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Inflação, emprego precário e salário baixo tiram comida da mesa dos trabalhadores

Pesquisa Datafolha mostra que 1 em cada 4 família avalia que a quantidade de comida disponível em casa é inferior ao necessário

Publicado: 28 Junho, 2022 - 13h10 | Última modificação: 28 Junho, 2022 - 18h42

Escrito por: Redação CUT | Editado por: Marize Muniz

Leonardo de França/Brasil de Fato
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Com a inflação acima de dois dígitos corroendo o poder de compra dos trabalhadores e trabalhadoras, que sofrem com os baixos salários, a informalidade e o desemprego, as famílias brasileiras enfrentam a insegurança alimentar, ou seja, não têm acesso a  alimentos em quantidade suficiente para satisfazer as necessidades.

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De acordo com pesquisa Datafolha, 1 em cada 4 família entrevistada este mês avalia que a quantidade de comida disponível em casa é inferior ao necessário. Para 26% dos entrevistados, a comida disponível nos últimos meses era abaixo do suficiente, enquanto 62% julgaram ser suficiente e apenas 12% diziam acreditar ser mais do que o suficiente.

Entre os que têm renda familiar de até dois salários mínimos (R$ 2.424), a sensação de insegurança alimentar, o receio de não ter o que comer, sobre para 38%.

Para os que recebem acima de dois e até cinco salários (R$ 6.060), o percentual é de 14%. Para quem recebe até dez salários mínimos (R$ 12.120), ela cai para 4%.

A pesquisa mostra que a quantidade insuficiente de comida afeta 32% dos moradores do Nordeste, 30% do Norte, 24% de quem vive no Centro-Oeste, 24% no Sul e 22% no Sudeste.

Entre os desempregados, 42% disseram que não tiveram o suficiente para alimentar a família.

Entre os que desistiram de procurar emprego o percentual é de 39%, donas de casa (38%) e os autônomos (27%).

Metodologia da pesquisa

A pesquisa Datafolha foi presencial e ouviu 2.556 pessoas com 16 anos ou mais em 181 municípios nos dias 22 e 23 de junho.

A margem de erro máxima é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos, dentro do nível de confiança de 95%.

Fome no Brasil atinge 33,1 milhões

Um estudo divulgado no início do mês mostra que 33,1 milhões de pessoas no Brasil estão em situação de fome.

De acordo com o 2º Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid-19 no Brasil, o país tem 14 milhões de pessoas a mais em situação de insegurança alimentar atualmente do que há um ano. Os principais motivos para o avanço da fome são a falta de políticas públicas, agravadas pelo cenário da pandemia.

A pesquisa revelou que 58,7% da população brasileira convive com a insegurança alimentar em algum grau – leve, moderado ou grave (fome). Atualmente, apenas quatro em cada 10 domicílios brasileiros conseguem manter acesso pleno à alimentação, ou seja, estão em condição de segurança alimentar.

Em números absolutos, são 125,2 milhões de brasileiros que passaram por algum grau de insegurança alimentar entre o final do ano passado e os primeiros meses desse ano. Trata-se de um aumento de 7,2% desde 2020, e de 60% em comparação com 2018.

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