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Julgamento de Lula prova a falência do Poder Judiciário

Avaliação é da socióloga e cientista política Maria Victoria Benevides

Publicado: 22 Janeiro, 2018 - 12h34 | Última modificação: 23 Janeiro, 2018 - 17h27

Escrito por: Solange do Espírito Santo, especial para a CUT

Reprodução
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“O julgamento do ex-presidente Lula é a prova eloquente da falência do Poder Judiciário no Brasil, dominado por uma ideia de Justiça que nada tem a ver com o Estado Democrático de Direito, que é anti-povo”. A afirmação é da socióloga e cientista política Maria Victória Benevides, ao avaliar o momento que o País atravessa e que terá como ápice o julgamento do recurso da defesa de Lula no Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4) nesta quarta-feira (24), em Porto Alegre.

A cientista política avalia que, independentemente do resultado no TRF-4, a principal consequência de todo esse processo é que ele “divide o País, esgarça o tecido social e é fatal para a democracia”.

“Para nós, que estamos lutando contra esse julgamento, a grande preocupação é a democracia e a renovação do Estado Democrático de Direito e não do Estado de Exceção”, diz ainda.

Para Maria Victoria, que é professora da Faculdade de Educação da USP, a condenação em primeira instância do ex-presidente, pelo juiz Sérgio Moro, mostra a seletividade da Justiça, que se baseia em falsas delações. “Não é questão de falta de provas contra Lula. A questão é que não há crime”, ressalta, ao referir-se ao caso do tríplex do Guarujá que, comprovadamente, pertence à construtora OAS, conforme a recente sentença da 2ª Vara de Execuções de Títulos Extrajudiciais do Distrito Federal, que penhorou o apartamento em função de dívidas da empreiteira com fornecedores.

Ruptura e medo da oligarquia

Na avaliação da professora, o grande momento que deu início à ruptura democrática no Brasil começou quando setores da direita se apropriaram das manifestações de 2013 - iniciadas pelo Movimento Passe Livre, contra o aumento das tarifas de ônibus - e ocuparam as ruas com a bandeira contra a corrupção, ao mesmo tempo em que apoiavam o ex-presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, que está preso justamente por corrupção.

“Em seguida veio o horror da campanha eleitoral de 2014; e a coroação desse terror foi o golpe do impeachment da presidenta Dilma Rousseff, legitimamente eleita”, considera Maria Victoria Benevides.

“Avalio que agora o povo está entendendo que os políticos comprovadamente formadores de quadrilha continuam no governo e que todo o esforço deles se volta para a condenação de Lula”, assinala, dizendo também: “Fica cada vez mais claro que a questão da corrupção não é o foco, senão o senador Aécio Neves [PSDB/MG] não estaria solto e nem Michel Temer [MDB] seria presidente”.

Tudo isso, ainda segundo a cientista política, demonstra o medo evidente da oligarquia, dos donos do poder econômico, de verem o Brasil governado novamente por Lula. “Do ponto de vista dos trabalhadores e da inserção do Brasil no cenário mundial, o governo Lula foi o melhor que tivemos”, assegura Maria Victoria.

É por isso, continua, que toda a atenção mundial está voltada para o julgamento do ex-presidente na quarta-feira. “O mundo está ligado neste julgamento e confio muito neste apoio internacional demostrado a Lula e a tudo o que ele simboliza. Por isso, independentemente do resultado, ele continuará contando com esse apoio em todo o mundo”, finaliza a cientista política.

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