Escrito por: Redação SPbancários
Pressão para o retorno ao trabalho presencial ocorre mesmo sem o banco estar oferecendo um ambiente seguro nas agências e departamentos
Por meio de gestores, e escorado pelo departamento médico, o Itaú tem ignorado as condições clínicas individuais e pressionado a retornarem ao trabalho presencial bancários do grupo de risco e com comorbidades graves, como câncer, cardiopatias, lúpus, imunossupressão; e transplantados. Esses trabalhadores têm relatórios médicos recomendando o home office.
Essa pressão para o retorno ao trabalho presencial ocorre mesmo sem o banco estar oferecendo um ambiente seguro nas agências e departamentos – como testagem recorrente, Equipamentos de Proteção Individual (EPI) de ponta, higienização frequente do local de trabalho, troca constante do ar e ambientes livres de aglomeração.
Há um caso específico em que a trabalhadora com comorbidade ficou em casa durante todo o ano de 2020, sem que o banco tivesse disponibilizado computador para o home office. Com isso, a bancária acumulou dezenas de horas negativas. Agora o Itaú pressiona para que ela retorne ao trabalho. O Sindicato interveio, e a empresa sugeriu que ela se afaste pelo INSS.
“Mas não é o caso de a trabalhadora se afastar. Ela tem condições de trabalhar, mas desde que o banco forneça as condições e os equipamentos para o home office. Mas ao invés disso, ela ficou meses em casa, sem que o banco tivesse disponibilizado equipamento para o trabalho, e agora está se se sentindo pressionada a voltar, por meio de ameaças”, relata Carlos Damarindo, secretário de Saúde do Sindicato e bancário do Itaú.
Outro trabalhador com comorbidade aponta que sofreu ironia do gestor, pactuado com a área médica do banco, quando foi indagado se não saiu de casa em nenhum momento desde março do ano passado.
“Só que uma coisa é sair durante uma ou duas horas por semana, apenas para o essencial, como idas ao mercado, farmácia ou feira, utilizando máscara PFF2 ou N-95, e outros equipamentos de proteção individual. Outra bem diferente é ficar exposto ao vírus seis ou oito horas por dia, vários dias por semana, em ambientes com aglomeração, sem sanitização adequada, sem renovação adequada do ar, sem equipamentos de proteção individual recomendados e sem testagem recorrente”, pontua Damarindo.
Em contato com o Itaú, o Sindicato cobrou que o médico do trabalho e o banco assinem um termo de responsabilidade sobre a vida e a saúde desses trabalhadores com comorbidade e do grupo de risco que estão sendo pressionados a retornarem ao trabalho presencial.
“O Itaú tem de respeitar as condições de saúde dos trabalhadores. Já que uma série de bancários já estão retornando presencialmente, por que não deixar os casos de funcionários com comorbidade e do grupo de risco em home office, com equipamentos necessários para o desempenho da função profissional?”, questiona Damarindo.
Segundo o dirigente, um grupo muito pequeno de trabalhadores se encontra nessas condições, que além de terem o problema de saúde, ainda sofrem pressão para o retorno, o que pode resultar em problemas de ordem psicológica.