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IndustriALL Brasil é ‘reação’ à desindustrialização e aos ataques a sindicatos

Articulação envolvendo sindicatos, federações e confederações das duas maiores centrais sindicais do país – CUT e Força – “é um fator relevante por si só”, afirmou Valter Sanchez, da IndustriALL Global Union

Publicado: 03 Dezembro, 2020 - 11h28 | Última modificação: 03 Dezembro, 2020 - 11h34

Escrito por: Redação RBA

Reprodução/TVT
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A articulação unitária entre as duas maiores centrais sindicais do país – CUT e Força Sindical - que em um esforço conjunto dos seus sindicatos, federações e confederações, criaram a IndustriALL Brasil foi um "momento histórico", afirmou o secretário-geral da IndustriALL Global Union, Valter Sanches.

A nova entidade vai propor políticas sustentáveis para o desenvolvimento industrial no Brasil. “É mais um passo no sentido da unidade de ação do movimento sindical. Os trabalhadores precisam de união”, disse Sanches.

Em entrevista ao Jornal Brasil Atual nesta quinta-feira (3), o dirigente destacou o processo de desindustrialização que assola o país. Outrora responsável por quase um terço das riquezas produzidas, o setor representa, atualmente, cerca de 10% do PIB.

“Esse governo ultraliberal, além de destruir o patrimônio público e privatizar aquilo que não é dele, não tem nenhuma estratégia de política industrial. E não tem política de comércio exterior que se sustente. Pelo contrário, está destruindo relações comerciais seculares com países que são importantes parceiros do Brasil”, afirmou o dirigente.

Sem ação estruturada por parte do Estado, portanto, a tendência é de agravamento desse processo, já que o mundo vive transformações importantes nas cadeias globais de valor, com a introdução de novas tecnologias no setor produtivo. “Sem uma política industrial sustentável, Brasil estará condenado a mais desindustrialização do que já vem sofrendo nos últimos anos.”

Organização

Além de propor políticas para o setor, a IndustriALL Brasil também deve fortalecer a atuação dos trabalhadores. Sanches destacou que a organização sindical brasileira – com divisão da representação por ramo, setor e município – favorece a fragmentação. A articulação entre CUT e Força Sindical, contudo, vem para se contrapor a esse movimento.

“Todas as nações desenvolvidas são aquelas que têm sindicalismo forte e atuante, como um parceiro social importante na sociedade”, disse Sanches. Ele citou como exemplo o Vietnã, que se industrializou depois da guerra e teve crescimento no nível de empregos e salários, graças à participação ativa dos sindicatos.

Por outro lado, Sanches também chamou de “balela” o discurso adotado pelo governo e pelo setor patronal de que é preciso reduzir o custo do trabalho no Brasil. Ele destacou, ademais, que o aprofundamento do processo de precarização das relações trabalhistas nos últimos anos enfraquece também o mercado interno.

“Chegou a um ponto em que o trabalhador não é mais um consumidor. Quando deixa de consumir, o país é mergulhado na recessão. Mas depois esse bumerangue volta contra a própria empresa”, afirmou.

Assista a entrevista: