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Lei da imigração é 'assassina', diz brasileira eleita para o parlamento espanhol

O Jornal Brasil atual conversou com a jurista brasileira Maria Dantas, ativista social eleita ao Parlamento da Espanha sobre seu mandato no parlamento espanhol

Publicado: 02 Maio, 2019 - 12h17

Escrito por: Redação RBA 

Reprodução
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 O Jornal Brasil atual conversou com a jurista brasileira Maria Dantas, ativista social eleita para o Parlamento da Espanha sobre seu mandato no Congresso daquele país. É a primeira vez que uma brasileira é eleita para ocupar uma vaga no parlamento. 

Maria Dantas, 50 anos, é de uma família sergipana de origem humilde, que se formou em Direito pela Universidade Federal de Sergipe, depois de anos como delegada adjunta da Polícia Civil. Ela foi para Barcelona há 25 anos e se naturalizou para realizar estudos em Direito Ambiental.

Hoje, colhendo os frutos dos seus esforços como migrante, a agora representante da Esquerda Republicana da Catalunha, eleita nesde domingo (28), Maria reconhece uma trajetória marcada por riscos, preconceitos e pelo trabalho informal tão comuns aos que tentam a vida fora de seus países de origem, amenizada por ser uma mulher branca. "Muitas amigas minhas que são negras, descendentes indígenas, passam o mesmo que eu passei naquela época, porém, acrescentando o racismo", descreve à jornalista Marilu Cabanãs. 

"Meu caso, eu acho que está surpreendendo muito o Brasil, mas é normal. Eu sou uma a mais, eu não sou a Maria, eu sou uma das diversas Marias que têm no mundo inteiro, que migram e vão buscar um mundo melhor", acrescenta a parlamentar. Ainda assim, toda essa trajetória a estimulou em sua militância política, ligada aos movimentos sociais e que devem pautar um mandato em prol dos direitos humanos e do reconhecimento das chamadas minorias.

"É para lutar contra todas essas violações de direitos, Lei de Estrangeiros, da imigração, que é uma lei racista, assassina, que mata muita gente no sul da Espanha", afirma Maria entre pautas também voltadas às mulheres e à população LGBTI.

Mas não é apenas a experiência como mulher migrante que deve mobilizar o mandato de Maria. Contrária ao governo de Jair Bolsonaro e admiradora do legado da vereadora Marielle Franco, a parlamentar antecipa que o cenário brasileiro terá respaldo em seu governo. "Em cada entrevista que eu faço, eu mando um recado para o capitão Bolsonaro, de que a Marielle vive hoje e sempre, e falta de Marielle será e estará sempre presente, porque são causas universais, de direitos humanos, antirracistas, importantes para a convivência e busca da paz".

Outro embate já aguardado pela parlamentar dá conta do processo pela independência da Catalunha, que ganha mídia desde 2017 em todo o mundo e, no qual, Maria defende a criação de um referendo para que a população local possa tomar a decisão sobre a região, como é do anseio dos catalães, de acordo com a parlamentar.

Ouça a entrevista