Escrito por: Flaviana Serafim – Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo
Após 16 dias de greve, mobilização arranca vitória no Tribunal Regional do Trabalho
Os jornalistas do Diário de São Paulo voltaram nesta quinta-feira ao trabalho, às 14h30, por decisão de assembleia realizada na porta da empresa, após a confirmação de que todos os 17 grevistas tinham recebido integralmente os salários atrasados de agosto e setembro em sua conta corrente. Foi uma vitória histórica dos jornalistas, conquistada graças à união e firmeza de todos do começo ao fim do movimento.
O acordo para o encerramento da greve foi formalizado ontem, quarta-feira (25), no Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região (TRT2-SP), na capital paulista, quando a empresa se comprometeu a atender as principais reivindicações dos trabalhadores e trabalhadoras parados. Constaram do acordo os seguintes pontos:
1) A empresa se comprometeu a pagar os salários atrasados de agosto e setembro para todos até a manhã desta quinta-feira (26), como condição para a volta ao trabalho coletiva. Isso incluía acertar também o salário de quem entrou de férias nestes dois meses. O acordo inclui a relação com os nomes dos 17 grevistas – considerando que eram sete profissionais contratados e dez PJs, e as conquistas e garantias se estendem a todos e todas, igualmente.
2) Pagamento integral dos dias de paralisação para todos os 17 trabalhadores.
3) Cronograma para acerto dos atrasados: adiantamento de 40% do salário de outubro até 6 de novembro; restante do salário de outubro até 13 de novembro, incluindo o salário dos PJs; normalização dos pagamentos a partir de 20 de novembro (com os 40% do salário de novembro); acerto de todos os pagamentos atrasados relativos a férias até 30 de novembro.
4) Regularização dos três anos de atraso no pagamento do Fundo de Garantia a partir de 31 de janeiro, em cinco parcelas iguais, mensais e sucessivas, até o final de maio de 2018. Em 20 de janeiro, a empresa deve enviar ao Sindicato o extrato da dívida para acompanhamento dos valores a serem quitados.
5) Garantia de emprego e salários aos 17 trabalhadores grevistas por 90 dias a partir da volta ao trabalho.
6) Em caso de atraso de qualquer obrigação, há uma multa de 10%.
7) O dissídio de greve fica suspenso até o cumprimento total do acordo. Caso qualquer ponto seja descumprido, os jornalistas notificam o tribunal e podem retomar a greve de imediato.
Na assembleia desta quinta-feira, o clima era de muita alegria e confiança na força coletiva dos jornalistas, e também de valorização da atividade do Sindicato, ao qual vários se filiaram ou voltaram a se filiar. Tal como na hora de entrar em greve, o retorno ao trabalho foi feito de forma organizada e coletiva. Combinou-se que, caso haja qualquer problema na redação, o Sindicato será avisado e, se necessário, uma assembleia acontecerá de imediato.
Mobilização é um exemplo para a categoria
A vitória foi o resultado de mais de duas semanas de greve com forte mobilização e união dos profissionais do Diário de S. Paulo, que conviveram, desde o ano passado, com frequentes atrasos de pagamento e precarização geral das condições de trabalho – desde a contratação de profissionais e de estagiários como Pessoa Purídica (PJ) até a falta de água, ar condicionado quebrado, telefone e internet cortados na redação.
“A vitória no Diário de S. Paulo é um exemplo, pois mostra que, mesmo em condições muito difíceis, a luta organizada e firme pode garantir e conquistar direitos. O movimento foi construído com o apoio da diretoria do Sindicato, mas destaco que as decisões estavam sempre nas mãos do coletivo de jornalistas em greve, e foi isso que permitiu derrotar a intransigência e o desrespeito dos patrões”, afirma Paulo Zocchi, presidente do Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo (SJSP).
Para Raphael Maia, coordenador jurídico do Sindicato, “o acordo foi importante, porque todas as reivindicações dos jornalistas foram contempladas, incluindo garantias como a estabilidade de emprego, o não desconto dos dias parados e, ainda, a multa em caso de descumprimento.”
A importância do Fundo de Greve
Em apoio aos grevistas do Diário de S. Paulo, o Sindicato dos Jornalistas havia lançado um Fundo Especial de Greve, no último dia 20. A categoria foi chamada para contribuir, e a resposta foi positiva.
Uma comissão de jornalistas do próprio Diário fez a gestão dos recursos de acordo com a necessidade dos profissionais. Nos seis dias de vigência do Fundo, foram arrecadados R$ 1.535. O Sindicato agradece a solidariedade de todas e todos que contribuíram com a sustentação da greve e o apoio aos grevistas. Na assembleia de encerramento da greve, houve um balanço, mostrando que os R$ 1.015 arrecadados até ontem (quarta-feira) foram divididos por três jornalistas que precisaram do apoio do Fundo, e a assembleia decidiu doar os R$ 520 restantes para o próprio Sindicato, como forma de fortalecimento da entidade.
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Escrito por: Redação - Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo