Escrito por: Redação RBA

Juízes manifestam apoio à greve nacional contra cortes na educação

Associação Juízes para a Democracia (AJD) se opõem ao bloqueio de 30% nas verbas das universidades e destaca que quem vive em "balbúrdia" atualmente é o MEC

Roberto Parizotti

A Associação Juízes para a Democracia (AJD) manifestou apoio à mobilização de estudantes e professores que realizam hoje a Dia Nacional de Greve na Educação, contra cortes no orçamento da área implementados pelo governo de Jair Bolsonaro (PSL), afetando as universidades e institutos federais. “Ao tempo que tramita junto ao Congresso Nacional uma proposta de reforma da previdência, que atinge a população economicamente mais vulnerável e fixa as bases para o fim do sistema solidário de previdência pública, outros direitos sociais são sistematicamente golpeados, como no caso da educação”, pontua a organização.

A AJD avalia que o corte de verbas anunciado vai interromper pesquisas em curso, encerrar projetos de extensão e até mesmo o ensino será comprometido, já que o bloqueio afeta a manutenção da estrutura das unidades. “Sob o falacioso argumento do combate à ideologia e da ‘balbúrdia’ nas Instituições Federais de ensino, o Ministério da Educação – este sim vivendo seus dias de balburdia e confusão – anuncia o contingenciamento de 30% das verbas destinadas às universidades públicas federais e, com isso, ameaça o funcionamento das instituições, melhores centros de ensino, pesquisa e extensão do país”, diz a nota.

Os juízes destacam que o governo Bolsonaro parece incapaz de apresentar medidas para reverter os crescentes níveis de desemprego e os péssimos índices de desenvolvimento econômico. “A Presidência da República parece ter como única diretriz de governo destruir o incipiente modelo de Estado-social alcançado, numa agenda de aprofundamento do modelo neoliberal, que apaga o futuro dos jovens e trabalhadores do país”, critica a organização.

As manifestações de estudantes e professores contra os cortes na Educação levaram cerca de 1 milhão de pessoas às ruas de 122 cidades de todos os estados do país, segundo balanço da Confederação Nacional dos Trabalhadores da Educação (CNTE). O bloqueio atinge as verbas discricionárias, utilizadas para pagamento de despesas de funcionamento, serviços terceirizados, restaurantes universitários, água, energia, internet, entre outras. A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) teve de bloquear 4.798 bolsas de pesquisa. Em visita a Dallas, nos Estados Unidos, Bolsonaro declarou que os manifestantes são “idiotas úteis”.