Impune, autor de ameaças contra jornalista é prestigiado com cargo público no RS
A Comissão de Mulheres diz que é lamentável que a impunidade ainda privilegie os agressores, enquanto as vítimas precisam lutar contra os traumas e também para reconstruir suas vidas
Publicado: 29 Maio, 2020 - 11h49 | Última modificação: 29 Maio, 2020 - 11h55
Escrito por: Érica Aragão
A Comissão Nacional de Mulheres da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) vê com preocupação a nomeação do jornalista Denian Couto como secretário de Comunicação Social da prefeitura de Porto Alegre (RS). Couto foi denunciado pela ex-noiva e também jornalista, Giulianne Kuiava, a quem ameaçou de morte em 2019, além de ter sido apontado como agressor de pelo menos outras duas mulheres. Couto e Giulianne trabalhavam na Rede Independência de Comunicação (RIC TV), em Curitiba (PR).
A ameaça de morte contra Giulianne se tornou pública após reportagem do The Intercept Brasil que, além de expor a situação, também incluía uma gravação em áudio em que Couto profere uma série de ameaças e insultos à jornalista. Além de conviver com o medo, Giulianne ainda era forçada a trabalhar em uma sala à parte dos demais colegas para evitar o contato com Couto – em uma clara política de estigmatização da vítima.
A publicização do caso foi seguida de manifestações do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Paraná (SindijorPR), culminando na demissão de Couto na ocasião. À época, um procedimento investigatório foi aberto pelo Ministério Público do Trabalho (MPT). Na esfera criminal, entretanto, sem negar as ameaças e sob alegação de ‘forte emoção’, Couto se esquivou do processo.
Esta Comissão de Mulheres registra que é lamentável que a impunidade ainda privilegie os agressores que, protegidos por outros homens, acabam sendo prestigiados, enquanto as vítimas precisam lutar contra os traumas e também para reconstruir suas vidas.
Infelizmente, a busca por uma sociedade com menos amarras patriarcais também passa pela necessidade de contar com estruturas que não encorajem a prática cotidiana de violência contra as mulheres. A impunidade nos empurra ao retrocesso e nos impede de avançar para a consolidação de políticas mais efetivas na garantia mínima de nossos direitos.
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