Escrito por: Redação CUT
Pesquisa revela as desigualdades raciais e de gênero contribuem para aumentar o risco de morte mesmo em grupos de pessoas com atividades profissionais que as colocam no topo da pirâmide social
A Covid-19, que já matou mais de 594.484 pessoas no Brasil desde o começo da pandemia do novo coronavírus é mais fatal para homens negros e mulheres brancas e negras do que para homens brancos. A conclusão é de estudo feito por um grupo de pesquisadores que analisou estatísticas oficiais sobre os óbitos de brasileiros mortos no ano passado.
Os dados dos pesquisadores ligados à Rede de Pesquisa Solidária, que reúne várias instituições públicas e privadas, que foram divulgados pelo jornal Folha de S. Paulo, revelam que as desigualdades raciais e de gênero contribuem para aumentar o risco de morte mesmo em grupos de pessoas com atividades profissionais que as colocam no topo da pirâmide social.
O estudo revela, por exemplo, que os riscos de morte por Covid entre as mulheres negras que trabalham em serviços domésticos são 112% maiores do que os enfrentados por brancos, de acordo com os pesquisadores.
Os pesquisadores examinaram dados do Sistema de Informação sobre Mortalidade, do Ministério da Saúde, sobre 67,5 mil pessoas que morreram de Covid-19 no ano passado, amostra equivalente a um terço de todas as mortes causadas pelo coronavírus notificadas no período.
Em números absolutos, houve mais mortes por Covid em grupos ocupacionais que são grandes empregadores, como comércio e serviço (6.420), agricultura (3.384) e transportes (3.367), mas o estudo mostra que alguns setores foram muito mais afetados em termos relativos.
As mortes por Covid representaram 24% de todas as mortes de profissionais de saúde registradas. Na segurança, incluindo praças das Forças Armadas, policiais militares e bombeiros, foram 25%. Entre líderes religiosos, 44% das mortes do ano passado foram causadas pelo vírus.
Segundo pesquisa da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), o número de mortes por Covid-19 no Brasil em 2020 foi 18,2% maior do que o registrado. A análise indicou que foram 230.452 óbitos pela doença no ano passado e não 194.949.