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Laranjas do PSL 'selecionadas' por Bebianno fragilizam governo Bolsonaro

Relação do ministro da Secretaria-Geral com a família Bolsonaro azedou após o primeiro falar sobre casos envolvendo candidatas-laranja bancadas pelo PSL e ser desmentido pelo filho Carlos

Publicado: 14 Fevereiro, 2019 - 15h03 | Última modificação: 14 Fevereiro, 2019 - 15h09

Escrito por: Redação RBA

Reprodução Instagram
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O ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gustavo Bebbiano, é o mais recente membro do governo envolvido em suposto caso de utilização de candidaturas-laranja nas eleições 2018. Coordenador de campanha do presidente Jair Bolsonaro (PSL), Bebbiano, que também presidiu interinamente o partido na disputa eleitoral, autorizou o repasse de dinheiro dos fundos eleitoral e partidário para candidatas a deputada a poucos dias da eleição.

Os recursos foram então repassados a uma gráfica que, no entanto, sequer possui maquinário para a impressão de material. As candidaturas-laranjas de mulheres serviram para cumprir o percentual mínimo (30%) exigido pela legislação eleitoral. 

"O PSL parece que plantou um laranjal no Brasil inteiro", observa o comentarista político João Cayres, na edição de quarta-feira (13) do Seu Jornal, da TVT. Uma das candidatas-laranja, Érika Siqueira Santos, recebeu de Bebiano R$ 250 mil. Disputou uma vaga na Assembléia Legislativa de Pernambuco, foi a oitava candidata que mais recebeu recursos do PSL, segundo reportagem do jornal Folha de S. Paulo, mas obteve apenas 1.315 votos.

"Temos aqui farta documentação para que aqueles promotores ávidos pelo combate à corrupção olhem para esse caso", provocou Cayres. Dos valores repassados, R$ 56,5 mil foram gastos na gráfica Itapissu. O jornal então visitou a sede da empresa, no endereço que consta na nota fiscal apresentado na prestação de contas de campanha, e encontrou uma oficina mecânica. 

É a mesma gráfica utilizada pela candidata-laranja Maria de Lourdes, que recebeu R$ 400 mil do PSL. Nesse caso, o dinheiro entrou na conta da candidata a deputada federal pelo estado de Pernambuco em 3 de outubro, a apenas quatro dias da eleição. Ela recebeu 274 votos. Do total da verba repassada, afirma ter gasto R$ 380 mil na gráfica de fachada. Ela deve prestar na superintendência da Polícia Federal, em Recife, nesta quinta (14).

Laranjas em Minas

ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio, também reproduziu o esquema de candidatas-laranja, em Minas Gerais. Presidindo a seção mineira do PSL, Álvaro Antônio repassou R$ 279 mil a quatro mulheres que, juntas, receberam pouco mais de 2.000 mil votos. Os repasses também foram autorizados pela executiva-nacional do PSL, sob comando de Bebianno. O Ministério Público Eleitoral do estado investiga o caso envolvendo o ministro. 

Azedou

Após a revelação dos casos envolvendo as candidaturas-laranja do PSL, o ministro Bebianno chegou a afirmar ter tratado do caso com o presidente Bolsonaro ao menos três vezes na última terça-feira (12), e foi então desmentido pelo filho do presidente, o vereador Carlos Bolsonaro (PSL-RJ), no dia seguinte. Nas redes sociais, o vereador afirmou se tratar de "mentira absoluta" que seu pai tivesse tratado do ácido problema. 

Em entrevista ao Jornal da Record, ontem (13), o presidente Bolsonaro colocou em risco a permanência de Bebbiano no governo, caso confirmado o envolvimento com as candidaturas-laranja. Ele negou ter sido informado sobre o episódio e disse ter determinado à Polícia Federal que investigue o episódio.  

Queiroz

Aos casos agora revelados ocorridos durante a eleição, soma-se também o esquema supostamente montado pelo ex-assessor do senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), Fabrício Queiroz, enquanto o filho do presidente Bolsonaro ainda atuava como deputado estadual no Rio de Janeiro.

Em caso que veio a público ainda em dezembro, Queiroz foi apontado em relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) como tendo realizado "movimentações atípicas" de R$ 1,2 milhão em sua conta, entre janeiro de 2016 e janeiro de 2017. Dessa mesma conta saíram R$ 24 mil em depósito feito para a primeira-dama, Michelle Bolsonaro.

A movimentação atípica incluía uma série de saques de médio valor (em torno de R$ 5 mil) que eram antecedidos de depósitos na conta de Queiroz com valores equivalentes. Nove assessores do gabinete do filho de Bolsonaro realizaram transações em nome de Queiroz, que coincidiam com os dias de pagamento da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro.

A suspeita é que ex-assessor seria uma espécie de "laranja", responsável pelo recolhimento de parte dos salários desses assessores, que depois eram encaminhados à família do senador Flávio Bolsonaro. Desde novembro, o Ministério Público do Rio tenta ouvir Queiroz e seus familiares, também envolvidos nas ditas "movimentações atípicas", assim como o senador Flávio Bolsonaro, que faltaram a diversos depoimentos marcados.

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