MENU

Jogador do Irã é condenado à morte por defender vítima do autoritarismo do país

Amir Nasr-Azdani tem apenas 26 anos e prestou solidariedade à jovem Mahsa Asmini, presa e morta pela polícia iraniana por não ter coberto os cabelos por completo, fato que gerou onda de protestos no país

Publicado: 16 Dezembro, 2022 - 12h06 | Última modificação: 16 Dezembro, 2022 - 15h41

Escrito por: Redação CUT/Texto: André Accarini | Editado por: Marize Muniz

reprodução
notice

Ao mesmo tempo em que Copa do Mundo de 2022, no Qatar, traz aos olhos do planeta a realidade de violação de direitos humanos no país sede que vão de agressões e perseguição a jornalistas e mulheres até a morte de milhares – quase 7 mil – trabalhadores na construção dos estádios, a mobilização em defesa de um jogador da seleção iraniana chama a atenção a comunidade internacional.

Amir Nasr Azadani, 26 anos, jogador do Iranjavan, foi condenado à morte e pode ser enforcado por ter participado de protestos pelos direitos das mulheres no Irã, que começaram após a morte de Mahsa Amini, de 22 anos, após ser presa e morta pela polícia por não estar com os cabelos cobertos como rezam os costumes do país.

A onda de protestos contra o regime autoritário do Irã tem levado personalidades internacionais a protestar. Atrizes de renome, inclusive, divulgaram imagens próprias cortando seus cabelos e se tornando símbolos de protesto e solidariedade às mulheres no Irã.

Estrelas como Juliette Binoche, Marion Cotillard e Isabelle Huppert aderiram ao movimento denominado Hair For Freedom (cabelo pela liberdade). No Brasil, as atrizes da novela Órfãos da Terra, da Rede Globo, também participaram.

Além das personalidades até a seleção iraniana, dirigida pelo técnico português Carlos Queiroz, durante a Copa do Mundo, se recusou a cantar o hino do país no jogo contra a Inglaterra, em protesto ao regime autoritário.

A decisão de não cantar o hino veio após cobranças sobre o posicionamento da seleção sobre os protestos no Irã. O capitão Ehsan Hajsafi foi o primeiro do time a se manifestar afirmando “estamos com eles [manifestantes] e os apoiamos. Nós simpatizamos com eles”.

A FIFPro, Federação Internacional dos Jogadores Profissionais de Futebol, organização que representa jogadores profissionais de futebol em nível mundial se manifestou por meio de nota e nas redes sociais afirmando estar “chocada e enojada com relatos de que o jogador de futebol profissional Amir Nasr-Azadani enfrenta a execução no Irã depois de fazer campanha pelos direitos das mulheres e liberdade básica em seu país”.

A nota manifesta ainda a solidariedade ao jogador e exige a “remoção imediata de sua punição”. A ação da FIFpro inclui um manifesto lançado na internet exigindo a liberdade para o jogador. O manifesto relata que Amir Nasr-Azdani foi condenado à morte por “traição depois de mostrar seu apoio aos direitos humanos”.

A entidade lançou um manifesto que pode ser assinado por cada cidadão do mundo todo para exigir que o governo do Irã pare a execução do jogador.

Acesse a petição aqui

"Não apenas assinem. Compartilhem com seus contatos e redes sociais! Temos que salvar este menino de 26 anos que se revoltou com a morte da moça de 22 anos pelo governo iraniano só porque ela não estava usando o lenço chamado hijab", reforça a secretária da Mulher Trabalhadora da CUT, Juneia Batista.

 

 

 

Fifa

Apesar de Amir não estar entre os convocados da seleção iraniana, a Fifa, organizadora do mundial até agora não se posicionou sobre o caso. Em sua coluna para o UOL, o ex-jogador e comentaristas Walter Casagrande Jr. afirmou que “as seleções deveriam se recusar a jogar a final da Copa do Mundo em solidariedade ao companheiro de profissão”.

O crime, segundo a Justiça do país, foi ter traído o Estado Islâmico do Irã por, supostamente, ter organizado um protesto em favor dos direitos das mulheres que terminou com três policiais mortos.

De acordo com o Blog Panorama Esportivo d´O Globo a FIFA poderia “aplicar sanções administrativas à Federação Iraniana de Futebol, a exemplo do que fez com a Rússia em razão da guerra contra a Ucrânia que fez com que os times e a seleção russa foram suspensos das competições oficiais”.

O respeito aos Direitos Humanos faz parte do estatuto da FIFA. O item 3 do documento diz que a entidade “está empenhada em respeitar todos os direitos humanos reconhecidos internacionalmente e se esforçará para promover a proteção desses direitos”.

O Irã é filiado ao Comitê Olímpico Internacional (COI) e as sanções podem atingir os outros esportes. Assim como a FIFA, o COI tem compromisso com os Direitos Humanos assumido em estatuto.