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Jornada de lutas leva movimentos do campo às ruas

Em São Paulo, MST e MAB promovem manifestação nesta quinta-feira (12)

Publicado: 11 Março, 2015 - 15h03 | Última modificação: 12 Março, 2015 - 12h55

Escrito por: Luiz Carvalho e William Pedreira com informações do MST, Fetraf e MAB

Fetraf-Sul
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Movimentos sociais do campo (Fetraf, Via Campesina e MST) iniciaram nesta semana a Jornada Nacional de Lutas da Agricultura Familiar e Camponesa.

As mobilizações prosseguem até o dia 13 março e ocorrem simultaneamente em diversas capitais do País tendo como principal reivindicação a retomada da reforma agrária.

Outros eixos de luta são: priorizar a agroecologia como alternativa ao agronegócio e ao capital estrangeiro, soluções para a crise do setor leiteiro (causada pela queda do preço do leite pago ao produtor e o agravamento da situação com a paralisação dos caminhoneiros) e da habitação rural (imediata contratação dos projetos que aguardam liberação de recurso junto aos agentes financeiros).

Os atos convocados pelos movimentos do campo se inserem na agenda de lutas deste mês de março, com especial destaque para o Dia Nacional de Luta em defesa dos direitos da classe trabalhadora, da Petrobrás, da Democracia e da Reforma Política (13 de março).

“Neste momento importantíssimo da conjuntura política brasileira, as mobilizações por reformas são colocadas no centro do debate e o campo não pode ficar de fora, porque é parte da resposta da classe trabalhadora à tentativa de inserir uma agenda de retrocesso no país. A CUT defende que mantenhamos como prioridade a produção de comida para o combate à fome e à pobreza e não as commodities”, defende a vice-presidente da CUT, Carmen Foro.

As entidades do campo alertam para a necessidade de as políticas de Estado avançarem e impedirem que os ajustes fiscais não prejudiquem programas como o Pronaf (Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar), destinado a quem é responsável por 70% dos alimentos na mesa dos brasileiros.

Conforme destaca o coordenador da Federação dos Trabalhadores da Agricultura Familiar (Fetraf), Marcos Rochinski, o governo precisa ampliar a atuação do Ministério do Desenvolvimento Agrário para que também cuide do desenvolvimento rural.

“Uma das nossas fragilidades é a comercialização e por isso queremos que a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) esteja dentro desse ministério, ao invés de ficar sob responsabilidade do Ministério da Agricultura. Assim como é necessário trazer a Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) para tenhamos apoio no aprimoramento da produção e proteção do que produzimos. O ministério do Desenvolvimento Agrário precisa deixar de ser uma pasta exclusivamente de crédito para dialogar com outras pautas da agricultura familiar”, disse.

Rochinski diz ainda que a pressão dos movimentos do campo será fundamental para ampliar ações como o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) e o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), por meio dos quais o governo adquire os produtos para utilizar na merenda e repassar a populações em situação de risco.

Para Débora Nunes, da coordenação nacional do MST, a Jornada é o momento de mostrar à sociedade que a reforma agrária popular pode contribuir efetivamente para resolver problemas estruturais de toda a sociedade.

Segundo Débora, a Jornada se insere como ferramenta combativa diante da atual conjuntura política e social do campo brasileiro.

“O campo vive um momento delicado, com a estagnação da reforma agrária, a indicação de uma pessoa que historicamente afronta os interesses dos camponeses (a ministra da Agricultura, Kátia Abreu) e o aporte do governo federal, que só no ano passado destinou R$ 130 bilhões ao setor do agronegócio. O latifúndio segue na concentração de terras, no avanço de territórios indígenas e quilombolas. Ações como essa mostram que o campo segue vivo na luta pela reforma agrária e pela garantia de direitos”, afirma.

De acordo com a Sem Terra, as reformas, como a agrária, a política e a da comunicação são as mudanças estruturais necessárias para que o povo tenha representatividade política e institucional.

"Isso ficou ainda mais claro depois das últimas eleições que colocou o Congresso Nacional nas mãos das bancadas mais conservadora desde 1964. Por isso, dependemos da compreensão da classe trabalhadora em torno da unidade de um projeto popular para o Brasil, em torno daquilo que pode avançar para que as transformações sociais que o povo precisa sejam feitas”, disse.

Movimentos sociais do campo realizam ato unificado em SP

Milhares de camponeses de diversas regiões do país sairão em marcha nesta quinta-feira (12) na cidade de São Paulo. O ato, organizado pelo MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), MAB (Movimento dos Atingidos por Barragens) e FETRAF(Federação dos Trabalhadores na Agricultura Familiar) tem como objetivo a luta pelos direitos no campo e a defesa do projeto popular para o Brasil.

A concentração está prevista para as 14hrs no vão do MASP. De lá, os militantes seguem em marcha até a sede da Secretaria Geral da Presidência da República, localizada na Av. Paulista, onde entregarão uma pauta unitária direcionada ao governo federal. Uma reunião está pré-agendada no mesmo local.

Entre os principais pontos de pauta estão reivindicações sobre questões estruturais ligadas aos trabalhadores do campo, como a reforma agrária popular, a soberania familiar, alimentar e territorial. O objetivo é denunciar as diversas formas de opressão causadas pelo modelo do agronegócio, atualmente financiado pelas diversas instancias do governo.  

Também questões conjunturais como a realização do Plebiscito Oficial para a Reforma Política, a democratização dos meios de comunicação e a luta pelos direitos trabalhistas.

Os movimentos lutam ainda pelo cancelamento imediato de todos os aumentos nas contas de luz previstas para entrar em vigor em 2015, a realização de mudanças políticas e institucionais para superar o modelo energético de mercado, em defesa da Petrobrás e contra a privatização de todos as matrizes energéticas.