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Jornalista é vítima de abuso sexual no metrô de São Paulo

Abuso aconteceu por volta das 19h30 desta quarta-feira (27)

Publicado: 28 Maio, 2015 - 12h00 | Última modificação: 28 Maio, 2015 - 12h44

Escrito por: Walber Pinto

Caroline Apple
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Jornalista sofreu abuso nessa quarta-feira, no metrô de São Paulo.

A jornalista Caroline Apple do Portal R7 foi vítima de abuso sexual no metrô de São Paulo na noite dessa quarta-feira (27).  A repórter relatou que no trajeto curto de 30 segundos entre as estações Brás e Bresser-Mooca, um homem se masturbou e ejaculou na sua calça, ela só percebeu após descer do vagão.

“Foi quando meus pés tocaram a escada rolante que senti parte da minha calça esquentar. Quando coloquei a mão nela, notei que ela estava molhada. A palavra era nojo”, afirma a jornalista.

Revoltada com a situação, Caroline procurou um funcionário do metrô para pedir ajuda. Para sua surpresa, foi mal atendida e ouviu do funcionário que ela deveria ter “gritado” ou pedir ajuda aos “passageiros”.  “O funcionário perguntou se eu morava perto, eu disse que sim. E só. Nada de registro, nada de boletim de ocorrência, como se nada tivesse acontecido”, conta.

Em nota, o Metrô afirmou que a informação do funcionário de que "nada poderia ser feito" “é totalmente contrária à orientação da Companhia de amparar as vítimas e auxiliá-las para a realização de um Boletim de Ocorrência".

Esse já é o segundo caso de violência sexual no metrô em menos de dois meses. No mês passado, uma jovem de 19 anos foi vítima de abuso numa cabine de recarga de Bilhete Único da estação  República.

 

Veja o relato da jornalista publicado nessa quinta-feira (28).

 

Tarado no metrô comigo nunca teve vez. Já protagonizei escândalo, já fui responsável pela retirada de um ser desse da estação e calejei meu cotovelo e meu olhar fulminante para encostadas suspeitas, mas, mesmo assim, hoje fui vítima: um usuário do Metrô ejaculou na minha calça.

O metrô lotado. Quando cheguei à estação Brás, sentido Corinthians-Itaquera, às 19h30, muitas pessoas saíram e algumas entraram. Entre essas pessoas que entraram no vagão estava esse homem que se achou no direito de se aliviar em mim.

No trajeto de 30 segundos entre a estação Brás e Bresser-Mooca, esse homem se masturbou. Não notei nada até a porta estar prestes a se abrir e o barulho da movimentação intercalar com a respiração ofegante dele atrás de mim.

Saí do vagão olhando para trás, desconfiada, e ele também saiu e me olhou. Foi quando meus pés tocaram a escada rolante que senti parte da minha calça esquentar. Quando coloquei a mão nela, notei que ela estava molhada. A palavra era nojo. Não dava mais tempo de descer, mesmo que minha vontade fosse pular da escada rolante que subia. Chamei um funcionário do Metrô e aí que tudo ficou ainda mais estranho.

Ele me acompanhou, procurando o tal homem que eu sabia que tinha embarcado no vagão do lado. Enquanto isso, ele me dizia que não tinha o que fazer. Que EU deveria ter gritado, que EU deveria ter feito alguma coisa e se EU tivesse me manifestado, os próprios passageiros me ajudariam. Fiquei pensando em que momento o Metrô faria alguma coisa. Nada mais aconteceu. O funcionário perguntou se eu morava perto, eu disse que sim. E só. Nada de registro, nada de boletim de ocorrência, como se nada tivesse acontecido.

Não sou funcionária do Metrô para pensar em soluções para essa situação corriqueira, não sou paga para isso, mas pago a passagem, nada barata, para ir para minha casa ou trabalho tão apertada a ponto de um homem se masturbar, ejacular e ninguém ver.

Minha calça vai para máquina de lavar, mas e a minha dignidade