Escrito por: Henrique Rodrigues, Revista Fórum

Homem que ataca negros com cão no Paraná faz outra vítima

Paulo Cezar Bezerra da Silva, que havia espancado músico de 55 anos e mandado o cachorro mordê-lo na última semana, em Curitiba., foi posto em liberdade e atacou novamente

Reprodução/Twitter

Um homem identificado com Paulo Cezar Bezerra da Silva, que na última semana foi detido em Curitiba (PR) por espancar um músico negro de 55 anos, ordenando que seu cão avançasse sobre a vítima e o mordesse, atacou novamente uma pessoa negra, da mesma maneira, com golpes de cassetete e utilizando o animal para feri-la. As imagens chegaram às redes nesta segunda-feira (28).

A exemplo das imagens da semana passada, o mais recente caso mostra o criminoso dando várias pancadas com o porrete em um homem que passava por uma rua da capital paranaense, enquanto ordenava ao cão para mordê-lo.

Diante de mais uma agressão violentíssima e covarde, a deputada federal eleita Carol Dartora (PT), solicitou ao Ministério Público que peça à Justiça a prisão preventiva do agressor, que, segundo versões de internautas nas redes sociais, seria um militante neonazista conhecido na região.

“Mais uma vez, aquilo que a gente tanto denuncia se explicita. Essa violência racista que fica impune. A gente vai acompanhar esse caso, vamos exigir justiça”, disse a parlamente, por meio de uma nota à imprensa publicada em suas redes.

Primeiro caso chocou

Câmeras de segurança flagraram uma agressão racista e gratuita realizada por Paulo Cezar Bezerra da Silva na última terça-feira (22) contra o músico negro Odivaldo Carlos da Silva, em Curitiba. Nas imagens, o músico caminha pela rua Doutor Faivre, no centro da capital paranaense, quando é surpreendido pelo agressor que o ataca no rosto e nuca utilizando um cassetete, ordenando que o cachorro que o acompanhava mordesse a vítima.

Conhecido na região como Neno, a vítima fraturou o maxilar, quebrou um dente e terá que passar por cirurgia, além de ter tido mordidas nos braços e nas costas. Ele ainda relatou que o agressor o chamou de “macaco”, “negro sujo” e afirmou que “morador de rua tem que morrer”. Neno não conhecia o Paulo Cezar Bezerra da Silva.

O ataque racista só parou, e não acabou de maneira ainda mais trágica, porque motoristas e pedestres começaram a gritar com Paulo Cezar Bezerra da Silva. Três mulheres testemunharam o ocorrido, chamaram a polícia e auxiliaram a vítima a receber atendimento médico.

De acordo com a polícia, o agressor foi detido devido a uma segunda denúncia de que um homem com as mesmas características estaria, junto de um cachorro, causando "tumulto" em outro ponto do centro. A PM levou o homem até sua residência para que deixasse o cachorro e em seguida o encaminhou para o 12° Batalhão da Polícia Militar, onde foi registrada a ocorrência de lesão corporal. Sem o agravante da injúria racial o homem pôde sair andando do Batalhão.

As autoridades policiais não responderam à imprensa se o agressor estaria mantido preso. No entanto, repórteres da RPC flagraram Paulo Cezar caminhando pelas mesmas redondezas neste sábado (26). Além disso, após sair do hospital, Neno e sua esposa obtiveram acesso ao boletim de ocorrência emitido pelos policiais e nele não constavam as ofensas de cunho de racista. Após muita insistência conseguiram, finalmente, registrar um novo B.O. onde constam as agressões de cunho racial. O agressor racista ainda teria ameaçado uma das testemunhas.

Uma audiência virtual preliminar foi marcada pela Polícia Militar para o próximo dia 20 de março de 2023, 117 dias após o ocorrido. Até lá, ao que parece, o agressor poderá continuar causando seus “tumultos” no centro de Curitiba.

Veja o vídeo da nova agressão:

Circula nas redes sociais novo registro do agressor de Curitiba, identificado como Paulo da Silva, atacando uma pessoa na região central da cidade. Nas imagens, ele usa um cassetete e um cachorro no ataque contra um homem. pic.twitter.com/v8R5ujvmpx

— O Tempo (@otempo) November 28, 2022