Escrito por: Rosely Rocha
Taxas de ocupação, desocupação, desalento e subutilização se mantêm estáveis no 1º trimestre deste ano em relação ao período anterior. Para Dieese, não há sinal de recuperação do mercado de trabalho
O índice de desemprego no país de janeiro a março deste ano se manteve estável em relação ao último trimestre de 2021, mas o número de trabalhadores e trabalhadoras desempregados, desalentados – que não procuram mais por estarem cansados de não conseguir um emprego– e os subutilizados continua muito alto.
No trimestre de janeiro a março de 2022, o total de desempregados no país foi de 11,9 milhões de trabalhadores, ou 11,1% da população em idade de trabalhar, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad-Contínua), divulgada nesta sexta-feira (29), pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O Brasil teve o menor índice de desemprego de 6,5%, em 2014, no governo de Dilma Rousseff (PT). Desde o golpe as taxas estão acima de dois dígitos. A taxa divulgada nesta quinta é a mesma do último trimestre do ano passado (outubro a dezembro/2021).
A PNDA mostra também que a renda média do trabalhador ficou estável. No período anterior era de R$ 2.510 e agora está em R$ 2.548. Mas em relação a janeiro e março de 2021, a renda não se recuperou e está negativa em - 8,7%. Este valor é o mais baixo desde 2012, quando a pesquisa começou a ser feita também no governo Dilma.
A massa de rendimento real habitual (R$ 237,7 bilhões) não teve variações estatisticamente significativas em ambas as comparações.
A pesquisa demonstra ainda que têm indicadores com pequena melhora, outros se mantiveram ou pioraram, quando comparados com o último trimestre de 2021. (veja abaixo).
Ao analisar os dados da PNAD/Contínua, a técnica do Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese), Adriana Marcolino vê com pessimismo a recuperação do mercado de trabalho no país.
“Apesar da estabilidade, os números demonstram que não há um sinal evidente de recuperação do mercado de trabalho. O desemprego, a informalidade se mantiveram em patamares altos e a renda sofreu uma queda forte em relação ao ano passado”, analisa.
Indicador/Período
Jan-Fev-Mar 2022
Dez-Nov-Out 2021
Jan-Fev-Mar 2021
Taxa de desocupação
11,1%
11,1%
14,9%
Taxa de subutilização
23,2%
24,3%
29,6%
Rendimento real habitual
R$ 2.548
2.510
R$ 2.789
Variação do rendimento habitual em relação à:
1,5%
-8,7%
Já a coordenadora de Trabalho e Rendimento do IBGE, Adriana Beringuy, analisa que a estabilidade na taxa de desemprego é explicada pelo fato de não haver crescimento na busca por trabalho no trimestre.
“Se olharmos a desocupação em retrospecto, pela série histórica da pesquisa, podemos notar que, no primeiro trimestre, essa população costuma aumentar devido aos desligamentos que há no início ano. O trimestre encerrado em março se diferiu desses padrões”, destacou em entrevista ao G1, acrescentando a queda do número de ocupados no 1º trimestre foi bem menor do que a média observada em anos anteriores.
População ocupada
A população ocupada diminuiu em 472 mil pessoas (-0,5%), com 95,3 milhões de pessoas, frente ao trimestre anterior e subiu 9,4% (mais 8,2 milhões de pessoas) ante igual período de 2021.
O nível da ocupação na população em idade de trabalhar foi a 55,2%, queda de 0,4 % frente ao trimestre anterior (55,6%) e alta de 4,3 % comparado ao mesmo período do ano anterior (50,9%).
Subutilização
A taxa composta de subutilização (23,2%) caiu 1,1% . ante o trimestre anterior (24,3%) e 6,4 % em relação a igual trimestre de 2021 (29,6%).
A população subutilizada (26,8 milhões de pessoas) caiu 5,4% (menos 1,5 milhão ) contra o trimestre anterior (28,3 milhões ) e 20,3% (menos 6,8 milhões) frente a igual trimestre de 2021 (33,7 milhões de pessoas).
Insuficiência de horas trabalhadas
A população subocupada por insuficiência de horas trabalhadas (6,5 milhões) caiu 11,7% ante o trimestre anterior (redução de 860 mil pessoas) e 8,2% comparado ao mesmo trimestre de 2021, em que havia no Brasil 7,1 milhões de pessoas subocupadas.
Fora da força de trabalho
A população fora da força de trabalho (65,5 milhões de pessoas) cresceu 1,4% (mais 929 mil pessoas) ante o trimestre anterior e caiu 4,8% (menos 3,3 milhões de pessoas) no ano.
Desalento
A população desalentada (4,6 milhões de pessoas) caiu 4,1% (menos 195 mil pessoas) frente ao trimestre anterior e recuou 22,4% (menos 1,3 milhão de pessoas) ante igual trimestre de 2021.
O percentual de desalentados na força de trabalho (4,1%) ficou estável em relação ao trimestre anterior (4,3%) e caiu 1,4 p.p. frente ao mesmo trimestre de 2021(5,5%).
Carteira assinada
O número de empregados com carteira de trabalho assinada no setor privado (menos trabalhadores domésticos) foi de 34,9 milhões de pessoas, alta de 1,1% (mais 380 mil pessoas) ante o trimestre anterior e 10,7% na comparação anual (mais 3,4 milhões de pessoas).
Sem carteira assinada
O número de empregados sem carteira assinada no setor privado (12,2 milhões) ficou estável ante o trimestre anterior e subiu 19,3% (2 milhões de pessoas) frente a igual período de 2021.
Por conta própria
O número de trabalhadores por conta própria (25,3 milhões de pessoas) caiu 2,5% na comparação com o trimestre anterior (menos 660 mil pessoas) e aumentou 7,3% (mais 1,7 milhão de pessoas) frente ao mesmo período do ano anterior.
Trabalho doméstico
O número de trabalhadores domésticos (5,6 milhões de pessoas) ficou estável no trimestre e subiu 19,0% (mais 895 mil pessoas) no ano.
Informalidade
A taxa de informalidade foi de 40,1% da população ocupada, ou 38,2 milhões de trabalhadores informais. No trimestre de outubro a dezembro, a taxa havia sido de 40,7% e, no mesmo trimestre de 2021, 39,1%.
Com informações do IBGE