Escrito por: Rosely Rocha

Intenções de votos em Lula sobem entre pobres e mulheres, diz Datafolha

Legado de Lula faz votos de mulheres e de pobres ser racional, diz pesquisadora se referindo a subida de 54% para 58% das intenções de voto entre os que ganham até 2 salário mínimos e de 1% entre as mulheres

Ricardo Stuckert

Os bilhões derramados na economia com diversos auxílios eleitoreiros que terminam no dia 31 de dezembro e que não estão previstos no orçamento para 2023, e o escândalo do orçamento secreto, que liberou outros bilhões para os aliados do presidente Jair Bolsonaro (PL), candidato à reeleição, não estão conquistando os sonhados votos das mulheres e dos eleitores mais pobres.

A pesquisa Datafolha, divulgada na sexta-feira (14), que apontou Lula com 53% dos votos válidos e Bolsonaro com 47%, para o segundo turno, no próximo dia 30, revela nesses dois grupos de eleitores a vantagem de Lula só aumenta.

Entre os eleitores que ganham até dois salários mínimos (R$ 2.224), metade dos brasileiros aptos a votar, as intenções de voto em Lula cresceram de 54% para 58% - o atual presidente caiu de 37% para 36%. A vantagem de Lula sobre Bolsonaro é de 22%.

Entre as mulheres tanto Lula como Bolsonaro subiram um ponto. O petista tem 51% ante 42% do seu adversário. Ou seja, 9% de diferença, enquanto nos votos válidos é de 6% As mulheres somam 52% dos eleitores do país.

Legado de Lula faz votos de mulheres e de pobres ser racional

A fidelidade desses segmentos do eleitorado a Lula vem da razão, da racionalidade que as pessoas têm de que os governos petistas aturam mais em relação a eles, promovendo uma melhora na qualidade de vida, com mais comida no prato, mais educação e saúde, analisa a socióloga Adriana Marcolino, técnica do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos.

“A população sabe que os auxílios do governo são eleitoreiros, que a vida dela piorou depois do governo de Michel Temer e com Bolsonaro. Os mais pobres e as mulheres sabem que mais Estado significa uma vida melhor”, diz Adriana.

Ela explica que mais Estado significa uma distribuição de renda mais equitativa, com um conjunto de políticas públicas que promova qualidade de vida.

Mais Estado significa educação de qualidade, merenda decente, mais vagas nas universidades, nas creches, saúde pública, medicamentos, mais lazer, programas de agricultura familiar funcionando- Adriana Marcolino

“É um conjunto de medidas. Por isso não adianta Bolsonaro vir com ações desarticuladas achando que vai convencer a população de que se importa com ela”, complementa Adriana.

Segundo a técnica do Dieese, o atual governo desmantelou não apenas essas políticas públicas, como também a política de valorização do salário mínimo. Com Lula não era só o reajuste do salário acima da inflação, havia ainda os estoques reguladores de alimentos para que em época da entressafra a população não pagasse mais caro pelos alimentos, que hoje, apesar da “deflação” ainda pesa no orçamento das famílias e deixa 33 milhões de pessoas passarem fome.

“O legado de Lula fez a população ter uma vida de quem está embaixo do topo da pirâmide financeira melhorar e as mulheres foram amplamente beneficiadas com as políticas públicas dos governos petistas. Mas quando um Estado direciona recursos, como no governo Bolsonaro, para o mercado financeiro, para orçamento secreto, a população percebe que essas medidas privilegiam apenas os ricos. Por isso reafirmo que o voto em Lula de mulheres e os mais pobres é um voto racional”, afirma Adriana.

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Outros dados do Datafolha

Nas outras faixas de renda, 53% dos que ganham de dois a cinco salários preferem Bolsonaro ante 41% do eleitorado que vota em Lula. Essa faixa de renda representa 35% do eleitorado. A margem de erro é de três pontos percentuais para baixo ou para cima.

Quem ganha de cinco a dez salários prefere Bolsonaro. São 52% e Lula fica com 40%. Esse segmento representa 8% dos eleitores. A margem de erro é maior, de sete pontos.

Entre os mais ricos, que ganham acima de 10 salários mínimos, (3% do eleitorado), Bolsonaro leva vantagem. Ele tem 53% ante 39% de Lula. A margem de erro aqui, porém, é muito mais alta, de 11 pontos, portanto na prática ambos seguem empatados.

No público masculino, Lula abriu dois pontos de diferença de Bolsonaro, mas eles continuam empatados tecnicamente. O ex-presidente agora tem 48% e o atual mandatário, 46%. 5% pretendem anular, e 1% está indeciso.

Metodologia

O levantamento do Datafolha ouviu presencialmente 2.898 pessoas na quinta (13) e na sexta-feira (14). A pesquisa foi contratada pela Folha e pela TV Globo e está registrada na Justiça Eleitoral sob o número BR-01682/2022.