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Itaú demite bancária que ficou doente por causa da pressão e assédio no trabalho

Trabalhadora retornou de afastamento devido a LER/Dort, mas inépcia dos gestores acabou causando problemas psicológicos; e ainda por cima, como consequência, ela foi demitida

Publicado: 04 Junho, 2018 - 17h14

Escrito por: Danilo Motta, Redação Spbancarios

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É cada vez maior o número de trabalhadores do banco Itaú diagnosticados com transtornos mentais causados pela cobrança de metas abusivas e assédio moral nos locais de trabalho. Somam-se a isso os recorrentes casos de LER/Dort que são diagnosticadas devido ao acúmulo e sobrecarga de trabalho.

Foi o que aconteceu com Luisa (nome fictício), bancária do Itaú desde 1988. Ela foi funcionária da área operacional de uma agência na região central de São Paulo, mas, devido ao ritmo de trabalho exaustivo, desenvolveu problemas no ombro em 2013 e teve que se afastar do trabalho para concluir o tratamento em agosto de 2017. A trabalhadora fez cirurgia, fisioterapia e só conseguiu Auxílio-Acidente do INSS mediante um processo judicial.

Ao retornar ao trabalho, foi encaminhada ao Programa de Readaptação do Itaú, onde teve carga reduzida, fisioterapia e acompanhamento médico. O problema foi a falta de preparo dos gestores do banco para lidar com situação – o que levou a bancária desenvolver crises de pânico, motivando novos afastamentos.

“O meu pós-operatório teve consequências que geravam muita dor, principalmente ao digitar ou segurar o telefone. Também tenho dificuldade em ficar em local fechado. Os gestores anteriores me deixavam ficar em um espaço mais arejado, mas uma gestora queria que eu ficasse no subsolo, substituindo um gerente”, explicou a bancária.

“É vergonhosa esaa prática do Itaú com os funcionários que adoecem, pois na hora que mais precisam do banco são descartados, sofrem assédio moral e discriminação. A empresa cria um programa de readaptação que só existe no papel e não prepara os gestores para receber um trabalhador quando retorna ao trabalho depois de um período de afastamento. O banco deveria investir em formação de gestores e funcionários para que entendam que todos estão sujeitos a se afastarem por doença ocupacional e que saúde é essencial”, completou a trabalhadora, que foi demitida em maio deste ano, mesmo recebendo auxílio devido ao acidente de trabalho.

A diretora do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região, Valeska Pincovai, atenta que casos como este devem ser imediatamente denunciados ao Sindicato.

“Temos de nos mobilizar e dar um basta. Chega de assédio moral, mais respeito aos trabalhadores! O banco tem de negociar um programa de readaptação que seja eficiente e humano, e os gestores e funcionários têm de ser conscientizados, por meio de cursos, palestras e comunicados, sobre as doenças ocupacionais”, alertou a dirigente.

Após orientação dos dirigentes sindicais, a bancária informou que irá ajuizar uma ação contra o banco, pedindo sua reintegração.

Importância do Sindicato

Valeska alerta também para a importância de, em caso de demissão, fazer a homologação no Sindicato, e não no próprio banco. Dessa forma, é possível averiguar, com pessoas comprometidas exclusivamente com o trabalhador se algum direito está sendo violado.

Caso o banco queira realizar a homologação internamente, ainda assim é fundamental comparecer ao Sindicato antes de assinar qualquer termo de quitação. Assim, será possível calcular, inclusive, o valor que a empresa deverá creditar na ocasião do desligamento.