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Índios, quilombolas, sindicalistas e parlamentares unidos em defesa da Amazônia

Ato em Marabá reúne população da Região Amazônica, parlamentares e representantes dos movimentos sociais e sindical para debater estratégias de luta coletiva e contínua em defesa dos povos da região

Publicado: 17 Outubro, 2019 - 15h42 | Última modificação: 17 Outubro, 2019 - 15h51

Escrito por: Redação CUT

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Mais de mil pessoas, entre eles centenas de indígenas do Pará e da Amazônia,  lotaram o ginásio de Marabá nesta quinta-feira (17) para participar do Ato Nacional em Defesa do Meio Ambiente e dos Povos da Amazônia, organizado pelo Fórum em Defesa da Amazônia.

A defesa da Amazônia, da floresta, dos animais e da água tem que estar atrelada a luta em defesa da vida porque queremos estar vivos e defender a floresta em pé
- Coordenação do ato

Todos os discursos dos representantes de entidades sociais e sindicais e os dos parlamentares que fizeram parte da mesa de abertura ressaltaram a importância da união dos movimentos e do parlamento para denunciar ao mundo os ataques que vêm ocorrendo na Região.

Nas falas foi reforçada que é preciso levantar a bandeira e defesa da floresta e do meio ambiente, sobretudo da população local, indígenas, quilombolas, seringueiros, posseiros, sem terras e estrativistas, vítima da violência na Amazônia, que têm estado na linha de frente para defender a vida e o meio ambiente.

A Secretária-Geral da CUT, Carmen Foro, saudou a todos os presentes “em nome do cacique Raoni” – também presente no ato - que é, segundo ela, “uma expressão da defesa da Amazônia e o principal alvo de ataque deste governo chamado Bolsonaro que nos fez aquela vergonha na ONU destratando nosso líder indígena”.

No pronunciamento feito na ONU no dia 24 de setembro, Jair Bolsonaro (PSL),  criticou ambientalistas, lideranças indígenas e questionou a representatividade do cacique Raoni para falar em nome dos povos tradicionais. “A visão de um líder indígena não representa a de todos os índios brasileiros. Muitas vezes, alguns desses líderes, como o cacique Raoni, são usados como peça de manobra por governos estrangeiros na sua guerra informacional para avançar seus interesses na Amazônia”, disse.

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Carmen Foro

Para Carmen, o ato realizado nesta quinta tem força e energia porque juntou o  presente e o passado para de construir o futuro A dirigente também lembrou a exterminação do povo indígena, que eram 5 milhões há 500 anos e hoje são menos de 1 milhão, que apesar de tudo continua resistindo na Amazônia brasileira. “É importante dizer que nós queremos denunciar as outras regiões do Brasil e denunciar ao mundo as atrocidades que aqui acontecem”.

“Nós queremos nos contrapor ao projeto de morte do governo atual que tenta colocar em prática projetos que estavam há mais de 40 anos nas gavetas. Projeto da época da ditadura militar. E isso não queremos para Amazônia e ue vamos rechaçar em todos os lugares”, disse Carmen.

A luta pela Amazônia é de todos os brasileiros, é coletiva, senão ninguém sobreviverá e é também uma luta contínua que não pode acontecer apenas nos momentos em que a Região vira manchete em todo o mundo por causa de crimes como a enorme onda de incêndios deste ano, disse a Secretária-Geral da CUT.  

“Nós temos de ter ações coletivas, temos gritar juntos para denunciar todas as atrocidades, como estamos enfrentamos e como enfrentaremos daqui pra frente, apresentando propostas, articulando, mobilizando um projeto de desenvolvimento sustentável para o Amazonas brasileiro”, afirmou Carmen, que complementou: “Estamos juntos e juntas e a Central Única dos Trabalhadores se soma a essa luta pela vida dos povos e das populações da Amazônia brasileira”.

Segundo a dirigente da CUT, a ideia do Fórum e do ato realizado nesta quinta  é ouvir os homens e as mulheres que têm enfrentado o problema, que têm estado constantemente no front da Região Amazônica, que têm sido atacados pelo atual governo e forças políticas e econômicas que estão articuladas na Região Amazônica, que têm sido atacados por aqueles que são os verdadeiros responsáveis pelos incêndio de agosto de 2019, enfim, os povos que estão fazendo enfrentamento na região e resistido contra um projeto de morte e de extermínio.  

Um representante da coordenação do Fórum explicou que o resultado dessas consultas ao povo local e dos debates que serão realizados nesta quinta farão parte de um documento que chamaram de Carta de Marabá que será enviada para o sínodo.

