Escrito por: Walber Pinto
Um dia após nova condenação sem provas, povo sai às ruas de São Paulo e Curitiba em solidariedade ao ex-presidente e pela manutenção dos direitos dos trabalhadores e das trabalhadoras
A nova condenação injusta e sem provas do ex-presidente Lula no chamado caso “sítio de Atibaia” levou centenas de pessoas às ruas do país, nesta quinta-feira (8), em mais um ato em defesa da liberdade do ex-presidente.
As mobilizações ocorreram um dia após a juíza Gabriela Hardt, substituta do ex-juiz Sérgio Moro, hoje ministro da Justiça do governo de Jair Bolsonaro (PSL), condenar o ex-presidente a 12 anos e 11 meses de prisão em uma sentença onde não há um indício sequer de atos ilícitos praticados por Lula que, aliás, nem é dono da propriedade.
No ato que ocorreu em São Paulo, em frente ao diretório nacional do PT, lideranças políticas e dos movimentos sociais citaram uma série de erros jurídicos que levou à prisão injusta do maior líder popular da história.
O ex-prefeito e ex-candidato à Presidência da República pelo PT, Fernando Haddad, citou vários erros jurídicos e injustiça contra Lula nos últimos anos, como o sigilo quebrado sem autorização judicial, a condução coercitiva e, por último, o impedido de enterrar o seu irmão, Vavá, que morreu no último dia 29.
“Num ano em que mais de 170 mil presos foram autorizados a enterrar os seus parentes [Lula foi impedido]. Por que existe direito para todo mundo e um direito só para o Lula?”, questionou Haddad, que em seguida relembrou: “Lula é investigado há 40 anos. Se a justiça tivesse trazido a público uma mala de dinheiro, uma nota, algum ato dele, algo concreto que provasse que ele contrariou o interesse nacional em proveito de alguém, ninguém estaria aqui hoje [protestando]”.
O ex-prefeito deixou claro que a luta pela liberdade de Lula é a luta pelo restabelecimento da democracia no Brasil.
Não vamos dissociar a luta por Lula livre dos direitos do povo brasileiro- Fernando HaddadParticiparam do ato em São Paulo lideranças progressistas, do PT e de movimentos sociais, como o ex-senador e atual vereador Eduardo Suplicy, o ex-prefeito de São Bernardo Luiz Marinho, presidente estadual do PT, Jandyra Uehara, da Direção Nacional da CUT, o coordenador da Frente Brasil Popular Raimundo Bonfim e o deputado federal Vicente Paulo da Silva, o Vicentinho (PT-SP), entre outros.
"Essa violência [contra Lula] é uma violência contra a classe trabalhadora. A vitória da classe trabalhadora no Brasil passa pela liberdade do presidente Lula porque essa luta está totalmente intrincada com a luta do emprego, dos direitos e da democracia", afirmou Jandyra, que também é secretária nacional de Políticas Sociais e Direitos Humanos da CUT.
Em Curitiba, o ato em defesa de Lula ocorreu na Vigília Lula Livre, montada desde o início da prisão política do ex-presidente, em abril do ano passado, em frente à sede da Superintendência da Polícia Federal.
Os senadores Humberto Costa (PE) e Jaques Wagner (BA) foram visitar o ex-presidente e falaram à imprensa na saída. “Ao fim e ao cabo, as pessoas querem destruir o legado do PT. Estamos vivendo uma onda conservadora aqui e no mundo”, declarou o senador baiano, Jaques Wagner.
Para o senador pernambucano Humberto Costa, Lula foi condenado pela segunda vez num processo cheio de fragilidade. “Esperamos que nos tribunais superiores à justiça possa ser feita”.
O ato contra a prisão política de Lula também serviu como uma prévia para a jornada de lutas que acontece entre os dias 7 e de 10 abril, data que marca um ano da prisão arbitrária de Lula.
Nobel da Paz fortalecerá resistência
No ato em São Paulo, a secretária Nacional de Relações Internacionais do PT, Mônica Valente, falou à militância da importância em consolidar a candidatura de Lula ao próximo Prêmio Nobel da Paz “.
A campanha em prol da indicação do ex-presidente Lula para ser Prêmio Nobel da Paz foi idealizada pelo ativista argentino Adolfo Pérez Esquivel, amigo do ex-presidente há três décadas, e conta com apoiadores como o linguista norte-americano Noam Chomsky, o ator Danny Glover, a escritora e ativista Angela Davis e outros ganhadores do Nobel da Paz.
Para Mônica, caso se confirme a indicação de Lula, ficará claro aos olhos do mundo o quão forte permanece a imagem de Lula no cenário político nacional e internacional. “O mundo reconhece no presidente uma liderança que colocou o Brasil e América Latina no protagonismo internacional”, avalia.