Escrito por: Andre Accarini
Estratégias de organização de trabalhadores colombianos é foco do debate, que terá participação de lideranças sindicais do país vizinho. “Pode ser exemplo para o Brasil”, diz Antonio Lisboa, da CUT
Para entender os motivos da onda de manifestações que têm tomado às ruas da Colômbia desde o fim do mês de abril, a CUT Brasil realizará um debate nesta quinta-feira (27), às 19h. O tema é “O Papel dos Sindicatos nas Manifestações da Colômbia”.
Participam do debate virtual que será exibido no YouTube da CUT as lideranças sindicais colombianas Rosa Flerez, Secretária-Geral da Confederação dos Trabalhadores da Colômbia (CTC), e Gilberto Martinez, secretário de Relações Internacionais da Central Unitária de Trabalhadores (CUT-Colômbia), além do secretário de Relações Internacionais da CUT Brasil, Antonio Lisboa.
O objetivo do debate é esclarecer ao povo brasileiro as razões e estratégias dos colombianos para fazer o enfrentamento à política de Iván Duque, presidente da Colômbia, e “se for o caso, utilizar a experiência no Brasil”, explicou Lisboa.
“Vamos fazer uma conversa com quem está liderando as manifestações para esclarecermos aos brasileiros quais são e quais foram as estratégias dos colombianos para enfrentar o governo Duque. E, se for o caso, utilizarmos a experiência no Brasil”, completou o secretário.
Com a força de um “basta” às políticas econômicas de direita do governo do país vizinho que, como no Brasil, privilegiam as elites e penalizam a população mais pobre, os protestos na Colômbia têm sido reprimidos com violência pelo governo local.
Até agora, de acordo com organizações que defendem os direitos humanos, mais de 50 pessoas foram mortas pela repressão. Manifestantes têm feito bloqueios em rodovias e, neste fim de semana aumentou o número de feridos nos protestos, realizados com mais intensidade em Cali, Medelín e na capital Bogotá. Já são mais de 1.900 feridos até agora.
Com o grito na garganta e a disposição de luta, a classe trabalhadora colombiana, organizada por sindicatos e movimentos sociais continua exigindo do governo de Iván Duque, condições melhores de vida.
Embora a proposta de reforma tributária que aumentaria os impostos para os trabalhadores já ter sido derrotada, as manifestações continuaram incluíram pautas como a criação de um programa de renda básica e mais oportunidades, em especial para os jovens.
Para conter o avanço da violência, o Comitê Nacional de Greve, formado por movimentos populares e sindicatos, e o governo da Colômbia iniciaram uma negociação há cerca de 10 dias.
Resultado das conversas, um acordo ainda preliminar prevê a garantia do direito à manifestação pacífica, sem violência por parte da polícia.
De acordo com reportagem da Reuters, um comunicado do Alto Comissário da Paz, diz que os representantes do governo estão dispostos a chegar a um consenso com os manifestantes. Do outro lado, os líderes sindicais, como Francisco Maltes, da Central Unitária de Trabalhadores, reconhecem que há avanços nas negociações, mas cobram que o governo cumpra com os compromissos negociados.
O acordo que vem sendo construídos tem 19 pontos com reivindicações exigências de vários grupos e organizações sociais da Colômbia. Percy Olaya, presidente da Confederação Geral do Trabalho, disse que o ponto texto do acordo, que prevê o direito à manifestação pacífica está “completado em 90%”.