Escrito por: Érica Aragão
Em carta para o presidente da multinacional, secretário-geral da IndustriALL Global, Valter Sanches, diz que manter a saída da Ford vai ferir a reputação da marca, num mercado importante como o Brasil
Reconsiderar a decisão do fechamento da Ford no Brasil e envolver os sindicatos para discutir saídas para a multinacional permanecer no país para preservar empregos e economia foi um dos pedidos escrito na carta enviada pelo Secretário-Geral da IndustriALL Global Union, Valter Sanches, para o Presidente e CEO da Ford Motor Company, Mr. James D. Farley, nesta quinta-feira (14).
O dirigente, que falou em nome de mais de cinquenta milhões de trabalhadores nos setores de mineração, energia e manufatura em todo o mundo, incluindo trabalhadores da Ford em muitos países que a Industriall representa, disse que escreveu a carta para expressar a indignação com a extrema decisão da empresa em deixar o Brasil após 102 anos de história de fabricação e vendas no país, com o fechamento das três fábricas restantes e levando a demissão de 5.000 trabalhadores, o que afetará cerca de 70.000 empregos adicionais no país.
ReproduçãoSanches ressalta que com tal decisão, a empresa mostra total falta de comprometimento com os trabalhadores que contribuíram ao seu sucesso por décadas, bem como não pagar os enormes incentivos que passaram de R$ 20 bilhões de reais nos últimos 20 anos.
“Ao manter tal posição, a reputação da marca será mortalmente ferida em um mercado importante como o Brasil”, afirma o secretário-geral da Industriall Global Union no texto.
Este anúncio repentino e unilateral foi um golpe devastador para os trabalhadores, suas famílias e seus comunidades, não só pelo conteúdo péssimo, mas também pela forma como foi feito: em nenhum discussão anterior com sindicatos representativos ou governos locais e no meio de uma pandemia onde todos já sofrem enormes pressões sociais, aponta o dirigente na carta.
Ele também lembra que tal comportamento é uma violação flagrante da Estrutura Internacional, acordo que a Ford assinou conosco desde 25 de abril de 2012, no qual assegurava cooperação e equilíbrio justo entre os interesses comerciais da empresa e os dos trabalhadores.
“Apelo à Ford para reconsiderar esta decisão e imediatamente se envolver com os respectivos sindicatos discutir conjuntamente alternativas viáveis para a permanência das unidades produtivas e dos empregos em Taubaté, Camaçari e Horizonte, além das cadeias produtivas”, finaliza o dirigente na carta.