Lewandowski derruba sigilo de conversas de Moro com procuradores da Lava Jato
Confira a íntegra das conversas obtidas pelos advogados do ex-presidente Lula
Publicado: 01 Fevereiro, 2021 - 15h07 | Última modificação: 01 Fevereiro, 2021 - 16h04
Escrito por: Redação RBA
O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Ricardo Lewandowski derrubou o sigilo das conversas entre procuradores da Operação Lava Jato e o ex-juiz Sergio Moro por meio de mensagens trocada pelo aplicativo Telegram.
As conversas foram obtidas pelos advogados do ex-presidente Lula depois que Lewandowski decididiu que a defesa poderia ter acesso ao material apreendido na Operação Spoofing, que teve como alvo o caso de rastreamento dos celulares de diversas autoridades, entre elas Moro e integrantes da força-tarefa da Lava Jato.
Nesta segunda-feira (1º), o conteúdo foi incluído no processo que pede a suspeição do ex-juiz. Em uma das mensagens, de 14 de dezembro de 2016, o procurador-chefe da Lava Jato Deltan Dallagnol comunica a Moro que a denúncia contra Lula será protocolada “em breve”, fato celebrado pelo magistrado.
Análise do documento com as mensagens, publicada pela colunista Monica Bergamo, da Folha de S Paulo, mostram o ex-juiz comemorando denúncia contra Lula e procuradores da Lava Jato falando em pedir orientações ao magistrado.
Em uma mensagem enviada no dia 29 de junho de 2016, o procurador Deltan Dellagnol, então chefe da Força tarefa da Lava Jato, afirma que Sergio Moro contribuiu para a acusação e ainda trata o ex-presidente de maneira jocosa.
“O material que o Moro nos contou é ótimo. Se for verdade, é a pá de cal no 9 (apelido pejorativo dado por ele a Lula, que perdeu um dedo após um acidente de trabalho) e o Márcio merece uma medalha”, escreveu.
Em outra conversa, em dezembro do mesmo ano, Deltan Dallagnol avisa que a denúncia do Lula seria “protocolada em breve”. Horas depois, Moro comemora a acusação: “um bom dia afinal”.
Em diversos momentos, os procuradores mostram que as ações da Força Tarefa da Lava Jato são orientadas por Sergio Moro – chamado pelo codinome de “Russo”. “Lembrando que tem que conversar com o russo. Não basta pedir”, escreveu o procurador do Ministério Público Federal (MPF) Roberson Pozzobon, ao falar da prisão de Armando Tripodi, ex-chefe de gabinete da Presidência da Petrobras.
Batuta de Moro
Deltan também diz, em várias oportunidades, que se encontrava com Sergio Moro para conversar sobre os rumos da operação Lava Jato. Em uma das conversas afirmou que se reuniu com o ex-juiz “cumprindo uma rotina de manter o Russo informado”. O procurador ainda diz que Moro só deixaria o cargo caso “já tenhamos processado o 9 (Lula) e o (Eduardo) Cunha”.
O ex-presidente foi condenado, no dia 12 de julho de 2017, a 9 anos e 6 meses de prisão pelo juiz Sergio Moro no caso do tríplex do Guarujá. Entretanto, as conversas entre procuradores mostram que a condenação já estaria definida no dia 1º daquele mês. “A sentença de Moro contra Lula (está) prestes a sair”, alerta Deltan.
Um dia depois da decisão sair, Deltan pede que o acordo entre Lava Jato e Léo Pinheiro, executivo da OAS, esperasse mais alguns dias. “Caros, acordo do OAS, é um ponto pensar no timing do acordo com o Léo Pinheiro. Não pode parecer um prêmio pela condenação do Lula”, pediu Dallagnol aos colegas.
Na semana passada, procuradores da República, entre eles o ex-coordenador da Operação Lava Jato em Curitiba Deltan Dallagnol, pediram que o ministro Lewandowski reconsiderasse a decisão de deixar Lula acessar as conversas.