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IBGE responde críticas de Bolsonaro e esclarece métodos de pesquisas

Um dia após Bolsonaro afirmar que a metodologia para calcular o número de desempregados no Brasil é uma farsa, IBGE ressalta, em nota, que segue recomendações de organismos internacionais, em especial a OIT

Publicado: 06 Novembro, 2018 - 18h43 | Última modificação: 06 Novembro, 2018 - 19h17

Escrito por: Redação CUT

Lula Marques
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Após a declaração do presidente da República eleito, Jair Bolsonaro (PSL), nesta segunda-feira (5), questionando a metodologia com que se calcula a taxa de desemprego no país, a direção do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) publicou uma nota de esclarecimento sobre os métodos adotados na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua).  

"Vou querer que a metodologia para dar o número de desempregados seja alterada no Brasil. O que está aí é uma farsa", afirmou Bolsonaro em entrevista à Band, ao responder uma pergunta sobre os últimos dados do IBGE referentes ao desemprego.

"Quem recebe Bolsa Família é tido como empregado, quem não procura emprego há mais de um ano é tido como empregado, quem recebe seguro-desemprego é tido como empregado. Temos que ter uma taxa não de desempregados, e sim de empregados. Não tem dificuldade para ter isso aí e mostrar a realidade para o Brasil", continuou.

Em nota, o IBGE esclareceu que investiga as condições do mercado de trabalho do país a partir de uma amostra com mais de 210 mil domicílios, distribuídos por cerca de 3.500 municípios. "Esta amostra é visitada, a cada trimestre, por cerca de 2 mil agentes de pesquisa. A PNAD Contínua levanta informações cruciais sobre os trabalhadores do país, inclusive aqueles sem vínculo de trabalho formal. Trata-se de uma das pesquisas mais avançadas do mundo, que segue as recomendações dos organismos de cooperação internacional, em especial a Organização Internacional do Trabalho (OIT)".

Segundo o Instituto, além da taxa de desemprego, são investigadas as diversas formas de subutilização da força de trabalho, "um universo com mais de 27 milhões de pessoas em diferentes situações precárias, incluindo os subocupados por insuficiência de horas trabalhadas e, ainda, aqueles que necessitam e gostariam de poder buscar um emprego, mas não conseguem, por terem que cuidar de crianças ou de pessoas idosas, por exemplo".

Isso sem mencionar os chamados desalentados, continua a nota, que são "aqueles que desistiram de buscar uma ocupação". Na última pesquisa, divulgada em setembro último, o país tinha 4,8 milhões de pessoas nessa condição.

Já com relação aos beneficiários do Bolsa Família, o IBGE esclarece que esse universo de pessoas é retratado especificamente em uma edição anual da PNAD Contínua. "Em 2017, este universo abrangia cerca de 9,5 milhões de domicílios do país", diz trecho da nota.

Confira a nota na íntegra:

Nota de esclarecimento sobre a PNAD Contínua

A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua) do IBGE investiga as condições do mercado de trabalho do país a partir de uma amostra com mais de 210 mil domicílios, distribuídos por cerca de 3.500 municípios. Esta amostra é visitada, a cada trimestre, por cerca de 2 mil agentes de pesquisa. A PNAD Contínua levanta informações cruciais sobre os trabalhadores do país, inclusive aqueles sem vínculo de trabalho formal. Trata-se de uma das pesquisas mais avançadas do mundo, que segue as recomendações dos organismos de cooperação internacional, em especial a Organização Internacional do Trabalho (OIT). Desde 2012, sua coleta está totalmente digitalizada.

A PNAD Contínua também monitora o número de pessoas desocupadas no país, isto é, aquelas que não têm emprego e estão em busca de uma ocupação: em setembro deste ano, o Brasil tinha 12,5 milhões de pessoas nessa condição. Além disso, também são investigadas as diversas formas de subutilização da força de trabalho, um universo com mais de 27 milhões de pessoas em diferentes situações precárias, incluindo os subocupados por insuficiência de horas trabalhadas e, ainda, aqueles que necessitam e gostariam de poder buscar um emprego, mas não conseguem, por terem que cuidar de crianças ou de pessoas idosas, por exemplo. Sem mencionar os chamados desalentados, aqueles que desistiram de buscar uma ocupação. Em setembro último, o país tinha 4,8 milhões de pessoas nessa condição.

O IBGE esclarece que os beneficiários do Bolsa Família são retratados especificamente por uma edição anual da PNAD Contínua, que investiga os rendimentos provenientes de todas as fontes. Em 2017, este universo abrangia cerca de 9,5 milhões de domicílios do país. Os beneficiários que vivem nestes domicílios podem encontrar-se em diferentes condições, em relação ao mercado de trabalho: alguns deles podem estar desempregados, outros trabalhando apenas para consumo próprio, outros fora da força de trabalho e outros, ainda, desalentados.

Finalmente, o IBGE ressalta que, há 82 anos, mantém um intenso diálogo com os diversos segmentos da sociedade brasileira, na busca incessante pelo aprimoramento de todas as suas pesquisas, inclusive a PNAD Contínua. O instituto sempre esteve aberto a sugestões e à disposição do governo e dos cidadãos para esclarecimentos a respeito do seu trabalho.

 

Rio de Janeiro, 6 de novembro de 2018

A Direção.