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Justiça arquiva inquérito sobre palestras e desbloqueia bens de dona Marisa Letícia

Decisão da Juíza Gabriela Hardt afirma que Polícia Federal não encontrou indícios de que os pagamentos pelas palestras foram feitos com dinheiro de origem ilícita como apontava o MPF

Publicado: 28 Maio, 2021 - 11h54 | Última modificação: 28 Maio, 2021 - 19h18

Escrito por: Congresso em Foco

reprodução/Lula
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A juíza federal Gabriela Hardt, da 13ª Vara Federal de Curitiba, decidiu pelo arquivamento das investigações sobre palestras do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A magistrada também mandou desbloquear bens do espólio da ex-primeira-dama Marisa Letícia. O caso era investigado desde 2015 pela força-tarefa da Lava Jato do Paraná.

Veja a íntegra da decisão

Na decisão, Gabriela afirmou que a Polícia Federal não encontrou indícios de que os pagamentos pelas palestras foram feitos com dinheiro de origem ilícita, como apontava o Ministério Público Federal.

"A justificativa para manter-se o bloqueio da integralidade dos ativos financeiros de Luiz Inácio da Silva baseava-se na suspeita da prática de crimes envolvendo as palestras ministradas pelo ex-presidente. Todavia, a autoridade policial concluiu não haver indícios nesse sentido, com o que concordou o MPF. Por tais motivos, o bloqueio integral de tais valores não mais se sustenta", disse.

Cristiano Zanin, advogado de Lula, afirmou que a apresentação de denúncias "sem materialidade, que visam transformar atos manifestamente lícitos em ilícitos, é uma das principais táticas de lawfare. Essa vitória jurídica tardia é mais uma oportunidade para reflexão sobre o fenômeno usado pela 'Lava Jato'".

O desbloqueio de bens atinge apenas a parte relativa ao espólio da ex-primeira-dama, que morreu em 2017. "Quanto aos imóveis, foram submetidos à constrição somente a parte ideal de 50%, relativa à meação de Luiz Inácio Lula da Silva, a qual fica mantida. A outra metade, correspondente à meação
do Embargante, já foi resguardada. Autorizo que a posse de referidos imóveis permaneça com o Ex-Presidente e/ou com seus prepostos, até ulterior decisão judicial", disse a juíza.

Gabriela Hardt determinou o desbloqueio de 50% dos valores da previdência de Lula. Também permitiu a venda de dois veículos do ex-presidente mediante depósito de 50% do valor de cada um deles em juízo.

Histórico

Na época da instauração do inquérito, a Polícia Federal apontou que na quebra do sigilo bancário constava que a empresa aberta por Lula após deixar a presidência teria recebido R$ 9,4 milhões das empreiteiras Odebrecht, Camargo Corrêa, UTC, Queiroz Galvão, Andrade Gutierrez e OAS.

O ex-juiz Sergio Moro entendeu que se tratavam de "valores vultosos para doações e palestras, o que, no contexto do esquema criminoso da Petrobras, gera dúvidas sobre a generosidade das aludidas empresas".

Lula foi acusado de usar as palestras para receber propina das empresas na 24ª fase da Operação Lava Jato. Petistas sempre afirmaram que o ex-presidente nada fez de diferente de uma infinidade de outras autoridades, que passaram a ganhar dinheiro após deixarem o cargo fazendo conferências, incluindo o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.

A prática também é conhecida por ex-comandantes de outros países. Em julho de 2019, a CNN noticiou que o ex-presidente dos Estados Unidos, Bill Clinton, faturou US$ 89 milhões com palestras após deixar a Casa Branca.

Pelas redes sociais, o Instituto Lula afirmou que "entre 2011 e 2015, o ex-presidente fez palestras ao redor do mundo para mais de 40 empresas. Depois de anos de perseguição, PF e MP não conseguiram apresentar nenhuma acusação inventada em torno delas".

A presidente do PT, deputada Gleisi Hoffmann, afirmou que "agora cabe ao STF votar a suspeição desse ex-juizeco e Lula reaver seus direitos políticos", se referindo às decisões anteriores de Sergio Moro. "Precisamos esperar 5 anos mas taí, a justica tarda mas não falha. Está desmontada mais uma tese de Dallagnol e Moro que armaram uma tramoia jurídica contra Lula", escreveu pelo Twitter.

O ex-presidente também se manifestou pelas redes sociais.