Jornalistas de jornais e revistas de SP param na terça-feira (23), das 14h às 18h
Decisão sobre nova paralisação foi tomada em assembleia porque sindicato patronal não fez nenhuma contraproposta de reajuste mesmo após 350 jornalistas terem parado por duas horas na semana passada
Publicado: 17 Novembro, 2021 - 17h54 | Última modificação: 17 Novembro, 2021 - 18h02
Escrito por: Redação CUT
Mais de 200 jornalistas de jornais e revistas de São Paulo (SP) decidiram, em assembleia realizada nesta quarta-feira (17), paralisar as atividades mais uma vez na próxima terça-feira (23), das 14h às 18h.
Cerca de 350 jornalistas já haviam parados por 2h as maiores redações da capital paulista, entre elas as do Valor, Abril, Folha de S. Paulo e Estadão, no último dia 10, mas as empresas insistem em não apresentar nenhuma contraproposta.
Há mais de 5 meses a categoria negocia a assinatura da Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) com jornais e revistas da capital e pedem a reposição salarial. “Uma categoria que não parou na pandemia e que sofreu com cortes de salários no período” lembrou Thiago Tanji, presidente do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado de São Paulo (SJSP), durante a assembleia.
Proposta
A categoria reivindica a reposição escalonada de seus salários com base na inflação do período do de 8,9% (no período de junho de 2020 a maio de 2021), segundo INPC, sendo 5% retroativo a data-base e 3,9% na folha de novembro, além da multa da PLR reajustada em 8,9%.
As empresas ofereceram três faixas de reajuste e a volta da multa da PLR reajustada em 8,9%. Para salários de até R$ 5 mil, o reajuste salarial seria pela inflação (8,9%), sendo 5% retroativo à data-base em junho e a diferença em janeiro.
Já os salários entre R$ 6 mil e R$ 7 mil sofreriam reajuste de 6% em duas parcelas, sendo 5% em junho e a diferença em janeiro. Os salários superiores a R$ 7 mil teriam reajuste fixo de R$ 420, sendo R$ 350 retroativo a junho e a diferença em janeiro. O pagamento das diferenças se daria em duas parcelas: em novembro e dezembro.
Piso da Categoria
A proposta é contraditória de acordo com Larissa Gould, secretária jurídica do SJSP, uma vez que não contempla o piso de 7h da categoria que hoje, com base na Convenção Coletiva, é de R$ 5.411,28. “Na prática, a proposta de não reposição da inflação atingirá a maior parte da categoria e representa a diminuição do salário dos profissionais”
O Sindicato enviou uma carta ao sindicato patronal, mostrando a indignação das(os) trabalhadoras(es) e denunciando tentativas de intimidação de profissionais da redação do jornal Valor Econômico.
"Por fim, queremos aqui repudiar as tentativas de intimidação ao legítimo movimento dos jornalistas, que ocorreram notadamente no jornal Valor Econômico, com a solicitação de uma lista dos profissionais que paralisariam suas atividades no último dia 10. Como todos sabemos, o direito à manifestação é legítimo e protegido por nossa Constituição Federal. Qualquer tentativa de assédio ou pressão é também uma maneira de atacar e ferir a democracia".
Leia a íntegra:
Caro sr. Reginaldo Araújo, representantes do Sindjore e gestores das empresas de jornais e revistas da capital,
Os mais de 230 jornalistas presentes em assembleia nesta quarta-feira (17) receberam com indignação e perplexidade a ausência de uma proposta das empresas após nossa categoria formalizar nossas reivindicações em comunicação enviada ao Sindjore no último dia 9 de novembro.
Desde aquela data, aguardamos uma nova sinalização das empresas, mas recebemos apenas a resposta de que deveríamos enviar uma nova contraproposta. Acreditamos que, neste momento, são os representantes do Sindjore que devem formalizar o que desejam oferecer para avançarmos nas negociações. Por decisão unânime da assembleia, mantemos nossa atual contraproposta e aguardamos uma nova posição das empresas.
É impossível não ressaltar o fato de que no último dia 10 de novembro nossa categoria realizou uma histórica paralisação que envolveu mais de 350 jornalistas de todas as principais empresas de São Paulo. O movimento contou com a participação massiva dos profissionais, independentemente de cargos, salários ou tempo de casa, indicando que as nossas reivindicações são unitárias e se estendem para toda a categoria.
Neste sentido, comunicamos às empresas que uma nova paralisação foi aprovada, para a próxima terça-feira (23 de novembro). Dando prosseguimento à nossa mobilização, o período de manifestação será de quatro horas.
Entretanto, as e os jornalistas permanecem dispostos a conversar e avançar efetivamente para o fechamento de um acordo satisfatório. Desta maneira, solicitamos uma nova mesa de negociação entre o Sindicato dos Jornalistas e o Sindjore para a próxima sexta-feira (19), às 15h. Caso haja uma nova proposta das empresas, uma assembleia será imediatamente convocada para apreciar a questão.
Por fim, queremos aqui repudiar as tentativas de intimidação ao legítimo movimento dos jornalistas, que ocorreram notadamente no jornal Valor Econômico, com a solicitação de uma lista dos profissionais que paralisariam suas atividades no último dia 10. Como todos sabemos, o direito à manifestação é legítimo e protegido por nossa Constituição Federal. Qualquer tentativa de assédio ou pressão é também uma maneira de atacar e ferir a democracia.
Nesta quarta-feira, recebemos a informação de que a direção do Valor Econômico tenta intimidar os profissionais com ameaças explícitas de demissão caso a categoria não aceite a atual proposta patronal. Um claro ataque à nossa categoria e ao livre exercício do jornalismo.
Estamos conscientes de que a mobilização deve continuar até que uma nova proposta satisfatória seja apresentada pelas empresas. Desta maneira, não nos calaremos diante desta ou qualquer outra tentativa de desmobilização de nosso legítimo movimento.
Atenciosamente,
Jornalistas das empresas de jornais e revistas de São Paulo