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Líderes sindicais e representantes do partido socialista dos EUA visitam a CUT

Dirigentes da CUT falaram da conjuntura política do Brasil e sobre fome, desemprego, meio ambiente, violência policial contra jovens negros e agricultura familiar estiveram na pauta

Publicado: 05 Maio, 2022 - 17h29

Escrito por: Walber Pinto

Roberto Parizotti/CUT
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Representantes do partido Socialistas Democráticos da América (DSA), visitaram a sede da CUT nesta quarta-feira (4), onde foram recebidos por dirigentes da Central. O encontrou foi para estreitar os laços e trocar experiências entre Brasil e Estados Unidos e, também, estratégias para derrotar a extrema direita e fortalecer movimento sindical nos dois países.

A delegação americana, composta por Kristian Hernandez, Ashik Siddique, Sofia Cutler, membros do Comitê Executivo Nacional, Jana Silverman, do Comitê Internacional-IC, James Tsagong, líder nacional da Juventude DSA e Gabriel Acevero, deputado estadual para Maryland e membro do DSA, Metro DC Chapter, foi recebida por Ariovaldo de Camargo, secretário de Administração e Finanças da CUT, Juneia Martins, secretária da Mulher Trabalhadora, Rosane Bertotti, secretária de Formação,  e Rosana Sousa, secretária-adjunta de Combate ao Racismo.

No encontro, Ariovaldo relatou à delegação a conjuntura política e o aumento do fascismo no Brasil desde a eleição do presidente de extrema direita Jair Bolsonaro (PL), da maior inflação dos últimos 27 anos, a precarização do trabalho com os entregadores de aplicativo e sobre a expectativa em torno da candidatura do ex-presidente Lula nas eleições deste ano.

O dirigente também falou do ataque aos sindicatos depois do golpe de 2016 contra a presidenta Dilma Rousseff (PT). “Sofremos um ataque violento na organização sindical através da reforma Trabalhista, que acabou por retirar a principal fonte de financiamento dos sindicatos”.

Segundo o dirigente, há por parte do ex-presidente Lula sobre as reivindicações das centrais sindicais um compromisso de fazer uma revisão da reforma Trabalhista aprovada no governo do ilegítimo Michel Temer (MDB).

Ariovaldo desmentiu as fakes news que dizem que a revogação da reforma é apenas para retomada do imposto sindical. “A CUT nunca defendeu esse mecanismo”, afirmou.

“A CUT, historicamente, defende que os trabalhadores devem decidir como eles querem sustentar suas entidades, não pode ser uma imposição do Estado, nem da Lei”, disse Ariovaldo.

Dirigente do Comitê Internacional, Jana Silverman lembrou que a era de Donald Trump na presidência dos Estados Unidos também foi marcada por corte de direitos aos trabalhadores e a precarização do mercado de trabalho americano com os entregadores de aplicativo, exatamente como está acontecendo noo Brasil.

“Biden fez uma sinalização ao movimento sindical americano, mas mesmo com essa sinalização, as empresas estão procurando os trabalhadores, mas as grandes multinacionais não querem mudar suas práticas, não querem formalizar, não querem deixar de precarizar. Temos campanha de sindicalização nos Estados Unidos que não estão sendo dirigidas pelos grandes sindicatos, são absolutamente avessos aos sindicatos”, disse Jana se referindo ao presidente Joe Biden que sucedeu Trump

Rosane Bertotti falou sobre a situação do campo, também vítima deste governo. “Hoje, se a gente pegar os dados, no Brasil tem 19 milhões de pessoas passando fome.  Então, a questão do campo tem a ver com organização da defesa dos trabalhadores, mas ela também tem a ver com a segurança alimentar no Brasil. E quando se fala do Brasil em termos de campo só se ouve falar sobre o agronegócio e da balança comercial. Temos que compreender que em torno de 70% dos alimentos produzidos que vão para a mesa dos brasileiros é produzido por agricultores familiares, e não pelo sistema patronal”.

Juneia, que é assistente social, falou sobre o aumento da fome e de pessoas morando nas ruas de São Paulo porque elas não têm nenhum tipo de proteção social. “A fome é a coisa que mais pega aqui e aumentou muito com a pandemia. Nos EUA as pessoas em situação de rua têm lugar para dormir, aqui não. Aqui é pobreza, não tem banheiro químico, não tem nada. É miséria”.

Ariovaldo concordou com a dirigente e disse que os trabalhadores de aplicativo também passam por situações como essa por não tem um banheiro para fazer suas necessidades. “Muitos deles entregam comida o dia todo e vão para casa com fome”.

Integrantes da delegação também mostraram preocupação com a devastação ambiental no Brasil.

“Nos EUA as pessoas vêm a eleição no Brasil como a que mais importa nesse momento sobre a questão da Amazônia. Todos querem que acabe esse governo”, disse Ashik Siddique.

Racismo na pauta

Na sua intervenção, Rosana perguntou como a luta antirracista nos EUA pode contribuir no combate a violência policial no Brasil e falou do trabalho por aplicativo, que são direcionados à população negra, em especial aos jovens negros da periferia.

 “É uma realidade muito triste que nós temos no Brasil os meninos jovens negros da periferia que hoje estão mais ligados aos trabalhos de aplicativo sem nenhuma proteção social. Se eles se acidentam, não tem ninguém que se responsabilize, se a bicicleta quebra, eles perdem o sustento”.

“Se formos pensar no tempo histórico muitos militantes dos anos 40 se mobilizaram na ONU para acabar a violência contra negros. A gente sabe que aqui no Brasil a polícia mata mais jovens negros. O foco tem que ser em políticas públicas. Eu apresentei um projeto de lei sobre o nacionalismo branco americano e acho importante para o Brasil”, o deputado americano, Gabriel Acevero.