Juros altos forçam Mercedes a dar férias coletivas a 300 metalúrgicos
Paralisação da linha de produção, em São Bernardo do Campo, vai de 3 de abril a 2 de maio. Essa semana, também por causa dos juros altos que derrubaram as vendas, outras montadoras anunciaram férias coletivas
Publicado: 21 Março, 2023 - 15h46 | Última modificação: 21 Março, 2023 - 15h55
Escrito por: Redação CUT | Editado por: Marize Muniz
A Mercedes-Benz vai dar férias coletivas, entre os dias 3 de abril e 2 de maio, a 300 trabalhadores da produção da unidade de São Bernardo do Campo, no ABC Paulista.
O motivo não é mais a falta de chips semicondutores como nos anos da pandemia de C|ovid-19, é a queda na venda de caminhões por falta de financiamentos e juros altos. A taxa básica de juros (Selic) está em 13,75% ao ano, o que encarece os financiamentos.
Pela mesma razão – juros altos e a consequente queda nas vendas – foram anunciadas esta semana paralisações nas linhas de produção da Volks, GM, a Hyundai, Fiat, Jeep, Peugeot e Citroën.
No ato pela redução da taxa básica de juros (Selic), atualmente em 13,75% ao ano, realizado nesta terça-feira (21), em São Paulo, o presidente da CUT nacional, Sérgio Nobre, ressaltou que um dos objetivos dos trabalhadores que batalharam para eleger Lula (PT) é a imediata mudança nos rumos da política monetária implementada pelo presidente do Banco Central (BC), Campos Neto, indicado por Bolsoanro, que privilegia os mais ricos, disse.
Somente com a queda dos juros a economia do país voltará a crescer, beneficiando a maioria do povo brasileiro com inestimentos em áreas essenciais e geração de emprego, reforçou presidenta da Contraf-CUT e vice presidenta da Central Única dos Trabalhadores, Juvandia Moreira.
Mudança para o Euro 6
O diretor-executivo do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC (SMABC) e presidente da IndustriALL-Brasil, Aroaldo Oliveira da Silva, trabalhador da Mercedes, explicou que a mudança para o Euro 6, conjunto de normas regulamentadoras sobre emissão de poluentes para motores diesel, foi o primeiro impacto para que ocorresse a antecipação nas compras no ano passado e o aumento do custo dos caminhões neste ano.
“Tivemos complicadores macroeconômicos, mas principalmente para o financiamento dos caminhões, porque é preciso aprimorar a linha de crédito para o chamado Euro 6. Temos problemas com a alta taxa de juros, o preço do capital (para financiamento) é muito mais alto”, destacou.
“Também há a queda do consumo de forma geral das famílias brasileiras e isso afeta o varejo, que é uma parte importante do segmento de transporte no Brasil”, acrescentou o dirigente.
A Mercedes tem cerca de 8 mil trabalhadores, sendo 6 mil na produção.
Com informações do SMABC.