Juristas querem que Moro seja investigado por trabalho em consultoria
Associação pede ao Ministério Público que apure os ganhos do ex-juiz na empresa Alvarez & Marsal, que presta serviço para empreiteiras investigadas na operação Lava Jato
Publicado: 26 Janeiro, 2022 - 09h19
Escrito por: Redação RBA
A Associação Brasileira de Juristas pela Democracia (ABJD) entrou nessa terça-feira (25) com uma representação no Ministério Público Federal para que o ex-juiz e presidenciável Sergio Moro seja investigado por seu trabalho na consultoria Alvarez & Marsal. As informações são da coluna de Mônica Bergamo, na Folha de S.Paulo.
O assunto já é alvo de um processo no Tribunal de Contas da União (TCU) e está na mira de deputados do PT que querem propor uma comissão parlamentar de inquérito (CPI) na Câmara para apurar eventual conflito de interesses.
Na solicitação, a ABJD pede que seja instaurado inquérito para apurar as relações, as condições e os valores envolvidos no contrato. A ida de Moro para a empresa é cercada de suspeitas, porque a A&M presta serviços para empreiteiras que foram fragilizadas pela Operação Lava Jato.
A entidade requer a “averiguação da natureza do trabalho desenvolvido por Sergio Moro na contratação, e a relação dele com as empresas assessoradas na consultoria, a fim de verificar possível cometimento de ilícitos de caráter penal e uso da operação Lava Jato, que conduziu como juiz, para se favorecer”.
O documento protocolado no Ministério Público Federal em Brasília afirma ainda que o ex-magistrado “teve acesso a informações privilegiadas que possuíam potencial de impacto em favor de seu trabalho na empresa”.
“Sua atuação foi, desde o início, absolutamente comprometida, mesmo que não tenha assinado pareceres ou peças nos casos concretos”, diz a ABJD.
A organização, com cerca de 2.000 associados em todo o país, reúne juízes, desembargadores, advogados, defensores públicos, professores e estudantes de direito, promotores, procuradores e servidores do Poder Judiciário.
Tanto Moro quanto a Alvarez & Marsal negam conflito de interesses na passagem dele pela consultoria. A empresa divulgou nota afirmando que tem contribuído com o TCU e repassado todos os esclarecimentos solicitados.