Escrito por: Antonio Lisboa
Brasil não pode ser “parceiro estratégico” do apartheid de Israel
Mais do que estranheza, nos causou enorme preocupação a declaração do ministro da Defesa, Jaques Wagner, de que o Estado de Israel é “nosso parceiro estratégico”.
Casualmente, naquela mesma data, foram divulgados dados sobre o resultado do impacto das armas ilegais utilizadas pelo exército israelense no último ataque a Faixa de Gaza, realizado nos meses de julho e agosto de 2014. Entre outros crimes, foi diagnosticada a proliferação de enfermidades como a esterilidade nas mulheres, malformação congênita nos recém-nascidos e câncer nos anciões. O uso e abuso das armas proibidas não somente afetou gravemente os seres humanos, mas também os animais da região, inviabilizando o seu consumo num território que sofre desde 2007 com um bloqueio perverso e desumano.
Vale lembrar que esses últimos bombardeios, nos quais foram mortos mais de dois mil palestinos – 519 deles crianças – e feridos 10.895 – 3.306 crianças, deixaram desabrigadas mais de 540 mil pessoas (quase um terço da população de Gaza). A execução de uma política de terrorismo de Estado claramente planificada deixou 45 mil casas danificadas, mais de 10 mil casas completamente destruídas, 8 mil casas parcialmente destruídas, 142 escolas do governo danificadas, 136 escolas da Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados (UNRWA) danificadas, 6 universidades e institutos danificados, 4 creches danificadas, 67 mesquitas e 12 cemitérios muçulmanos destruídos, duas igrejas e um cemitério cristão destruídos, uma usina de geração de eletricidade destruída, 12 hospitais e sete clínicas destruídas. Neste cenário de horror, infelizmente invisibilizado pela grande mídia, ainda ecoam os gritos dos mortos e feridos nas três escolas da UNRWA covardemente bombardeada com população refugiada dentro.
Com o compromisso de levar a solidariedade do povo brasileiro à resistência palestina contra a opressão, a Central Única dos Trabalhadores, junto a inúmeros movimentos sociais, está organizando uma caravana a Gaza, mantida sob um cerco perverso e injustificável.
Nesta ação pelo reconhecimento do Estado palestino e contra o apartheid de Israel, reafirmamos nosso compromisso com a luta pelo direito dos povos à sua autodeterminação, à justiça e à vida. Quem defende a paz mundial não pode ser “parceiro estratégico” da política de terrorismo de Estado de Israel.