Inauguração da Estação Lula Livre dá início a 4ª Conferência de Formação da CUT
A 4ª Conferência de Formação foi uma construção coletiva com 27 etapas estaduais, 5 regionais, 6 temáticas em mais de 200 locais, elegeu cerca de 450 delegados e delegadas para a etapa nacional
Publicado: 27 Maio, 2019 - 18h52 | Última modificação: 27 Maio, 2019 - 19h16
Escrito por: Erica Aragão e Rafael Silva
Para oficializar a abertura da 4ª Conferência Nacional da Formação da CUT “Somos e fazemos o trem da história”, que começou nesta segunda-feira (27), em Belo Horizonte, o cenário da plataforma de uma estação ganhou um nome especial: “Estação Lula Livre”.
Assim que o nome foi anunciado, a plateia completamente lotada ficou de pé e os cerca de 450 delegados e delegadas levantaram o coro “Lula Livre”, aprovando a homenagem ao ex-presidente Lula, que não pôde estar presente porque é mantido preso político em Curitiba desde 7 de abril de 2018.
Na sequência, foi lida a carta que a equipe de Formação da CUT enviou a Lula para falar sobre seu legado para o país e lembrar a importância do ex-presidente para a conquista de direitos que o governo de extrema direita de Jair Bolsonaro (PSL), junto com os grandes empresários deste país, querem tirar da classe trabalhadora.
“Você, querido, presidente Lula, faz parte da construção desta história e segue sendo inspiração para a classe trabalhadora organizada. Orgulhamo-nos de ter construído e conquistado direitos que defendemos juntos com os demais companheiros da CUT por meio da eleição de um metalúrgico para presidente da República que transformou nosso país, promoveu inclusão e fez os trabalhadores acreditarem em si mesmos”, diz trecho da carta.
A resistência na construção da Conferência
A secretária Nacional de Formação da CUT, Rosane Bertotti, lembrou que a realização da Conferência foi aprovada em 2016, quando o Brasil ainda era outro, mas a CUT, segundo ela, nunca duvidou da capacidade da luta dos trabalhadores para construir a atividade que trará propostas para fortalecer ainda mais a maior central sindical do país e da América Latina.
"Quando decidimos fazer essa conferência, jamais imaginávamos que estaríamos vivendo um momento como esse, de tanta violência, de golpe e ataques aos direitos e muito menos que o nosso presidente estaria preso politicamente. Mas, mesmo assim, não deixamos de acreditar na capacidade e na luta dos trabalhadores e estamos aqui", disse a secretária de Formação da CUT, se referindo a construção da 4ª Conferência Nacional de Formação.
Bertotti destacou ainda que, além dessas questões, houve a tentativa de criminalização do movimento sindical e ataques às formas de financiamento das entidades.
"Quando pensamos em desistir, bebemos da base, que disse o seguinte: agora é que precisamos fazer a Conferência, pois o futuro do mundo do trabalho é agora".
“O fato das novas formas de trabalho estarem avançado deu a certeza que a CUT não poderia adiar mais esse debate. A central que nos deu tanta luta e conquistas precisa dar um novo passo, e a Formação tem um papel importante nessa construção", disse Bertotti.
A 4ª Conferência de Formação da CUT foi construída coletivamente, desde as etapas locais até a etapa nacional. Foram 27 Conferências estaduais, 5 regionais, 6 Conferências temáticas e mais de 200 locais que elegeram cerca de 450 delegados e delegadas para a etapa nacional.
"A Conferência teve um longo processo. Todos os cantos estão representados aqui. Do centro, norte, sul e interior dos estados. A atividade também é diversa, pois ouviu pessoas com deficiência, negros e negras, a juventude, LGBTs e muito mais", disse Rosane.
A vice-presidenta da CUT, Carmen Foro, elogiou todo o processo da Conferência e disse que a formação é estratégica para todas as frentes que a Central está vivendo, desde o enfrentamento aos ataques à classe trabalhadora, o futuro do trabalho e da organização CUTista.
“Temos que construir um plano de formação como planejamento da luta, temos que enfrentar os ataques deste governo contra a classe trabalhadora e ainda organizar o 13º Congresso da CUT, que será em outubro na Praia Grande. Além disso, temos que nos reinventar para enfrentar este capital com a Indústria 4.0 e construir a maior greve geral da história do nosso país para o próximo 14 de junho e a formação tem esta missão importante para contribuir com a central”, afirmou Carmen.
“Quando a gente luta, organiza os trabalhadores e fica mais forte. Vamos atravessar o mar, a tempestade e vamos construir a vitória da classe trabalhadora”, finalizou a vice-presidenta da CUT.
Emoção na abertura da Conferência em Belo Horizonte
A abertura da 4ª Conferência Nacional de Formação, desta segunda, começou com uma mística da escola São Paulo representado a região sudeste. Os educadores e a direção da escola entraram cantando uma adaptação de uma marchinha de carnaval “o abre alas”.
Ao som de violão, flauta, violino e sanfona, os artistas Susi e João Belo cantaram e recitaram poesias sobre o trem da formação. Os delegados e delegadas acompanharam as músicas e com o braço no ombro um do outro formaram o trem e passearam por todo o ginásio do Sesc Venda Nova, em Belo Horizonte.
Os rompimentos das barragens da Vale em Mariana e Brumadinho foram lembrados em forma de poesia. Também foi destacado que outra barragem da mineradora em Barão de Cocai, que pode se romper a qualquer momento.
O Secretário-Geral da CUT Minas Gerais, Jairo Nogueira Filho, fez as honras da casa e participou da abertura da 4ª Conferência Nacional de Formação da CUT. Ele disse que a presidenta da CUT Minas, Beatriz Cerqueira, que também é deputada Estadual, não esteve presente porque foi participar da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) sobre os rompimentos de barragens no Estado.
“Em Minas temos 800 barragens e 30 estão com risco de rompimento e estamos debatendo sobre a privatização, porque a Vale antes de ser privatizada não tinha estes acontecimentos e agora a ganância do capital só faz sobrar pra gente mortes de trabalhadores, rejeitos e rompimentos das barragens de minérios”, disse Jairo.
Segundo o Secretário-Geral da CUT Minas, com a conjuntura que estamos vivendo a 4ª Conferência Nacional de Formação é a esperança de pensarmos estratégias para a luta da classe trabalhadora.
“Nós sairemos daqui mais fortes eu não tenho dúvidas. As estratégias tiradas aqui serão fundamentais para fortalecimento da central e para construirmos a luta em defesa da classe trabalhadora”, finalizou Jairo, que elogiou a atividade e o cenário do trem, tão representativo para o Estado.
Solidariedade
A Conferência de Formação foi feita na base da solidariedade, do apoio e união dos sindicatos, que fizeram rifas, festas e doações.
“Isso é fruto do trabalho da rede de organização. Os organizadores também garantiram a participação de trabalhadores e trabalhadoras de diferentes e diversas regiões e a solidariedade foi fundamental para realização desta atividade”, lembrou a secretária de Formação da CUT, Rosane Bertotti.