Indústria demitiu mais de um milhão em 4 anos e achatou os salários em quase 15%
Só entre 2014, quando o país entrou oficialmente em recessão, e 2017, os cortes atingiram 1,1 milhão (12,5%) de trabalhadores. No mesmo período, os salários reais sofreram, em média, perda de 14,7%
Publicado: 06 Junho, 2019 - 16h01
Escrito por: Redação CUT
Desde 2013, a indústria brasileira vem demitindo mais e achatando os salários dos trabalhadores e trabalhadoras. Entre 2013 e 2017, o setor perdeu 14,8% dos postos de trabalho, o que significa a demissão de 1,3 milhão de trabalhadores e trabalhadoras. Só entre 2014, quando o país entrou oficialmente em recessão, e 2017, os cortes atingiram 1,1 milhão (12,5%) de trabalhadores.
Os dados são da Pesquisa Industrial Anual (PIA), divulgados nesta quinta-feira (6) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
De acordo com a PIA, a queda do emprego industrial se concentrou na indústria de transformação que perdeu 2,4% das vagas em uma década. Já as indústrias extrativas registraram crescimento de 22,1%.
A pesquisa mostra ainda que a receita da indústria brasileira caiu 7,7% entre 2014 e 2017. E que de pouco mais 9,03 milhões de empregados em 2013, o setor foi para 7,695 milhões, em 2017.
E quanto menos empregos, mais baixos os salários. Segundo a Pesquisa Industrial Anual, os salários reais sofreram, em média, perda de 14,7% desde 2014, variando de -13,9% no setor de transformação a 31,2% na indústria extrativa. O salário médio equivalia a 3,2 salários mínimos (R$ 3.493,00). A receita líquida de vendas caiu 7,7%.
Os dados mostram que a região Sudeste segue na liderança em termos de participação, mas perdendo um pouco de terreno. Em 2017, era responsável por 58% do valor de transformação industrial (VTI), calculado com base no valor bruto da produção menos os custos da operação – o Sudeste perdeu 4,2 pontos percentuais desde 2008. Em igual período, todas as outras cresceram: o Centro-Oeste avançaram 1,9 ponto, para 5,6% e o Sul ganhou 1,3, atingindo 19,6%. A região Nordeste tem 9,9% de participação (tinha 9,7%) e a Norte, 6,9% (eram 6,2%).
Esse deslocamento produtivo em direção ao Centro-Oeste se deu principalmente em razão da migração de plantas agroindustriais que eram dedicadas à fabricação de produtos alimentícios e passaram a participar da produção de biocombustíveis, fazendo com que essa atividade se tornasse uma das três mais relevantes da região, segundo o IBGE.
Entre os destaques do Nordeste está a fabricação de coque, derivados de petróleo e biocombustíveis, que assumiu a liderança da indústria do Rio Grande do Norte, com 25,6% do valor de transformação industrial desse estado. No Maranhão, a fabricação de celulose e papel já representa 22,6%, seguida pela extração de petróleo e gás (9,1%) outra estreante entre as três mais. Em Pernambuco, a fabricação de coque, derivados de petróleo e biocombustíveis se junta à fabricação de veículos, assumindo respectivamente, 11,8% e 10,9% do valor de transformação industrial local.
De acordo com o instituto, são 318,3 mil empresas industriais ativas no país, que pagaram R$ 300,4 bilhões em salários em 2017. A receita líquida de vendas somou R$ 3 trilhões. O VTI foi calculado em R$ 1,2 trilhão, sendo 91,3% apenas das indústrias de transformação – e, nessa área, apenas oito empresas responderam por 19%. As empresas com 500 funcionários ou mais representam quase 70% da receita.
No recorte por setor, o segmento de produtos alimentícios aumentou sua participação, respondendo por 22,9% da receita líquida, ante 16,1% em 2008. O setor que inclui veículos automotores, reboques e carrocerias perdeu 2,8 pontos percentuais, passando para de 11,7% para 8,9%.