Escrito por: Redação CUT
Morador de rua de 51 anos teria aceitado trabalho para cuidar de porcos em troca de abrigo, mas não tinha banheiro, nem lugar para beber água, nem recebia alimentação
O resgate de trabalhadores em situação análoga à escravidão tem sido praticamente diário no país. Até hoje, segundo dados do Ministério do Emprego e Trabalho (MTE), somente nos três primeiros meses deste ano foram libertados 918 vítimas, um aumento de 124% em relação aos primeiros três meses de 2022, o que representa recorde para um 1º trimestre em 15 anos.
Os resgates que tiveram maior repercussão nacional foram os dos 207 terceirizados na colheita de uva para as vinícolas Salton, Garibaldi e Aurora e das cinco pessoas na mesma situação na preparação do festival de música Lollapalooza, realizado no último fim de semana em São Paulo.
Soma-se a essa tragédia social um morador de rua, de 51 anos encontrado pela Polícia Ambiental, em Nova Iguaçu (RJ), cidade da Baixada Fluminense, que trabalhava de segunda a segunda, em uma criação de porcos em que era obrigado a viver num alojamento precário sem banheiro e sem água potável e num espaço sem porta, nem uma das paredes para formar um cômodo completo.
Ele ainda era obrigado a comer a lavagem dada aos porcos, já que não lhe era oferecida nenhuma alimentação. A vítima totalmente vulnerável disse que aceitou “trabalhar” na criação irregular de suínos. O resgate foi feito pela Polícia Ambiental, após receber denúncia na segunda-feira (27).
DivulgaçãoAlém do ambiente insalubre para a moradia de uma pessoa, o local também foi condenado para a criação dos porcos, já que era imundo, tinha comida em estado de putrefação, produzia maus-tratos aos animais, fazia o abate de forma ilegal com dispersão de vísceras na margem de um rio com contaminação do solo, entre outras.
Segundo a Polícia Civil, o dono do local, preso em flagrante, poderá responder por crimes ambientais, como poluição do solo e dos recursos hídricos, atividade potencialmente poluidora e maus-tratos aos animais. A investigação está em andamento.
Uma equipe da Secretaria Municipal de Assistência Social (SEMAS) fez o acolhimento da vítima para que ela pudesse receber os primeiros cuidados básicos. A SEMAS irá ainda tentar localizar sua família. Os nomes tanto da vítima como a do proprietário do local não foram divulgados.
Com informações do G1