Escrito por: Redação CUT

Justiça afasta gerente da Codevasf por suspeita de recebimento de propina

Polícia Federal estranhou depósito de R$ 249.549,96 na conta bancária de engenheiro feito por empresa com contrato com a Codevasf

PF / Reprodução

 

A Polícia Federal (PF) no Maranhão cumpriu mandado de busca e apreensão na casa de um gerente da Companhia de Desenvolvimento do Vale do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf), suspeito de ter recebido propina das empresas envolvidas em desvios de dinheiro na empresa.

A PF analisou a movimentação bancária do engenheiro Julimar Alves da Silva Filho, que foi afastado das suas funções por decisão da Vara Federal Criminal do Maranhão, e encontrou um depósito de R$ 249.549,96.

O dinheiro foi depositado pela Construservice, empresa envolvida em uma suposta organização criminosa composta por servidores públicos que estariam fraudando licitações e desviando verbas federais da Codevasf.

O esquema criminoso seria liderado por Eduardo José Barros Costa, o "Eduardo DP" ou "Imperador", sócio oculto da Construservice, que chegou a ser preso no âmbito da “Operação Odoacro”, mas pagou fiança de R$ 121 mil e foi solto com o uso de tornozeleira eletrônica.

Eduardo DP teria fechado contratos por meio de empresas de fachada, em municípios maranhenses.

Segundo a Polícia Federal, em todos os contratos, chama a atenção a falta de indicação do local exato onde seria realizada a obra de asfaltamento. Há somente o nome do município.

A Codevasf é uma empresa estatal controlada pelo Centrão, grupo de partidos políticos que atualmente dá sustentação ao governo de Jair Bolsonaro (PL), e tem sido investigada por desvios de recursos em supostas fraudes em licitações.

Na decisão que autorizou a operação, o juiz federal Luiz Regis Bomfim Filho afirmou que " o conjunto de apurações decorrentes das investigações até então empreendidas revela, como já dito, sérios indícios de contexto delitivo no âmbito da 8ª Superintendência da empresa Codevevasf".

De acordo com a Polícia Federal, se confirmadas as suspeitas, Julimar Alves da Silva Filho poderá responder por corrupção passiva (Art. 317, CP) e associação criminosa (Art. 288, CP). Somadas, as penas podem chegar a 15 anos de prisão.

A Construservice tem contratos com a Codevasf para realização de obras de pavimentação com asfalto ou bloquetes, assinados entre 2019 a 2021, em 12 municípios. Somados, os contratos chegam a R$ 15 milhões.

A Construservice é a segunda empresa que mais firmou contratos com a Codevasf no governo Bolsonaro.

A Codevasf é responsável por realizar obras e serviços em estados do Nordeste, do Norte e no Distrito Federal. A empresa recebeu R$ 2,1 bilhões em emendas parlamentares entre 2018 a 2021.