Escrito por: Redação CUT
A menos de dois meses de governo e após uma série de escândalos, Bolsonaro demite o primeiro ministro. Bebianno foi fritado em praça pública desde a semana passada e reclamou da humilhação
As denúncias de um esquema de candidaturas laranjas do PSL derrubaram o agora ex-ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gustavo Bebianno, que presidiu o partido durante a campanha eleitoral de 2018 e foi o homem forte de Jair Bolsonaro (PSL). Como presidente da sigla, Bebianno foi responsável formal pela liberação de verba pública para todos os candidatos do PSL.
A exoneração foi confirmada nesta segunda-feira (18), após apenas 49 dias de governo. O general da reserva Floriano Peixoto, secretário-executivo da pasta, é o mais cotado para assumir o posto.
A queda de Bebianno começou a ser discutida desde a última quarta-feira (13), quando o filho de Bolsonaro, o vereador Carlos, que cuida da estratégia digital do pai, postou no Twitter que ele havia mentido ao jornal O Globo ao dizer que conversara com Bolsonaro três vezes na véspera, negando a turbulência política causada pelas denúncias das candidaturas laranjas.
Bolsonaro retuitou o filho, endossando os ataques e, em entrevista à TV Record, disse que seu então ministro poderia "voltar às suas origens” se fosse responsabilizado pelo caso dos laranjas. Na mesma entrevista, Bolsonaro anunciou que havia determinado a investigação pela Polícia Federal.
Para agravar ainda mais a situação, Carlos Bolsonaro, o filho zero dois, que Bolsonaro chama de 'meu pitbull', divulgou um áudio no qual o pai se recusa a conversar com Bebianno. A interferência de Carlos foi alvo de críticas de aliados e da ala militar do governo Bolsonaro, que agiu para tentar segurar Bebianno, mas, agora, tenta se consolidar no núcleo da gestão federal ocupando a vaga do ministro.
A nova da demissão
Mesmo depois do retuite e do vazamento do áudio, Bolsonaro teria decidido manter o ministro após ouvir apelos do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), do ministro da Economia, Paulo Guedes, e de alguns militares de sua equipe. Segundo os defensores da permanência de Bebianno, a queda do ministro poderia colocar em risco o início das negociações da reforma da Previdência, que será encaminhada ao Congresso Nacional nesta quarta-feira (20).
Na manhã da sexta-feira (15), Bebianno havia recebido indicação de que ficaria no cargo após movimento liderado pelo ministro Onyx Lorenzoni (Casa Civil) e pelo grupo de militares. Mas, à tarde, Bolsonaro se reuniu com Bebianno e decidiu pela demissão. O motivo teria sido o vazamento de diálogos privados entre ele e Bebianno ao site O Antagonista e à revista Veja.
No último dia 10, reportagem do jornal Folha de S Paulo revelou que o PSL criou uma candidata laranja em Pernambuco que recebeu do partido R$ 400 mil de dinheiro público na eleição de 2018. Ela teve 274 votos para deputada federal e gastou R$ 380 mil em uma gráfica com endereço de fachada, sem máquinas para impressões em massa.
Candidata laranja em Pernambuco, Maria de Lourdes Paixão foi a terceira maior beneficiada com verba do PSL em todo o país, mais do que o próprio presidente Bolsonaro e a deputada Joice Hasselmann (SP), essa com 1,079 milhão de votos.
O dinheiro do fundo partidário do PSL foi enviado pela direção nacional da sigla para a conta da candidata em 3 de outubro, quatro dias antes da eleição.
Essa candidatura laranja virou alvo da Procuradoria, da Polícia Civil e da Polícia Federal.