral", afirma.
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