Escrito por: Redação CUT
Na nota, também assinada pelo ex-governador da Paraíba Ricardo Coutinho, o ex-senador Requião e a ex-candidata à vice-presidência da República Sônia Guajajara, eles defendem a liberdade de imprensa
Líderes da esquerda divulgaram uma nota nesta segunda-feira (29), defendendo a liberdade de imprensa e pedindo o afastamento do ex-juiz Sergio Moro, ministro da Justiça do governo de Jair Bolsonaro (PSL), e do procurador Deltan Dallagnol, chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato no Paraná, de suas funções.
Assinam a nota o governador do Maranhão, Flávio Dino (PC do B), o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad (PT), o líder do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST), Guilherme Boulos (PSOL-SP), o ex-governador da Paraíba Ricardo Coutinho, o ex-senador Roberto Requião e a ex-candidata à vice-presidência da República Sônia Guajajara, segundo colunista Mônica Bergamo, da Folha de S. Paulo.
Chega de “vale-tudo”, ilegalidades e abusos. Não queremos mais justiça seletiva e parcial. Queremos justiça para todos".- Trecho da notaDiálogos de Moro e Deltan, que veem sendo divulgados pelo The Interpecpt Brasil e pela Folha de S. Paulo, mostraram que o ex-juiz orientava ilegamente a Lava Jato, interferia na investigação, especialmente quando se tratava do caso do tríplex do Guarujá, que envolvia o ex-presidente Lula, dizia a ordem de ações que deveriam ser feitas pela Polícia Federal e outras ilegalidades.
A última matéria da série de reportagens, já conhecida como Vaza Jato, mostra que, assim como Deltan, Moro achava a delação do ex-ministro Antonio Palloci fraca. Mesmo assim, como prejudicava o candidato do PT Fernando Haddad, Moro vazou a delação uma semana anrtes da eleição. Na semana passada, quando a PF prendeu os hackeres que supostamente seriam a fonte do The Interpecpt, Moro disse que iria destruir as conversas.
"São absurdas as ameaças contra o jornalista Glenn Greenwald [americano, fundador do The Intercept Brasil], seja por palavras do presidente da República ou por atos ilegais, a exemplo da portaria 666, do Ministério da Justiça", diz trecho da nota dos líderes da esquerda.
A portaria de Moro, publicada na sexta-feira (26), trata da deportação sumária de estrangeiros considerados ‘perigosos’ ou que tenham praticado ato "contrário aos princípios e objetivos dispostos na Constituição Federal".
No sábado (27), Bolsonaro disse em entrevista que Greenwald "talvez pegue uma cana aqui no Brasil".
O manifesto também se diz solidário à ex-deputada Manuela D'Ávila, "que não praticou nenhum ato ilegal". Walter Delgatti Neto, suspeito de ter hackeado celulares de autoridades, disse à Polícia Federal que conseguiu o contato de Greenwald por intermédio de D'Ávila. Ela confirma, diz a reportagem da Folha.
Em trecho da nota, os líderes da esquerda também criticaram fala de Moro dizendo que as mensagens apreendidas com os hackers detidos pela PF seriam destruídas.
"Em qualquer outro país democrático do mundo isso [o afastamento de Moro do cargo] já teria ocorrido, pois está evidente que Moro não se comporta de acordo com a legalidade, insistindo em espantosos abusos de poder", afirma o texto assinado por líderes da esquerda.
Leia a íntegra do documento abaixo:
"Nota em defesa da liberdade de imprensa e pelo afastamento de Moro e Dallagnol
Em face dos graves acontecimentos que marcaram os últimos dias no Brasil, vimos a público para:
Chega de “vale-tudo”, ilegalidades e abusos. Não queremos mais justiça seletiva e parcial. Queremos justiça para todos."