MENU

IG Metal pede ao governo alemão que ajude a manter o diálogo social no Brasil

Direção executiva do sindicato enviou carta ao ministro das Relações Exteriores da Alemanha pedindo que o governo daquele país demova Bolsonaro do rumo polarizador e agressivo

Publicado: 17 Abril, 2019 - 12h59 | Última modificação: 17 Abril, 2019 - 16h39

Escrito por: Redação CUT

Reprodução
notice

Em carta ao governo alemão, o presidente do IG Metal, Jörg Hofmann, e o diretor executivo, Wolfgang Lemb, falaram sobre suas preocupações com a situação atual da classe trabalhadora brasileira, vitima de ataques aos direitos sociais e trabalhistas desde o golpe de 2016, intensificados desde a eleição do presidente de extrema direita, Jair Bolsonaro (PSL).

Na carta, que foi enviada ao ministro das Relações Exteriores da Alemanha, os sindicalistas exigiram que ele fizesse tudo o que for possível para “demover o governo brasileiro do seu curso polarizador e agressivo“.

Segundo a carta, ”trata-se de garantir os direitos humanos e cidadãos no Brasil“.

Pediram, ainda, que o governo alemão faça ‚“valer sua influência sobre as empresas alemãs para que protejam os representantes sindicais nas suas filiais brasileiras e preservem o diálogo social como um bem superior da democracia“.

Confira aqui íntegra da carta e abaixo a tradução:

IG Metall Vorstand (Direção Executiva do IG Metall)

A todos os Conselhos de Empresa das empresas alemãs com filiais no Brasil

Organizar proteção para nossos colegas brasileiros

Queridas companheiras, queridos companheiros,

depois de uma campanha eleitoral que se orientou pela difamação contra os partidos de esquerda, sindicatos e movimentos sociais, e que polarizou a população, o candidato de extrema direita, Jair Bolsonaro, foi eleito presidente do Brasil em 28 de outubro de 2018.

Nossos companheiros sindicalistas brasileiros temem agora não somente repressão institucional, mas também tornar-se vítimas de simpatizantes fanáticos de Bolsonaro. Nós compartilhamos este temor e não somente devido às declarações agressivas de Bolsonaro durante a campanha eleitoral.

O ministro da Justiça do Brasil, Sérgio Moro, apresentou um plano que inclui a concessão de direitos especiais à Polícia. Entre outras coisas, os policiais não serão submetidos à ação legal se atirarem em "criminosos" como resultado de "efeito-surpresa", "medo" ou "violenta emoção".

Entretanto, representantes das empresas apoiam o governo do presidente Bolsonaro porque este prometeu estabilizar a situação e aprovar reformas amigáveis ao empresariado.

Nós enviamos uma carta ao nosso ministro das Relações Exteriores, tendo em vista sua iminente viagem ao Brasil, na qual lhe exigimos fazer tudo o que esteja no poder do governo federal alemão para demover o governo brasileiro do seu curso polarizador e agressivo. Trata-se de garantir os direitos humanos e cidadãos no Brasil.

Da mesma forma, o governo federal alemão deve fazer valer sua influência sobre as empresas alemãs para que protejam os representantes sindicais nas suas filiais brasileiras e preservem o diálogo social como um bem superior da democracia.

Nós lhes pedimos que apoiem o nosso propósito de organizar proteção para os companheiros sindicalistas brasileiros. Para isso, as seguintes ações seriam úteis:
● proponham o tema nas reuniões do GBR, KBR e EBR*, bem como nos conselhos de administração das empresas;
● consultem as direções das empresas a respeito do seu posicionamento em relação aos sindicatos e à situação política nas filiais brasileiras. Enviem um sinal à direção da empresa de que vocês não aceitarão quaiquer violações ligadas a esse contexto.
● ativem o intercâmbio com suas companheiras e seus companheiros brasileiros. Eles devem manter vocês informados se seu trabalho tem sido impedido ou se estão enfrentando dificuldades.

Agradecemos calorosamente o seu apoio e enviamos

Cordiais saudações,

Jörg Hofmann Wolfgang Lemb
Presidente Diretor Executivo


(*N.T.: Níveis nacional, europeu e global de funcionamento dos Conselhos de Empresa)