Escrito por: Redação CUT/Texto: André Accarini

Jogador do Irã é condenado à morte por defender vítima do autoritarismo do país

Amir Nasr-Azdani tem apenas 26 anos e prestou solidariedade à jovem Mahsa Asmini, presa e morta pela polícia iraniana por não ter coberto os cabelos por completo, fato que gerou onda de protestos no país

reprodução

Ao mesmo tempo em que Copa do Mundo de 2022, no Qatar, traz aos olhos do planeta a realidade de violação de direitos humanos no país sede que vão de agressões e perseguição a jornalistas e mulheres até a morte de milhares – quase 7 mil – trabalhadores na construção dos estádios, a mobilização em defesa de um jogador da seleção iraniana chama a atenção a comunidade internacional.

Amir Nasr Azadani, 26 anos, jogador do Iranjavan, foi condenado à morte e pode ser enforcado por ter participado de protestos pelos direitos das mulheres no Irã, que começaram após a morte de Mahsa Amini, de 22 anos, após ser presa e morta pela polícia por não estar com os cabelos cobertos como rezam os costumes do país.

A onda de protestos contra o regime autoritário do Irã tem levado personalidades internacionais a protestar. Atrizes de renome, inclusive, divulgaram imagens próprias cortando seus cabelos e se tornando símbolos de protesto e solidariedade às mulheres no Irã.

Estrelas como Juliette Binoche, Marion Cotillard e Isabelle Huppert aderiram ao movimento denominado Hair For Freedom (cabelo pela liberdade). No Brasil, as atrizes da novela Órfãos da Terra, da Rede Globo, também participaram.

Além das personalidades até a seleção iraniana, dirigida pelo técnico português Carlos Queiroz, durante a Copa do Mundo, se recusou a cantar o hino do país no jogo contra a Inglaterra, em protesto ao regime autoritário.

A decisão de não cantar o hino veio após cobranças sobre o posicionamento da seleção sobre os protestos no Irã. O capitão Ehsan Hajsafi foi o primeiro do time a se manifestar afirmando “estamos com eles [manifestantes] e os apoiamos. Nós simpatizamos com eles”.

A FIFPro, Federação Internacional dos Jogadores Profissionais de Futebol, organização que representa jogadores profissionais de futebol em nível mundial se manifestou por meio de nota e nas redes sociais afirmando estar “chocada e enojada com relatos de que o jogador de futebol profissional Amir Nasr-Azadani enfrenta a execução no Irã depois de fazer campanha pelos direitos das mulheres e liberdade básica em seu país”.

A nota manifesta ainda a solidariedade ao jogador e exige a “remoção imediata de sua punição”. A ação da FIFpro inclui um manifesto lançado na internet exigindo a liberdade para o jogador. O manifesto relata que Amir Nasr-Azdani foi condenado à morte por “traição depois de mostrar seu apoio aos direitos humanos”.

A entidade lançou um manifesto que pode ser assinado por cada cidadão do mundo todo para exigir que o governo do Irã pare a execução do jogador.

Acesse a petição aqui

"Não apenas assinem. Compartilhem com seus contatos e redes sociais! Temos que salvar este menino de 26 anos que se revoltou com a morte da moça de 22 anos pelo governo iraniano só porque ela não estava usando o lenço chamado hijab", reforça a secretária da Mulher Trabalhadora da CUT, Juneia Batista.

 

 

FIFPRO is shocked and sickened by reports that professional footballer Amir Nasr-Azadani faces execution in Iran after campaigning for women’s rights and basic freedom in his country.

We stand in solidarity with Amir and call for the immediate removal of his punishment. pic.twitter.com/vPuylCS2ph

— FIFPRO (@FIFPRO) December 12, 2022

 

Fifa

Apesar de Amir não estar entre os convocados da seleção iraniana, a Fifa, organizadora do mundial até agora não se posicionou sobre o caso. Em sua coluna para o UOL, o ex-jogador e comentaristas Walter Casagrande Jr. afirmou que “as seleções deveriam se recusar a jogar a final da Copa do Mundo em solidariedade ao companheiro de profissão”.

O crime, segundo a Justiça do país, foi ter traído o Estado Islâmico do Irã por, supostamente, ter organizado um protesto em favor dos direitos das mulheres que terminou com três policiais mortos.

De acordo com o Blog Panorama Esportivo d´O Globo a FIFA poderia “aplicar sanções administrativas à Federação Iraniana de Futebol, a exemplo do que fez com a Rússia em razão da guerra contra a Ucrânia que fez com que os times e a seleção russa foram suspensos das competições oficiais”.

O respeito aos Direitos Humanos faz parte do estatuto da FIFA. O item 3 do documento diz que a entidade “está empenhada em respeitar todos os direitos humanos reconhecidos internacionalmente e se esforçará para promover a proteção desses direitos”.

O Irã é filiado ao Comitê Olímpico Internacional (COI) e as sanções podem atingir os outros esportes. Assim como a FIFA, o COI tem compromisso com os Direitos Humanos assumido em estatuto.