O Sínodo é uma reunião de mais de duas centenas de bispos da Igreja Católica. O tema da reunião que está acontecendo desde o dia 6 – termina no dia 27 - é "Amazônia: Novos Caminhos para a Igreja e para uma Ecologia Integral".

A deputada federal Jandira Feghali (PC do B-RJ), deu início a sua fala enaltecendo as 200 línguas indígenas que ainda resistem no país e afirmando que espera que sejam valorizadas e lembradas por todo território brasileiro porque “é muito importante e que nós saibamos valorizar e respeitar essa diversidade”.

Para a deputada, é importante que o Fórum denuncie e consiga solidariedade e compromisso no Brasil e no mundo, mas também é preciso pedir ajuda, pedir cooperação e por isso é importante ouvir a população da Região.

Segundo ela, o ato em Marabá foi fundamental para que todos aprendessem com os povos da região “porque é muito fácil falar sem ouvir as representações das pessoas que aqui vivem e sofre o dia a dia da exploração, da depredação, que sofrem com o abandono das políticas públicas, com a falta de escrúpulos do dinheiro que não vê limites para retirar de vocês a riqueza dessa região”.  

“O difícil é saber ouvir para errar menos e acertar”, como está sendo feito nesta quinta em Marabá, prosseguiu a deputada, concluindo que só assim será possível construir coletivamente as leis e as ações.

“A luta é por igualdade de direito dos povos indígenas, assentados, quilombolas, das mulheres, dos negros, da classe trabalhadora que estão sendo atacados no Congresso Nacional com as reformas da Previdência e Tributária”, disse o  presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), Aristides Veras.

“Será que eles vão aumentar os impostos dos mais riscos e diminuir os impostos dos mais pobres?”, ironizou Aristides, respondendo: “Lógico que não. Eles querem até entregar para estrangeiros nosso petróleo, nossa riqueza. Querem privatizar o Banco do Brasil, a Caixa Econômica, querem vender tudo e de graça”.

Segundo Aristides, a resistência ampla que está sendo construída na Região Amazônica vai unir todos na luta para enfrentar com firmeza a ganância do capital em um governo que não sabe representar o Brasil porque nem condição de representar tem.

O coordenador do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, Gilmar Mauro, propôs aos deputados e representantes das organizações populares e  sindicais presentes a construção, em março do ano que vem, entre os dias 19 e 22, do Fórum Popular da Natureza.

A ideia, segundo ele, é ouvir cientistas, debater a questão econômica e política, desenvolver um trabalho junto às escolas à juventude, adolescentes e  movimento popular para que realizar um grande ato no dia 22 de março Dia Mundial da Água.

Já o senador Paulo Rocha (PT) disse que depois de vencer a ditadura, eleger o ex-presidente Lula e construir junto com os movimentos sociais e sindicais políticas públicas em áreas essenciais como saúde e educação, o Brasil sofre um retrocesso e é preciso dar um basta no desmonte.

“Estamos vivendo uma ditadura de novo, inclusive do poder econômico internacional que usa o seus representantes aqui pra poder implementar outra vez um modelo de processo escravocrata no país. Por isso que eles estão destruindo tudo”.

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Paulo Rocha

“Bolsonaro, destruidor das nossas riquezas, entrega pro capital nossas conquistas de direitos, dos povos das pra floresta, onde vivem os indígenas que ele sabe que é maioria. Esse fórum serve pra gente unir os nossos interesses e nossas forças e direcionar uma força única na força do povo para dar um basta nessa situação e depois reconstruir uma sociedade do jeito que agente quer”, disse o senador.

“Viva a democracia e viva a luta dos povos!”, encerrou Paulo Rocha.

Cacique Raoni

O cacique Raoni iniciou sua fala pedindo para os índios fazerem uma apresentação, depois fez questão de dizer que é amigo de todos e que não quer prejudicar ninguém. Ele pediu a união de todos para “a gente ter mais força de lutar pela liberdade da Amazônia”.

“Eu quero dizer pra vocês também que nós temos que preservar nossa cultura e nossa tradição que é a nossa raiz e já vem de muito tempo”.

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Cacique Raoni

O cacique continuou dizendo ser contra homicídios, contra bandidos e ladrões ao contrário do governo Bolsonaro que, segundo ele, “está apoiando este tipo de gente, incentivando o povo brasileiro e contra os povos indígenas”.

“Eu quero que os brasileiros e os povos indígenas convivam em paz. É isto que eu estou levando para todas as regiões do Brasil e outros países”, disse, concluindo que o encontro em Marabá é importante para a união de forças para combater o governo atual que não respeita os povos da Amazônia.

“Todos os governos brasileiros anteriores respeitaram os povos da Amazônia e os povos indígenas e esse governo não respeita os povos da floresta e nem os indígenas”, disse Raoni.