Irmã de governador de Roraima é alvo de operação da PF
Agentes realizaram buscas na casa de Vanda Garcia em operação que investiga suposta lavagem de dinheiro vindo de ouro ilegal
Publicado: 10 Fevereiro, 2023 - 14h59 | Última modificação: 10 Fevereiro, 2023 - 15h07
Escrito por: Redação CUT | Editado por: Marize Muniz
Um dos alvos de busca da operação que a Polícia Federal realiza nesta sexta-feira (10) para apurar suspeitas de lavagem de dinheiro vindo do ouro ilegal é Vanda Garcia, irmã do governador de Roraima, Antônio Denarium. Agentes realizaram buscas na casa de Vanda Garcia.
Em nota, a assessoria do governador informou que ele desconhece o teor da investigação e “espera que as eventuais responsabilidades sejam apuradas na forma da lei”.
Os agentes da PF cumpriram oito mandados de busca e apreensão, além de bloqueio de bens, em Roraima e Pernambuco.
O esquema de lavagem de dinheiro teria movimentado R$ 64 milhões em 2 anos. Os valores teriam como origem a compra e venda de ouro ilegal e contava com empresas de fachada para dar legalidade às transações financeiras.
De acordo com a PF, os “suspeitos receberiam valores de diversos financiadores pelo Brasil e sacariam ou transfeririam os valores para pessoas e empresas no estado de Roraima, as quais seriam responsáveis pela compra de ouro ilegal".
As investigações começaram depois que um suspeito do esquema deu informações inconsistentes ao ser abordado pela Polícia Rodoviária Federal (PRF). Esse suspeito ocultou uma viagem recém-realizada a Rondônia. O fato foi encaminhado à PF, que indicou o envolvimento do homem com outros suspeitos.
Nos últimos dias, Denarium foi alvo de críticas por falas sobre a crise humanitária yanomami no Estado de Roraima. Em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo, o governador afirmou que a crise humanitária dos yanomamis é um problema de anos, que não acredita ser possível vincular o garimpo à situação dos indígenas e defendeu que eles devem se adaptar aos centros urbanos.
“Tenho 260 escolas em comunidades. Eles querem ser advogados, professores, médicos. Eu acho correto. Eles [indígenas] têm que se aculturar, não podem mais ficar no meio da mata, parecendo bicho. Eles têm que estar lá com condição, com estrada, escola, posto de saúde, fazendo agricultura deles, produzindo macaxeira, farinha”, disse Denarium.
O Ministério Público Federal (MPF) instaurou inquérito para apurar a responsabilidade cível do governo de Roraima depois das falas.
Segundo o procurador Alisson Marugal, as declarações ofendem a imagem coletiva dos yanomamis, rotulando-os como bichos, e expressam opinião depreciativa que implicaria que os indígenas não poderiam viver seu modo de vida tradicional.