Jornalista da CUT-RS e repórter da TVT lançam fotolivro sobre Diógenes Oliveira
O lançamento contou com a presença de quadros históricos da esquerda gaúcha, como o bancário aposentado Paulo de Tarso Carneiro, o ex-prefeito Raul Pont e o ex-governador Olívio Dutra
Publicado: 01 Novembro, 2023 - 16h43 | Última modificação: 01 Novembro, 2023 - 16h52
Escrito por: CUT-RS
Os jornalistas Matheus Piccini e Guilherme Oliveira autografaram a obra feita pelos dois ex-colegas da Faculdade de Comunicação Social (Famecos,) da PUCRS.
Piccini é atual jornalista da CUT-RS, fazendo a cobertura local de imprensa da maior central sindical da América Latina. Guilherme atua como repórter da TVT no Rio Grande do Sul, produzindo matérias para o “Seu Jornal” que vai ao ar de segunda a sexta, das 19h às 19h45, pelo Facebook e Youtube.
A dupla militou junto no movimento estudantil, foram da mesma gestão no Centro Acadêmico, realizaram a cobertura da Caravana do Lula na região Sul, em 2018, e decidiram partir para mais um desafio.
Retratos de um guerrilheiro
Diógenes era natural de Cerrito, no interior do município de Júlio de Castilhos, e faleceu aos 79 anos em Porto Alegre. Foi bancário, eletricitário, trovador, poeta bissexto, guerrilheiro, preso político, torturado e exilado.
Participou da Campanha da Legalidade, em 1961, e da luta armada contra o golpe de 1964, mudando até de nome ao sair do Brasil, em 1970, no período da ditadura.
Exilou-se primeiro no Chile, depois passou por México, Cuba, Coréia do Norte, Bélgica, Portugal e Guiné-Bissau, na África. Voltando ao Brasil, ajudou a criar o PT e foi secretário municipal dos Transportes no primeiro governo do partido em Porto Alegre (1989-1992).
Fotolivro
Foto: Guilherme Oliveira
O fotolivro traz imagens de Diógenes antigas, como dele criança no seminário e na luta contra o regime militar, e também atuais, como as da abertura da Casa de Memória, em setembro deste ano. Os autores se valeram de uma estética de revista para compor um livro dinâmico, atraente e moderno.
Segundo Piccini, “foi um trabalho que levou mais de 20 horas de revisão. Optamos por um design mais leve, com bastante espaços em branco, sem páginas repletas de texto, para que os leitores desfrutem de uma leitura mais suave”.
“Até a gurizada que não é muito de ler textos mais longos, fica mais rolando o feed, ou passando stories, vai parar para ler”, aposta Guilherme, filho de Diógenes.
Memória, cultura e jornalismo
O lançamento foi prestigiado por quadros históricos da esquerda gaúcha, como o bancário aposentado Paulo de Tarso Carneiro, o ex-prefeito Raul Pont e o ex-governador Olívio Dutra, que compartilharam lembranças dos tempos de resistência à ditadura militar.
Uma das histórias contadas foi a do tio comunista de Olívio, que havia sido preso em São Luís Gonzaga, e depois visitou o sobrinho igualmente preso em Porto Alegre, durante a greve dos bancários, em 1979. "Vim te retribuir a visita", disse.
Olívio na Memória
Foto: Katia Marko
Também compareceram a deputada estadual Sofia Cavedon (PT), o vereador Jonas Reis (PT), o presidente do Sindipolo, Ivonei Arnt, a diretora do Simpa, Beth Charão, o jornalista Moisés Mendes, dirigentes sindicais, militantes do PT e movimentos sociais. Eles fizeram uma fila para pegar autógrafos, lendo o fotolivro até o início de mais uma edição do evento Flor del Pago. Desta vez, o curador e cantor Ciro Ferreira recebeu a cantora Su Paz e a dançarina Marta Severo.
Guilherme destacou também a importância do jornalismo do Brasil de Fato, que imprimiu um jornal especial de quatro páginas com a entrevista sobre o fotolivro e a Casa Diógenes Oliveira. O veículo da mídia alternativa e popular foi representado pela coordenadora política Saraí Brixner e pela editora, jornalista Katia Marko.
Houve ainda a celebração dos 25 anos da vitória da Frente Popular no RS, em 1998, e homenagem ao Diógenes no aniversário de um ano de sua partida.
Entre sorrisos e lágrimas, fica uma certeza. A Cidade Baixa tem um centro de memória e a luta destemida de Diógenes seguirá, mantendo viva a frase “Ousar lutar, ousar vencer”, do capitão e companheiro de luta Carlos Lamarca, assassinado em 1971 pela ditadura, que entrou na história de resistência do povo brasileiro ao golpe e pela democracia.
Assista à reportagem de Sandro Reis